Edifício a jato

Quem passa diariamente pela Marginal Pinheiros deve ter reparado num novo prédio em construção próximo do Shopping Villa Lobos. Os mais atentos devem estar surpresos com a velocidade das obras. A estrutura do prédio, que terá 5 400 metros quadrados e três andares, foi erguida em menos de duas semanas. Da primeira marretada numa estaca de fundação, em 15 de julho, até a inauguração da obra, prevista para 31 de dezembro, não se passarão seis meses. O segredo? É a tecnologia tilt-up, que permite construções em tempo recorde. "É a primeira vez que um prédio de escritórios é erguido em São Paulo nesse formato", diz Luiz Antonio Queiroz, superintendente comercial da construtora Walter Torre Junior.

A tecnologia tilt-up já era aplicada desde 1994, mas apenas para construção de imóveis industriais e de centros de distribuição, na periferia dos grandes centros urbanos. A idéia é simples. Em vez de transportar as imensas placas pré-moldadas de concreto da fábrica até a obra, as paredes são construídas no próprio local. Um caminhão-betoneira despeja o cimento em placas pré-moldadas no tamanho especificado pelo engenheiro civil. Depois da secagem, a parede de concreto pode ser içada por guindaste até o andar desejado. O sistema permite que, ainda no chão, sejam introduzidas portas, janelas, acabamentos de fachada e revestimentos. Os pedreiros recebem a parede pronta e apenas a fixam na estrutura básica, como naquelas brincadeiras com peças de Lego.

A Walter Torre Junior está investindo 20 milhões de reais para construir o prédio na Marginal Pinheiros. O custo é semelhante ao das obras tradicionais. "O ganho é nos custos indiretos, já que reduzimos os gastos mensais com mão-de-obra", diz Queiroz. Uma obra acelerada significa menos segurança? "De forma alguma", afirma. "Enquanto o tijolo tem cerca de 7 centímetros de espessura, nossas paredes de concreto têm 20 centímetros. Parece uma caixa-forte do Tio Patinhas."