Fundos europeus investiram 6,4 bilhões de euros em tecnologia
Em 2004, cifra aplicada pelos fundos de private equity cresceu 19% em relação a 2003, de acordo com pesquisa da PricewaterhouseCoopers
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h27.
Os investimentos em novas tecnologias, realizados pelos fundos europeus de private equity, atingiram 6,4 bilhões de euros no ano passado. A cifra é 19% maior que os 5,4 bilhões registrados em 2003, de acordo com estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC). Este foi o segundo ano de crescimento consecutivo dos recursos destinados à tecnologia na Europa. A cifra, porém, nem de longe lembra os 11,5 bilhões de euros que os private equity aplicaram em projetos de novas tecnologias em 2000, no auge da bolha das empresas pontocom (se você é assinante, leia ainda reportagem de EXAME sobre a nova expansão do capital de risco).
O aspecto preocupante, para a PwC, é que os desembolsos se concentraram em poucos setores, como o desenvolvimento de softwares, em vez de apresentarem uma expansão mais equilibrada entre todos os tipos de tecnologia. Em 2004, os 6,4 bilhões de euros destinados a empresas e projetos de tecnologia representaram 45% do total desembolsado pelos fundos europeus de private equity em novos empreendimentos, contra 46% em 2003. O número de projetos apoiados também caiu 5%, de 4 800 para 4 563 no mesmo período.
O segmento de softwares foi o que mais recebeu dinheiro no ano passado 1,7 bilhão de euros. A cifra indica um salto de 81% em relação ao que o setor obteve em 2003. Sozinho, o desenvolvimento de softwares respondeu por 27% do total aplicado em tecnologia pelos private equity. Num distante segundo lugar, vem o segmento de transmissão de dados, que contou com 936 milhões de euros, ou 14% do total ( veja, na tabela abaixo, como se distribuíram os investimentos em tecnologia ).
Evitando riscos
Segundo Keith Arundale, um dos coordenadores da pesquisa, os números mascaram outro dado preocupante: a maior aversão ao risco demonstrada pelos fundos de private equity da Europa, quando comparados com seus concorrentes dos Estados Unidos. Para Arundale, os europeus preferem correr riscos apenas na fase de comercialização das novas tecnologias, a assumi-los também na fase de desenvolvimento das mesmas algo que os americanos tendem a encarar com mais naturalidade.
O principal indício dessa diferença é o total de recursos aplicados pelos private equity da Europa nas fases iniciais criação de novas tecnologias, que incluem as pesquisas, o start-up das empresas e os estágios iniciais de comercialização no mercado. No ano passado, esses projetos receberam 1,501 bilhão de euros ou 23% do total, contra 1,481 bilhão em 2003 (27% do total). Os projetos de expansão de empresas já consolidadas absorveram 2,163 bilhões (34% do total), contra 1,615 bilhão (30% em 2003).
Já a compra de participações em empresas de base tecnológica já instaladas, negócio no qual o risco é bem menor, pois a etapa crítica de lançamento de um novo produto já foi superada, atraiu 2,642 bilhões de euros (41% do total), contra 2,105 bilhões (39%). Outros tipos de investimento em tecnologia receberam 141 milhões de euros (2%), ante 201 milhões em 2003 (4%).
Softwares atraem maior parte dos recursos dos fundos de private equity na Europa | |
Setor | Porcentagem de investimento recebido |
Desenvolvimento de softwares | 27% |
Transmissão de dados | 14% |
Instrumentos e equipamentos médicos | 14% |
Equipamentos para comunicação | 11% |
Biotecnologia | 10% |
Serviços de computação | 6% |
Internet | 6% |
Outros equipamentos eletrônicos | 5% |
Equipamentos para computação | 4% |
Semicondutores | 3% |
Total | 100% |
Fonte: PwC |