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Gigante de energia heliotérmica desafia bateria de Elon Musk

Projeto único da América do Sul, uma usina de 110 megawatts avaliada em U$ 1,1 bilhão promete energia elétrica 24 horas por dia

Quando estiver concluída, a usina Cerro Dominador terá 10.800 espelhos que concentrarão a luz no topo de uma torre com mais que o dobro da altura da Estátua da Liberdade (Cristobal Olivares/Bloomberg)
JR

Janaína Ribeiro

Publicado em 8 de agosto de 2018 às 05h55.

Última atualização em 8 de agosto de 2018 às 05h55.

O único projeto de energia heliotérmica da América do Sul está retomando a construção em um momento em que a tecnologia que ele utiliza corre o risco de ser superada por uma alternativa mais barata.

A usina solar Cerro Dominador ficou abandonada nas planícies do Deserto do Atacama, no Chile, durante mais de dois anos depois que a ex-coproprietária Abengoa passou a enfrentar dificuldades financeiras. A companhia finalmente vendeu sua participação para sua parceira, a empresa de private equity EIG Global Energy Partners, que em maio garantiu os US$ 758 milhões necessários para concluir a usina de US$ 1,1 bilhão.

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"Não foi fácil chegar aqui, passamos por alguns momentos difíceis em que não sabíamos se conseguiríamos", disse Fernando González, CEO da Cerro Dominador, no local na quinta-feira, quando a obra foi retomada. "Conseguir o financiamento foi um marco que mostra a confiança dos bancos internacionais na tecnologia e no país."

Quando estiver concluída, a usina Cerro Dominador será uma obra de engenharia de tirar o fôlego, com 10.800 espelhos gigantescos que concentrarão a luz no topo de uma torre com mais que o dobro da altura da Estátua da Liberdade. À medida que o sol cruza o céu, movimentos minúsculos dos espelhos, alguns a até um quilômetro e meio da torre, aquecem uma solução salina que, por sua vez, ferve a água. O resultado é energia elétrica 24 horas por dia.

Os trabalhadores começaram a limpar a poeira que se acumulou nos espelhos, e a construção da usina de 110 megawatts deve ser concluída no final de 2019. Ela funcionará em combinação com uma usina solar convencional de 100 megawatts que foi conectada à rede elétrica em maio.

Nêmese

A milhares de quilômetros de distância, no outback australiano, existe uma tecnologia rival que poderia transformar as usinas heliotérmicas em coisa do passado.

A maior bateria de íons de lítio do mundo, construída pela Tesla, de Elon Musk, pode armazenar 129 megawatts/hora da eletricidade gerada por um parque eólico próximo, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance. A bateria foi construída em menos de 100 dias e o projeto tem um custo estimado entre 100 milhões de dólares australianos (US$ 74 milhões) e 120 milhões de dólares australianos. Seriam necessárias muitas dessas baterias para fornecer a mesma quantidade de eletricidade que a usina Cerro Dominador gera a noite toda.

"A tecnologia [heliotérmica] não está obsoleta, mas é uma tecnologia de nicho, o que significa que ela só é viável em regiões com padrões muito altos de luz solar", como o norte do Chile, disse Pavel Molchanov, analista da Raymond James.

Os preços das baterias caíram 24% no período de um ano finalizado em dezembro de 2017, segundo um relatório de 2018 da Bloomberg New Energy Finance, mais do que o previsto no início do ano.

"Baterias de grande escala para a rede elétrica são uma nova tecnologia que não existia há 10 anos", disse Molchanov. "E estão cada vez mais populares."

Imperturbável

A Cerro Dominador assinou um contrato de 15 anos para produzir eletricidade a US$ 114 por megawatt por hora, a partir de 2019. Esse contrato permitiu que a EIG avançasse com o projeto, apesar da concorrência potencial das baterias.

"Daqui a 15 anos, esta usina estará funcionando exatamente como agora", disse González. "Ela foi construída com uma vida útil de 30 a 40 anos."

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