A resposta da China para os bloqueios dos EUA: US$ 47 bilhões para autossuficiência em chips
'Big Fund' completa sua maior rodada até o momento, com fabricantes de equipamentos para chips como os principais beneficiários
Repórter
Publicado em 29 de maio de 2024 às 18h33.
Última atualização em 20 de junho de 2024 às 14h03.
A China concluiu sua maior rodada de financiamento até hoje para apoiar sua indústria de semicondutores, arrecadando US$ 47 bilhões para a chamada Big Fund. O objetivo é impulsionar a autossuficiência planejada por Xi Jinping, em resposta aos esforços dos Estados Unidos para restringir o acesso do país à tecnologia de ponta.
A terceira fase do fundo, oficialmente chamada de Fundo Nacional de Investimento na Indústria de Circuitos Integrados Fase III, é o maior pool de capital da China voltado para o desenvolvimento de empresas e tecnologias que superem os "gargalos" da indústria de chips. A capitalização foi composta por contribuições do Ministério das Finanças, governos locais, empresas estatais e, pela primeira vez, bancos estatais.
O movimento ocorre em meio a uma crescente competição tecnológica com o Ocidente, refletindo esforços semelhantes em Washington e nas capitais europeias para fortalecer suas indústrias domésticas de semicondutores. Os EUA destinaram bilhões de dólares em subsídios para a construção de fábricas de chips em solo americano.
O Big Fund já havia levantado US$ 23 bilhões e US$ 29 bilhões em 2014 e 2019, respectivamente, apoiando campeões chineses do setor de chips e impulsionando o crescimento da indústria.
Fontes indicam que o terceiro fundo terá como alvo fabricantes chineses de equipamentos para fábricas de chips, após as duas rodadas anteriores terem investido na fabricação de semicondutores.
A notícia do financiamento elevou as ações de diversas empresas de semicondutores na China. As ações da SMIC, principal fabricante de chips do país, subiram 7% em Hong Kong, enquanto a rival Hua Hong teve alta de quase 5%. As ações da fabricante de equipamentos de gravação Naura subiram mais de 5%.
Após a aprovação de Pequim para a terceira fase do Big Fund, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT), que lidera a iniciativa, inicialmente teve dificuldades para levantar capital de governos locais e empresas estatais devido à desaceleração econômica.
Isso levou os bancos estatais do país a serem abordados para financiamento. Os seis maiores bancos estatais da China — incluindo o maior, Banco Industrial e Comercial da China — agora são acionistas, de acordo com o registro corporativo do governo. Os seis credores detêm uma participação combinada de 33,1% no terceiro fundo de chips, contribuindo com US$ 15,6 bilhões.
O fundo possui 19 acionistas, com a contribuição do Ministério das Finanças de cerca de US$ 8,2 bilhões, sendo a maior, com uma participação de 17,4%. O China Development Bank Capital, afiliado ao principal banco de políticas do país, é o segundo maior, com uma participação de 10,5%. Gigantes estatais como a China National Tobacco Corporation e a China Telecom também investiram no novo fundo.
O Big Fund é presidido por Zhang Xin, um oficial que anteriormente trabalhou como inspetor de primeiro nível no departamento de planejamento do MIIT. Zhang foi promovido ao fundo no ano passado após uma rigorosa investigação anticorrupção que derrubou seu líder anterior, Ding Wenwu, e mais de dez outros executivos ligados ao fundo.