Revista Exame

Cana no Centro-Sul em risco: chuvas abaixo da média afetam produção e deixam setor em alerta

Região é o mais importante polo produtor de cana do país

Chuvas de outubro serão fundamentais para o crescimento e a produtividade da cana na próxima safra (Leandro Fonseca/Exame)

Chuvas de outubro serão fundamentais para o crescimento e a produtividade da cana na próxima safra (Leandro Fonseca/Exame)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 18 de outubro de 2024 às 06h00.

Última atualização em 5 de novembro de 2024 às 20h40.

As mudanças climáticas têm mostrado seus efeitos na região Centro-Sul do Brasil, o mais importante polo produtor de cana-de-açúcar. Neste mês, os produtores da região estão em alerta para as chuvas esperadas após um prolongado período de seca que, aliado às queimadas, comprometeu a fase final da colheita da safra 2024/25.

Os agricultores esperam que as precipitações auxiliem no desenvolvimento da cana já plantada para a safra 2025/26. Um levantamento da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), divulgado com exclusividade à EXAME, mostra que as áreas cultivadas de cana no Centro-Sul receberam 220 milímetros de chuva a menos do que a média das últimas dez safras (veja a distribuição das chuvas no mapa).

O período chuvoso, que vai de outubro a abril, é crucial para o desenvolvimento da cana, para a rebrota das plantações e a época de plantio. “As chuvas de outubro serão fundamentais para o crescimento e a produtividade da cana na próxima safra. Se as precipitações forem insuficientes, isso poderá afetar negativamente a produção”, diz José Guilherme Nogueira, CEO da ­Orplana.

Nogueira também destacou que o calendário da safra de cana varia entre as regiões do Brasil. No Centro-Sul, a safra ocorre de 1o de abril a 31 de março, enquanto no Nordeste o período é de 1o de setembro a 31 de agosto.

A Orplana representa cerca de 12.000 produtores de cana e 35 associações, que, juntos, cultivam aproximadamente 80 milhões de toneladas de cana em 900.000 hectares. O padrão atípico, portanto, já está entre nós — e requer atenção dobrada.

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