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São Paulo ficou mais globalizada no último ano, mostra ranking

A capital paulista melhora de posição entre as metrópoles mais abertas aos estrangeiros, mas segue aquém do potencial

 (Ronaldo Silva/FuturaPress)

(Ronaldo Silva/FuturaPress)

LB

Leo Branco

Publicado em 5 de outubro de 2017 às 05h56.

Última atualização em 5 de outubro de 2017 às 15h35.

Vista do alto, a cidade de São Paulo não mudou notavelmente do ano passado para cá. O trânsito caótico e a sensação de insegurança seguem infernizando a vida do paulistano. Em frentes menos perceptíveis, felizmente, a capital paulista vem melhorando. Pelo menos é o que mostra o ranking Global Cities, da consultoria americana A.T. Kearney, que mede a habilidade das metrópoles em receber investimentos internacionais. De um ano para cá, a cidade subiu do 340 para o 310 posto entre as metrópoles mais globalizadas. É a cidade brasileira mais bem posicionada entre 128 avaliadas — na sequência vem o Rio de Janeiro (520 lugar), seguido por Porto Alegre (880), Belo Horizonte (890), Salvador (930) e Recife (1050).

O que fez São Paulo agora estar mais globalizada tem a ver com uma conjuntura econômica mais favorável para o Brasil neste ano — e que beneficia especialmente a cidade que mais contribui para o produto interno bruto. As vendas no varejo paulistano, por exemplo, subiram 4,8% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. A média nacional do setor esbarrou em 3%. Além disso, a capital paulista recebeu quase 10% das 955.000 empresas abertas no Brasil de janeiro a maio deste ano, um recorde histórico, segundo a  empresa de informação financeira Serasa Experian, que acompanha o indicador desde 2010.

Além do cenário mais otimista da economia brasileira, São Paulo foi beneficiada por medidas da prefeitura para inserir a cidade no comércio internacional. No programa de metas anunciado recentemente, a gestão João Doria comprometeu-se a aumentar em 10% os investimentos estrangeiros na cidade em quatro anos — o equivalente a 1,1 bilhão de reais. É a primeira vez que um objetivo desse porte vai para um plano de governo paulistano. Na gestão passada, de Fernando Haddad, a política externa ficou resumida ao intercâmbio de boas práticas entre países do Mercosul pouco reconhecidos pela transparência na gestão pública, como Argentina e Venezuela. A nova estratégia é fazer dez missões comerciais e 96 ações de divulgação global ao ano.

A maior abertura está sendo combinada com esforços para desburocratizar o ambiente de negócios. Desde maio, a promessa da prefeitura é que a abertura de empresas seja feita pela internet e em até sete dias. A mudança ainda não está consolidada: há relatos de empreendedores aguardando três semanas para a papelada ficar pronta. Ainda assim, já é um avanço. Segundo a Endeavor, organização de fomento ao empreendedorismo, em 2016 a espera para formalizar negócios em São Paulo foi de 101 dias.

O risco, agora, é encarar as boas-novas como uma licença para estacionar o ritmo de mudanças. A capital paulista ainda segue aquém do potencial. Normalmente, quanto maior a população de uma cidade, mais oportunidades de investimentos ela oferece. Entretanto, a maior metrópole brasileira, com mais de 12 milhões de habitantes, tem menos condições de receber investimentos do que cidades menores, como a alemã Munique, que tem 1,5 milhão de habitantes e ficou em sétimo lugar, ou a sueca Estocolmo, de apenas 700 000 moradores e situada no oitavo lugar no ranking da A.T. Kearney. Ambas são celeiros de startups ao aliar facilidade nos negócios a uma boa estrutura de transportes e baixos índices de criminalidade. Fica o desafio para São Paulo — e para as demais cidades brasileiras.

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