Tecnologia

Estudo sugere que portadores do gene APOE4 têm risco certo de ter Alzheimer

Pesquisa aponta nova classificação genética para a doença e pode trazer formas alternativas de tratamento

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 6 de maio de 2024 às 16h47.

Última atualização em 6 de maio de 2024 às 17h20.

Pessoas que possuem duas cópias do gene APOE4 têm risco quase garantido de desenvolver Alzheimer e tendem a manifestar sintomas mais cedo, de acordo com um estudo divulgado nesta segunda-feira, 6, que pode redefinir esses portadores como tendo uma forma genética da doença.

A reclassificação poderia alterar a pesquisa, o diagnóstico e os tratamentos relacionados ao Alzheimer, segundo os pesquisadores, cujo estudo foi publicado na renomada revista científica Nature Medicine.

O coautor do estudo, Sterling Johnson, do Centro de Pesquisa de Alzheimer da Universidade de Wisconsin, disse à Reuters que os dados indicam uma forma genética da doença, não apenas um fator de risco.

O estudo teve acesso a mais de 3 mil cérebros doados ao Centro Nacional de Coordenação de Alzheimer dos Estados Unidos, bem como dados biológicos e clínicos de mais de 10 mil pessoas de três países.

Com a análise, se obteve o dado indicando que, aos 65 anos, pelo menos 95% das pessoas com duas cópias do gene apresentavam níveis anormais de uma proteína associada ao Alzheimer em seu fluido espinhal, e 75% tinham exames cerebrais positivos para amiloide, as fibras celulares que causam dano ao cérebro.

As descobertas podem impactar tratamentos aprovados recentemente, como o Leqembi, da Eisai e da Biogen, que remove amiloide do cérebro. Pacientes com duas cópias do gene apresentam taxas mais altas de sangramento cerebral e inchaço associados ao tratamento. Por isso, alguns centros evitam tratar esses pacientes.

A pesquisa ressalta a necessidade de incluir portadores de duas cópias do gene em testes para prevenir a doença antes que os sintomas se desenvolvam.

Mas o estudo não excluí a existência de outras formas genéticas de Alzheimer, como o autossômico dominante, causado por mutações em três genes diferentes, e o decorrente da síndrome de Down.

Uma limitação do estudo é que a maioria dos participantes era de ascendência europeia. Logo, mais pesquisas são necessárias em pessoas de ascendência africana, nas quais o gene parece apresentar menor risco de Alzheimer.

Acompanhe tudo sobre:Mal de AlzheimerDoençasPesquisas científicas

Mais de Tecnologia

Quem é Ross Ulbrich? Fundador de marketplace de drogas recebeu perdão de Trump

Microsoft investe em créditos de carbono no Brasil

Apple está perto de conseguir um acordo para liberar as vendas do iPhone 16 na Indonésia

Musk, MrBeast ou Larry Ellison: quem vai levar o TikTok?