Revista Exame

Votorantim investe com a mira em dias melhores

Mesmo sofrendo o baque da crise na indústria da construção, a Votorantim Cimentos mantém os investimentos em expansão e em inovação de produtos


	Walter Dissinger, presidente da Votorantim Cimentos: 5 bilhões de reais em investimentos previstos até 2018
 (Leandro Fonseca/Exame)

Walter Dissinger, presidente da Votorantim Cimentos: 5 bilhões de reais em investimentos previstos até 2018 (Leandro Fonseca/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2015 às 04h56.

São Paulo — A indústria da construção é um dos setores que mais vêm sofrendo com o declínio da economia brasileira. Desde o ano passado, a inflação alta levou o Banco Central a elevar os juros, o desemprego cresceu, o crédito imobiliário encolheu e a Operação Lava-Jato atingiu as empreiteiras responsáveis pelas maiores obras de infraestrutura do país.

Nesse cenário, a Votorantim Cimentos, maior fabricante de cimento do Brasil, sentiu o baque, mas não jogou a toalha. “Estamos mantendo todos os investimentos de longo prazo”, afirma Walter Dissinger, presidente da companhia. “Não queremos cortar nada de que possamos nos arrepender no futuro.”

Numa demonstração de que, apesar dos percalços, os negócios precisam continuar, a Votorantim aumentou sua capacidade de produção em 600 000 toneladas em 2014, com a ampliação da fábrica de Xambioá, no Tocantins. Além disso, deu andamento às obras nas fábricas de Edealina, em Goiás, e de Primavera, no Pará, ambas com previsão de inauguração neste ano.

Juntas, elas acrescentarão 3,2 milhões de toneladas à atual capacidade de produção da Votorantim, de 54,5 milhões de toneladas por ano. Os investimentos não param por aí. Em 2015, começam a ser construídas as unidades de produção em Sobral e Pecém, no Ceará, e em Caaporã, na Paraíba, além de uma fábrica de argamassa em Camaçari, na Bahia.

Tudo isso é parte de um novo pacote de 5 bilhões de reais em investimentos, que inclui também novas fábricas nos Estados Unidos, na Turquia e na Bolívia, até 2018. A lógica por trás dessas iniciativas é que, em algum momento, a economia brasileira deverá retomar o passo. No curto prazo, porém, a estratégia é ­apertar os cintos. De um lado, corte de ­custos com viagens, telefonia e consultoria.

De outro, mudanças estruturais para estreitar a relação com os clientes. Na área comercial, equipes antes divididas por categoria de produto foram rearranjadas para atender por segmento de mercado: indústria, varejo, in­fraes­trutura e imobiliário.

Em vez de cimento, agregados, concreto ou argamassa, passaram a vender de tudo um pouco e a sugerir as melhores alternativas com base no portfólio da empresa para melhorar a produtividade dos clientes. Em sentido inverso, começaram a trazer informações sobre novas demandas do mercado.

Com base nas informações colhidas, a Votorantim desenvolveu vários produtos, como um concreto de alta resistência que permite a construção de pilares mais finos e vagas de garagem mais largas, um concreto que se espalha sozinho na construção de lajes e uma argamassa que dispensa a lixa antes de receber tinta.

“São produtos que começam pequenos, mas cujas vendas crescem rapidamente”, diz Dissinger. Pelo menos por ora, a estratégia tem dado certo.

Em 2014, a Votorantim faturou 2,3 bilhões de dólares, com queda de 1% em relação ao ano anterior, mas teve lucro de 370 milhões de dólares, o que significou um retorno de 17% sobre o patrimônio. Resta ver se conseguirá manter o bom desempenho caso a ­crise se prolongue por muito tempo.

Acompanhe tudo sobre:Construção civilEdição 109202EmpresasEmpresas brasileirasIndústriaMelhores e MaioresVotorantim

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025