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Negócios em Expansão 2024: Veja as empresas que cresceram na categoria de 30 a 150 milhões de reais

A Blue Company, de São Paulo, entrou no portfólio de corretoras de saúde e investiu numa presença nacional

 Izaias Pertrelly Almeida dos Santos, fundador da Blue Company (Leandro Fonseca/Exame)

Izaias Pertrelly Almeida dos Santos, fundador da Blue Company (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 25 de julho de 2024 às 06h00.


EMPRESA QUE MAIS CRESCEU

Blue Company: São Paulo | Izaias Pertrelly Almeida dos Santos: Fundador e CEO | O que faz: Oferece planos de saúde com uso intenso de tecnologia | Receita em 2023: 30,9 milhões de reais | Ritmo de expansão: 2.952,63% | Motivo do crescimento: Entrou no portfólio de corretoras de saúde e investiu numa presença nacional


O sergipano Izaias Pertrelly Almeida dos Santos conseguiu uma proeza. Ele montou um negócio no setor de saúde suplementar, junto com o sócio Lourival Araújo, no qual os custos e as reclamações são o que normalmente está em expansão. Conhecida como Blue Company, a empresa é um plano de saúde aberto em Salvador desde 2021. No ano passado, a receita da companhia cresceu impressionantes 2.952%, para 30,9 milhões de reais, a maior expansão entre as empresas com receitas de 30 milhões a 150 milhões de reais selecionadas para o ranking. A guinada veio na esteira da inclusão dos planos da Blue Company na carteira de corretoras de saúde com atuação nacional, como a Qualicorp, focada em planos coletivos por adesão, e a Texas. “Vendemos em média 10.000 planos por mês”, diz ele, ao enfatizar que a maioria dos clientes ainda vem da Bahia, de Pernambuco e de São Paulo. A empresa está investindo pesado numa vitrine nacional para conquistar clientes país afora. No ano passado, os sócios mudaram a sede para a capital paulista. Em junho deste ano, a Blue virou uma das patrocinadoras do São Paulo Futebol Clube. “Até o fim do ano vamos ter uma força de vendas em todas as capitais.”

Formado em publicidade, e com um interesse autodidata por tecnologia, Santos entrou no setor de saúde em razão de uma dor familiar. Em 2016, a mãe dele sofreu um acidente vascular. Apesar de pagar um bom plano de saúde, ela quase morreu por falta de atendimento adequado. O drama fez Santos largar uma carreira como técnico de TI para empreender em saúde. A primeira investida foi uma startup de telemedicina que, aberta muito antes da pandemia, acabou não vingando. Ao mesmo tempo, a empreitada deu motivos para ele conhecer a fundo os pormenores do mercado de saúde privada em conversas com clientes e gerentes de planos de saúde. “Era todo mundo falando de doença o tempo inteiro e pouca gente de fato prestando atenção na promoção de saúde”, diz Santos. “Quis montar um plano focado na visão preventiva para evitar ao máximo complicações futuras.”

O jeito de fazer isso foi usar a tecnologia. Antes mesmo de dedicar tempo para montar uma rede credenciada de médicos para a Blue, Santos recrutou outros interessados por tecnologia em saúde como ele para idealizar um fluxo de atendimento inteligente, porém com contato humano quando preciso. “Ninguém com dor quer ser atendido por um robô”, diz ele. Hoje, cada novo cliente da Blue é alocado a um profissional de saúde que o acompanhará para sempre no plano. “É uma espécie de concierge do paciente, dando orientações sobre os próximos passos de qualquer tratamento.” A tecnologia entra em todo o resto, seja com inteligência artificial generativa para analisar o histórico de consultas e exames de um paciente em busca de predição de doenças futuras, seja para automatizar processos típicos de um plano de saúde, como a auditoria das despesas apresentadas pelos médicos. Tudo isso ajudou o plano a ter uma estrutura de custos enxuta — por ali trabalham pouco mais de 200 funcionários. O estilo frugal abre espaço para produtos mais em conta. Pelos cálculos de -Santos, em média os planos da Blue custam 30% menos que os de concorrentes e atendem a um público cuja renda dificilmente permitiria a aquisição de um plano de saúde privada.

Base da pirâmide

O foco na base da pirâmide explica a expansão da construtora Blendi. Em 2023, a empresa de Curitiba teve receita líquida de 37 milhões de reais, um salto de 549% em 12 meses, o terceiro maior entre as empresas desta categoria. Aberta em 2019 pelos colegas da faculdade de engenharia civil Beto Justus e Luã Brandalise, a Blendi constrói prédios residenciais dentro do Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional para famílias de baixa renda. No ano passado, o ritmo de entregas ganhou volume: dos 1.024 já entregues pela Blendi, 70% foram nos últimos 12 meses. “Aproveitamos a pandemia para estruturar processos”, diz Justus. “Com segurança, aceleramos as entregas no último ano.”

Apesar de atuar no mercado de imóveis de luxo de Balneário Camboriú, um dos redutos de milionários no Brasil, a Alumbra Empreendimentos Design também quer construir moradia para quem luta para ter um teto. “Temos um propósito muito claro na companhia”, diz Alex Sales, que trocou a carreira de corretor de imóveis de luxo para abrir a Alumbra ao lado do sócio, Francisco Vanderhege. A empresa destina 2% do lucro à construção de casas para famílias de baixa renda nas cidades onde há empreendimento da Alumbra. Neste ano, a ideia é construir casas para dez famílias de Porto Belo, cidade litorânea a 30 quilômetros de Balneário Camboriú. Até 2030, o plano é investir 30 milhões de reais no projeto. A ação social vem num momento de ouro para a Alumbra. Fundada em 2021, a empresa teve o maior crescimento de receitas apurado pelo ranking na edição do ano passado. Agora, a evolução das receitas colocou a Alumbra em segundo lugar na categoria de 30 milhões a 150 milhões de reais. Em 2023, a construtora teve receita de 56 milhões de -reais, alta anual de 713,25%.

A pegada social dos negócios em expansão passa também por um trabalho de desenvolvimento de fornecedores para todos crescerem juntos. É o caso da baiana -Contegran, uma trading global de café brasileiro do tipo robusta. Aberta em 2019 pelo empreendedor Renan Lippaus, a companhia faturou 73 milhões de reais em 2023, alta anual de 68%, a 26a mais elevada entre as empresas desta categoria. O negócio de Lippaus é comprar grãos de pequenos produtores do sul da Bahia e do Espírito Santo para vender o produto em outras regiões ou até mesmo fora do país. “O mundo está olhando o Brasil como um grande produtor de commodities agrícolas, e nós também estamos de olho nisso”, diz Lippaus, que construiu uma carreira em logística antes de investir no agronegócio. Além de ampliar o mercado aos produtores, a Contegran está investindo em laboratórios para ajudar quem produz café a melhorar a qualidade do produto. Em outra frente, está ampliando o olhar para outras culturas nas quais o Brasil tem relevância global, como açúcar, pimenta e cacau. 

Veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking aqui.

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