Celulares e laptops podem ser hackeados durante a Copa na Rússia
Contra-espião dos EUA alerta viajantes para não levarem dispositivos eletrônicos ao Mundial pois eles podem ser hackeados por criminosos ou pelo governo
Reuters
Publicado em 13 de junho de 2018 às 10h29.
Última atualização em 13 de junho de 2018 às 10h42.
Washington - A principal autoridade norte-americana de contra-inteligência está aconselhando norte-americanos que viajarão à Rússia para a Copa do Mundo, que começa nesta semana, que eles não deveriam levar dispositivos eletrônicos pois esses aparelhos poderiam ser hackeados por criminosos ou pelo próprio governo russo.
Em um comunicado à Reuters na terça-feira, William Evanina, um agente do FBI e diretor do Centro de Segurança e Contra-inteligência dos Estados Unidos, alertou aos que irão ao Mundial na Rússia de que mesmo que eles pensem ser insignificantes, os hackers ainda podem atacá-los.
"Se você está planejando levar um telefone celular, laptop, PDA, ou qualquer outro dispositivo eletrônico com você - não tenha dúvidas - quaisquer dados naqueles dispositivos (especialmente suas informações pessoais) podem ser acessadas pelo governo russo ou por cybercriminosos", disse.
"Autoridades corporativas e governamentais são as que estão em maior risco, mas não assuma que você é muito insignificante para ser atacado", acrescentou Evanina. "Se você consegue viver sem o dispositivo, não leve. Se você precisa de um, leve um aparelho diferente do seu normal e remova a bateria quando não estiver usando."
O alerta de Evanina acontece enquanto a inteligência dos EUA, autoridades policiais e parlamentares ainda investigam os ataques cibernéticos nas eleições de 2016 e se alguém na campanha do presidente Donald Trump sabia do fato ou ajudou. Trump repetidamente nega ter havido qualquer tipo de colaboração e a Rússia afirma que não interferiu nas eleições norte-americanas.
Uma outra autoridade norte-americana, falando em condição de anonimato, disse que agências de Segurança britânicas emitiram alertas semelhantes ao público britânico e à seleção inglesa de futebol, que irá competir no Mundial.
Em nota, o Centro Nacional de segurança virtual britânico disse que estava "disponibilizando conselhos de segurança de especialistas para a Associação de Futebol antes de sua partida para a Rússia para a Copa do Mundo da Fifa 2018".
O NCSC, um braço do Quartel General de Comunicações do Governo (GCHQ), a agência de vigilância eletrônica britânica, também emitiu um alerta ao público.
O especialista privado em segurança virtual Patrick Wardle disse que os avisos oficiais constituíam "bons conselhos". "Quando eu viajo à Rússia, eu levo dispositivos 'descartáveis', então se eles são hackeados, não importa muito."
Um dispositivo descartável é tipicamente comprado para uso temporário, e então descartado.
Agências norte-americanas já emitiram alertas semelhantes antes de outros grandes eventos esportivos, incluindo recentemente nos Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul.