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Falta de dados e casos não registrados atrapalham luta contra o Ebola

Muitos pacientes não são computados porque jamais recebem tratamento médico, talvez ocultos por familiares com medo ou recusados por clínicas superlotadas

Funcionários da saúde se protegem contra Ebola (Reuters)
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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2014 às 10h14.

O avanço rápido do Ebola pelo oeste da África tem se acelerado pela dificuldade de acompanhar o progresso da doença mortal, e preencher as lacunas do conhecimento sobre a epidemia é vital para contê-la mais adiante, dizem especialistas de saúde.

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o número de casos em toda a região chegou a 7.423 até 29 de setembro, incluindo 3.355 mortes - mas é consenso que se trata de uma cifra subestimada.

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Muitos pacientes não são computados porque jamais recebem tratamento médico, talvez ocultos por familiares com medo ou recusados por clínicas superlotadas. Alguns vilarejos se transformaram em "zonas fantasma" porque a resistência dos moradores ou sua localização remota torna a investigação do número de mortes impossível.

Na Libéria, um surto de pacientes até então desconhecidos que surge assim que uma nova instalação médica é aberta "deixa subentendida a existência de uma leva invisível de pacientes", afirmou a OMS em agosto.

Na semana passada, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) estimou que até 30 de setembro seriam relatados oito mil casos na Libéria e em Serra Leoa, mas que a cifra real provavelmente seria de 21 mil com as correções feitas após a atualização dos relatos.

A OMS disse que suas informações são as melhores existentes, mas admite que seus números sofrem com a lacuna nos relatos e afirma que "esforços substanciais" estão sendo feitos para esclarecer os dados.

RECONTAGEM

Recontagens podem fazer uma grande diferença, como mostrado por uma revisão do número de assistentes de saúde mortos pelo vírus. Duas semanas atrás, a OMS declarou que 31 deles morreram em Serra Leoa, mas após uma recontagem a cifra saltou para 81.

Agora surgem dúvidas sobre o saldo de mortes de Serra Leoa, que parece baixo demais - o equivalente a 24 por cento dos casos que o país teve. Na Libéria e na Guiné, as cifras são de 54 por cento e 61 por cento respectivamente, mais próximas das taxas de mortalidade comumente altas da febre hemorrágica.

Uma razão é que os casos em Serra Leoa são sobretudo casos confirmados em laboratório e contados em unidades de tratamento médico, disseram os epidemiologistas Eric Nilles e Stephane Hugonnet, da OMS, em uma resposta por e-mail a uma pergunta da Reuters.

Ao relatar quase exclusivamente os casos que podem ser confirmados rapidamente por exames laboratoriais, Serra Leoa está ignorando quase inteiramente casos "suspeitos", que representam uma grande parcela dos relatados na Libéria e na Guiné.

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