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Amazon explica por que Alexa gravou e compartilhou conversa de casal

A notícia reacendeu as preocupações em relação à privacidade em um momento em que aparelhos conectados, como o Amazon Echo, se tornam onipresentes

 (Luke MacGregor/Bloomberg)

(Luke MacGregor/Bloomberg)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 28 de maio de 2018 às 15h10.

Última atualização em 28 de maio de 2018 às 15h10.

A Amazon.com informou que uma série de palavras-chave equivocadas captadas por um de seus alto-falantes ativados por voz Echo durante uma conversa privada de um casal de Oregon, nos EUA, fez com que o diálogo fosse gravado e enviado a um conhecido sem que eles soubessem.

A empresa de tecnologia respondeu na quarta-feira à notícia veiculada pela KIRO 7 de que o casal havia recebido um telefonema recentemente do conhecido, um dos funcionários do marido, dizendo “desligue seus aparelhos Alexa agora. Você está sendo hackeado.” O casal de Portland usava os aparelhos ativados por voz da Amazon em casa para controlar o sistema de aquecimento, a iluminação e a segurança, segundo a reportagem.

A Amazon explicou os acontecimentos que desencadearam o episódio em comunicado enviado por e-mail. O Echo despertou após escutar uma palavra na conversa do casal que soou como “Alexa” -- a palavra-chave usual para começar a gravar. O alto-falante posteriormente escutou “mande mensagem” durante a conversa e perguntou “para quem?”. O casal continuou conversando de fundo e o sistema Echo interpretou parte da conversa para identificar um nome na lista de contatos do casal. A Alexa, então, perguntou em volume alto se eles queriam enviar uma mensagem para aquele contato e escutou “correto” novamente na conversa de fundo.

“Por mais improvável que essa série de acontecimentos seja, estamos avaliando opções para tornar casos como esse ainda menos prováveis”, comunicou a empresa.

A notícia reacendeu as preocupações em relação à privacidade em um momento em que aparelhos conectados à internet como o Amazon Echo se tornam onipresentes nas residências. A Amazon lançou em 2014 a nova linha de aparelhos, que também são capazes de fazer streaming de músicas e encomendar produtos na Amazon por meio de comando de voz. A empresa vem trabalhando para lançar versões atualizadas e adicionar recursos para vender mais aparelhos do que rivais como Alphabet e Apple, que oferecem suas próprias versões.

Assistentes ativados por voz como Echo e Google Home se popularizaram. Mais de 60 milhões de consumidores americanos usarão um alto-falante inteligente pelo menos uma vez por mês neste ano e mais de 40 milhões deles usam os aparelhos da Amazon, segundo a eMarketer.

As pessoas se mostram dispostas a ignorar falhas no Echo, como o fato de o aparelho ligar acidentalmente ou sem que a palavra-chave seja dita, disse Ryan Calo, professor associado de Direito da Universidade de Washington que pesquisa a aplicação da lei à tecnologia. Esse incidente é mais alarmante porque um diálogo privado foi gravado e enviado a um terceiro, disse.

“Pense no desconforto das milhões de pessoas que têm esses aparelhos no momento”, disse Calo. “O verdadeiro dano é a invasão à solidão que as pessoas têm atualmente em suas casas.”

O incidente ressalta o risco de que falhas inadvertidas de software ou ataques intencionais de hackers possam invadir a privacidade à medida que os aparelhos se tornam mais comuns, disse Daniel Kahn Gillmor, tecnólogo da ONG União Americana pelas Liberdades Civis. Algumas fabricantes estão respondendo às sensibilidades maiores dos consumidores em relação à privacidade produzindo aparelhos com chaves físicas para desligar sensores como câmeras e microfones, disse.

“Convidamos esses sistemas para entrar em nossas vidas, mas estamos apenas começando a ver as consequências negativas”, disse Gillmor. “Há situações para as quais não precisamos ter essas coisas. Muitas pessoas compraram o Echo porque sentem que é uma coisa mágica. Talvez a mágica não valha a pena.”

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