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Focada em solucionar a reciclagem no Brasil, eureciclo amplia números de clientes em 2022

A eureciclo captou 125 milhões de reais com um esquema para empresas compensarem o lixo que elas geram

Cooperativa de reciclagem: os clientes da eureciclo pagam para a startup gerenciar a coleta seletiva (Divulgação/Divulgação)

Cooperativa de reciclagem: os clientes da eureciclo pagam para a startup gerenciar a coleta seletiva (Divulgação/Divulgação)

A missão da startup paulistana eureciclo tem um quê de grandioso: dar uma solução aos vários imbróglios da reciclagem no Brasil. Não é tarefa fácil. O país está na liderança mundial do reaproveitamento de latinhas graças ao trabalho manual de catadores sem carteira assinada, renda estável nem grandes chances de ascensão social. Quanto aos demais materiais, como plástico, vidro e metal, muita coisa ainda vai para o lixo. Só 4% das embalagens ganham uma segunda vida no Brasil.

A eureciclo quer mudar tudo isso com um conceito de créditos de reciclagem. Numa lógica similar à do mercado de carbono, companhias podem comprar com a eureciclo créditos para compensar os rejeitos gerados por elas mesmas. Parte do dinheiro vai para empresas formadas por catadores, e a eureciclo dá suporte a medidas para sofisticar o nível da gestão nesse setor.

O modelo de negócios da eureciclo foi inspirado em empresas de tecnologia com a mesma pegada com atuação na Espanha e no Reino Unido, países com arranjos mais azeitados de coleta seletiva e reú­so de itens. “O que fazemos é basicamente garantir que o volume de material reciclável que uma empresa coloca no ambiente seja reciclado em igual medida”, diz o sócio Marcos Matos.

Desde sua fundação, em 2017, a ­eureciclo já deu uma nova serventia a 614.000 toneladas de material descartado por mais de 6.500 clientes. Na lista estão grandes empresas com operações país afora, como as varejistas Americanas e Arezzo, o delivery iFood e as empresas de alimentos Fazenda Futuro e BRF.

Nessa toada, a eureciclo ajuda os clientes a atender uma legislação ambiental cada vez mais preocupada com a destinação adequada de produtos industrializados que perderam a serventia e, por isso, iriam para o lixo — ou, para usar o jargão do setor, fazer a logística reversa dos produtos. Para além de resolver o problema, a startup colabora para a boa reputação dos clientes — quem segue todas as recomendações da eureciclo ganha um selo de qualidade na gestão do próprio lixo.

O tamanho da oportunidade explorada pela eureciclo chamou a atenção de investidores. Em cinco anos, a eureciclo já captou 125 milhões de reais em rodadas com grifes do venture capital como Oria, Redpoint, Rise Ventures e Tera. “Sabemos que as empresas podem ser os motores da transformação. Por isso hoje atendemos todos os tipos de companhias que se dedicam a resolver esse problema, das mais ousadas em suas ações ambientais às que se limitam a respeitar as exigências da lei”, diz Tania Sassioto, diretora de projetos e parcerias da eureciclo.

(Arte/Exame)

Dar nova vazão a esses itens é uma oportunidade bilionária. Apenas na Europa, a adoção da economia circular, que preconiza a reinserção das matérias-primas no ciclo de produção dos produtos, pode gerar rendimentos de 2,1 trilhões de dólares, de acordo com a Fundação Ellen MacArthur, ONG dedicada ao tema.


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