Em agosto, o CEO global da companhia, Andy Jassy, anunciou o fim do home office aos funcionários da empresa nos Estados Unidos, que passarão a ir todos os dias para o escritório a partir de janeiro de 2025 (David Ryder/Getty Images)
Repórter
Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 06h00.
A partir de janeiro de 2025, o 1,5 milhão de funcionários da Amazon no mundo terá as dependências da varejista como o espaço prioritário para o trabalho. Em agosto, o CEO global da companhia, Andy Jassy, anunciou o fim do home office aos funcionários da empresa nos Estados Unidos. Como a ordem da matriz influencia as regras nos demais mercados, é esperada uma pressão para a volta do esquema 100% presencial nos 23 países onde a Amazon opera. A ordem de Jassy vem na esteira de decisões tomadas por alguns dos executivos mais influentes do mundo. Em 2022, ainda na pandemia, Elon Musk já havia ordenado aos funcionários da montadora Tesla que trabalhassem pelo menos 40 horas presenciais. Agora, como czar do governo Trump para a reforma do Estado, Musk deve forçar o fim do home office na máquina pública americana.
Em 2025, ao que tudo indica, milhões de empregados mundo afora precisarão escolher: escritório ou rua. Uma pesquisa da consultoria global KPMG com 1.300 CEOs de 11 países revelou que 83% esperam o retorno ao trabalho presencial em três anos. O resultado é 19 pontos percentuais acima do visto na pesquisa anterior, de 2023.
O Brasil segue o padrão global. Uma pesquisa da Swile, de benefícios flexíveis, com 800 empresas mostra que 33% delas já estão 100% presenciais. Outros 32% requerem alguma presença no escritório. Só 13% continuam no remoto. A guinada movimenta o mercado da Swile.
“Nos últimos 12 meses, houve uma alta de 203% na concessão de vale-combustível pelas empresas brasileiras”, diz Josiane Lima, diretora de RH da Swile. “O auxílio-mobilidade cresceu 76%.”
O desafio agora é convencer os funcionários a encarar o fim do home office. As queixas de jovens que chegaram ao trabalho na quarentena estão por todo lado no TikTok. Ao mesmo tempo, alguns relatam pontos positivos. Segundo a pesquisa Gen Z and Millennial Survey 2024, da consultoria Deloitte, 67% dos entrevistados que voltaram ao presencial elogiam o maior engajamento com colegas e uma rotina mais estruturada. No fim das contas, acabam trabalhando melhor.
Um estudo da Universidade Stanford, de 2023, mostra que o trabalho 100% remoto reduz a produtividade em 10% em comparação com o presencial, devido à comunicação limitada com chefes e pares. Apesar da chateação com o tempo perdido no deslocamento para o trabalho, ou com os gastos extras com refeições fora de casa, o fato é que muita gente viu no escritório um jeito de ser mais produtivo.