O One World Trade Center será o prédio mais alto dos Estados Unidos e o terceiro mais alto do mundo (DBox / divulgação)
Maurício Grego
Publicado em 7 de setembro de 2011 às 07h48.
São Paulo — Muitas discussões foram necessárias até que os americanos decidissem o que construir no lugar das torres gêmeas do World Trade Center, destruídas nos ataques de 11 de setembro de 2001. O projeto já em andamento prevê cinco prédios de escritórios, o museu e memorial do ataque terrorista e um teatro. O conjunto forma um alvo óbvio para os extremistas de plantão. Por isso, os americanos estão empregado as tecnologias mais avançadas com o objetivo de garantir a segurança nos prédios.
O maior dos edifícios em construção no local, o One World Trade Center (1 WTC, também chamado de Freedom Tower, Torre da Liberdade) deverá dominar a paisagem daquela parte de Nova York. O 1 WTC será maior, mais forte e mais seguro que as torres gêmeas que o antecederam. Vai custar pouco mais de 6,1 bilhões de dólares. Veja dez detalhes sobre o novo prédio a seguir.
1 O prédio mais alto
O 1 WTC começou a ser construído em abril de 2006 e deve ficar pronto em 2013. Seu projeto básico foi feito por David Childs, do estúdio de arquitetura Skidmore, Owings and Merrill. Terá 417 metros de altura, mas uma antena no topo vai chegar a 541 metros, ou 1.776 pés, número que remete ao ano da proclamação da independência dos Estados Unidos. O 1 WTC será o prédio mais alto do país e o terceiro mais alto do mundo (atrás do Burj Khalifa, em Dubai, e do Abraj Al Bait, em Meca).
2 Base a prova de bombas
O projeto original previa que o prédio inteiro teria paredes de vidro. Mas a lembrança do ataque de dez anos atrás falou mais alto. O desenho foi modificado para incluir uma polêmica base de concreto cúbica sem janelas com 61 metros de altura. Ela foi projetada para resistir a explosões de carros-bomba. Dentro, ficam o salão de entrada, com 20 metros de altura, e vários andares de serviços prediais. Muita gente achou que o cubo de concreto expressa o medo de um ataque em vez da liberdade sugerida no apelido Freedom Tower. Os críticos mais ácidos começaram a chamar o prédio de “Fear Tower” (torre do medo).
3 Escritórios e lojas
A base do 1 WTC é quadrada, mas a seção se torna octogonal à meia altura e volta a ser quadrada (com um giro de 45 graus em relação à base) no topo. O prédio terá 242.000 m² de área para escritórios distribuídos em 72 andares, numerados de 20 a 82. Acima deles, haverá um terraço de observação. No subsolo, fica uma área de lojas que vai se estender sob os outros prédios do complexo.
4 Estrutura resistente a choques
A Autoridade Portuária de Nova York, dona da área onde fica o 1 WTC, descreve assim o esqueleto do prédio: “Sua estrutura foi projetada em torno de uma forte treliça de aço formada por colunas e vigas conectadas por soldas e parafusos. Combinada com uma parede sólida de concreto, a treliça oferece rigidez e redundância. Além disso, os andares ficam livres de colunas, o que traz flexibilidade no uso do espaço.” A parede de concreto citada tem 90 centímetros de espessura e envolve um amplo poço no centro do prédio. Resumindo, o edifício foi projetado para ser muito mais forte que as antigas torres do WTC, e não desabar se um avião se chocar contra ele.
5 Escadas pressurizadas
O 1 WTC terá 70 elevadores. Além disso, haverá nove escaladas rolantes em seu salão de entrada. Os elevadores, assim como as escadas fixas, ficarão protegidos dentro do poço de concreto central. As escadas, extralargas, serão pressurizadas para evitar a entrada de fumaça em caso de incêndio. Além disso, o prédio terá escadas separadas para uso exclusivo dos bombeiros. Isso vai evitar um problema comum quando um prédio está sendo evacuado: os bombeiros tentam subir enquanto as pessoas tentam descer e os dois grupos colidem, tornando a movimentação lenta.
6 Comunicação de emergência
Durante o ataque terrorista de 2001, policiais, bombeiros e outras pessoas que estavam no prédio tiveram grande dificuldade para se comunicar. O 1 WTC terá um sistema de comunicação de emergência protegido por concreto. Ele terá circuitos redundantes para que possa ser usado mesmo que parte da rede fique danificada. Além disso, toda a rede de aspersores de água anti-incêndio será, também, protegida por concreto. A ideia, é claro, é evitar que esses dispositivos de segurança sejam destruídos por algum eventual choque ou explosão.
7 Paredes de vidro
Acima do cubo de concreto que forma a base do 1 WTC, os andares serão cercados por vidro de alta transparência revestido com uma camada metálica para refletir a luz do sol. É um arranjo eficiente do ponto de vista energético, já que permite o aproveitamento da luz natural. As placas de vidro são montados sobre uma estrutura de cabos de aço tensionados, o que dá bastante resistência ao conjunto.
8 Plástico contra explosões
Uma das antigas torres gêmeas do World Trade Center ficava a 8 metros da rua. Já o novo 1 WTC ficará a uma distância mínima de 20 metros de qualquer rua em volta. A distância maior aumenta a segurança contra carros-bomba. Além disso, parte da face voltada para a West Street, a rua mais próxima, será feita com um plástico transparente especial, capaz de resistir à onda de choque de uma explosão.
9 Energia e água
O impacto ambiental de um prédio como o 1 WTC é enorme. Mas seu projeto tenta reduzi-lo na medida do possível. O edifício terá um sistema de coleta de água de chuva, que será usada nos equipamentos de refrigeração. Uma central elétrica formada por células de combustível (capazes de gerar eletricidade por meio de reações químicas) vai produzir 4,8 megawatts para acionamento de elevadores, iluminação e outros equipamentos. O vapor liberado pelas células também será reaproveitado na geração de eletricidade, o que aumenta sua eficiência.
10 Vigilância automática
Todos os carros que entrarem no acesso subterrâneo do 1 WTC serão inspecionados por sensores. Os equipamentos serão capazes de detectar materiais radiativos, por exemplo. Já os visitantes que vão ao memorial do 11 de setembro terão de passar por uma inspeção similar à dos aeroportos. O conjunto terá 400 câmeras de vigilância. Computadores vão analisar as imagens em busca de indícios de anormalidade – como pacotes abandonados – e identificar pessoas procuradas pela polícia. E, claro, haverá também guardas humanos.