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6 perguntas e respostas sobre o Marco Civil da Internet

A Câmara dos Deputados deve votar, hoje, o Marco Civil da Internet, lei que estabelece as regras básicas para o uso da internet no Brasil


	O projeto do Marco Civil da Internet deve ser votado hoje na Câmara dos Deputados
 (Agência Brasil)

O projeto do Marco Civil da Internet deve ser votado hoje na Câmara dos Deputados (Agência Brasil)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 13 de novembro de 2012 às 14h53.

São Paulo — O Marco Civil da Internet deve ser votado hoje pela Câmara dos Deputados. Esse projeto de lei vem sendo chamado de “constituição da internet” por estabelecer as regras básicas para o funcionamento da rede no Brasil. Ele afeta os prestadores de serviços, os produtores de conteúdo multimídia e todos os brasileiros com acesso à internet. Veja seis perguntas e respostas sobre o Marco Civil da Internet.

1 – O que é o Marco Civil da Internet?

É um projeto de lei que estabelece direitos e deveres na utilização da internet no Brasil. Ele deve garantir a liberdade de expressão na rede, preservar a privacidade individual, dar segurança jurídica às empresas que fazem negócios na internet e facilitar o combate a crimes digitais e a punição dos criminosos.

2 – Como surgiu esse projeto?

A proposta de uma legislação específica para a internet é antiga. Uma das primeiras pessoas a defener a ideia foi Ronaldo Lemos, professor da FGV-RJ, num artigo publicado em 2007. Depois disso, várias pessoas e entidades trabalharam na redação do projeto de lei, que ainda ficou um ano aberto à consulta pública. Foi encaminhado à Câmara em agosto de 2011. O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) é o relator do projeto.

3 – O que é o princípio da neutralidade?

Um dos princípios que embasam o Marco Civil da Internet é a neutralidade da rede, ou seja, a ideia de que ela não deve privilegiar ou discriminar determinados conteúdos ou usuários. A neutralidade evitaria, por exemplo, que um provedor de serviços pudesse bloquear o acesso ao conteúdo de um concorrente, fazendo uma espécie de censura. 

As empresas de telecomunicações e outros provedores de serviços querem ter a opção de impor barreiras a usuários que, por exemplo, fazem downloads volumosos e, assim, congestionam a rede. Esta última posição acabou predominando no projeto. Ele abre brechas no princípio da neutralidade ao permitir que o acesso a determinados conteúdos seja limitado para garantir a segurança do usuário ou para evitar a degradação de serviços essenciais.

4 – Porque a neutralidade causa polêmica?

A polêmica gira em torno de quem vai regulamentar essas exceções ao princípio da neutralidade. A proposta original era que a regulamentação fosse feita por decreto governamental depois de uma consulta ao Comitê Gestor da Internet (CGI-BR). Mas o ministro das comunicações Paulo Bernardo tem proposto que a regulamentação seja feita pela Anatel.

É uma solução que não é bem vista por algumas organizações. Elas consideram que o CGI-BR, por ter a participação de muitas empresas e entidades, está numa posição equilibrada para avaliar a questão. Já a Anatel, como tem foco especificamente no setor de telecomunicações, acabaria propondo soluções que contrariam interesses de outros setores.

5 – O que mudou na semana passada?

Originalmente, o texto dizia que um prestador de serviços só era obrigado a remover conteúdo impróprio da web se houvesse uma ordem judicial estabelecendo isso. Mas o projeto foi modificado de modo a eliminar a necessidade de decisão judicial para que os sites sejam obrigados a remover conteúdos. O novo texto diz que basta uma notificação para isso. Essa é outra questão polêmica.

6 – Quais são as consequências dessa alteração?

A mudança foi feita a pedido da ministra da cultura Marta Suplicy, sob a alegação que isso facilitaria o combate à pirataria de vídeos, fotos e textos. A alteração é defendida, por exemplo, pela Abert, a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão, que vê, nela, uma forma de facilitar a proteção dos direitos autorais. Com ela, fica mais fácil, por exemplo, remover vídeos não autorizados do YouTube.

A mudança é contestada pela Abranet, entidade dos provedores de serviços na internet, e por várias outras entidades, que enxergam, nela, uma porta aberta para a censura. Alguém poderia fazer uma denúncia infundade e obter a eliminação de conteúdo de um site antes mesmo de a justiça avaliar se aquela denúncia faz sentido ou não.

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