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A solução que não resolve

São Paulo - "O que é certo de um lado do Reno”, disse recen­temente o presidente fran­cês, Nicolas Sarkozy, “é certo do outro lado do Reno.” O rio, como se sabe, separa França e Alemanha — e, ao dizer o que disse, Sarkozy estava colocando o atual drama europeu em sua devida perspectiva histórica. O […]

Sarkozy e Merkel: austeridade, austeridade e mais austeridade ( Patrick Kovarik/AFP Photo)

Sarkozy e Merkel: austeridade, austeridade e mais austeridade ( Patrick Kovarik/AFP Photo)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2012 às 10h33.

São Paulo - "O que é certo de um lado do Reno”, disse recen­temente o presidente fran­cês, Nicolas Sarkozy, “é certo do outro lado do Reno.” O rio, como se sabe, separa França e Alemanha — e, ao dizer o que disse, Sarkozy estava colocando o atual drama europeu em sua devida perspectiva histórica.

O sonho da unidade europeia nasceu da necessidade imperiosa de acalmar os dois lados do Reno: a Comunidade do Carvão e do Aço, embrião da atual União Europeia, foi a forma de tornar um conflito armado impraticável. Nesse quesito, o abraço de França e Alemanha foi um sucesso.

Do ponto de vista econômico, hoje é claro, a coisa muda de figura. Em 2011, a crise da dívida europeia fez o que antes era impensável ser tratado como um risco concreto — o fim do euro, ou o fim da união monetária em sua forma atual.

Hoje, os ex-inimigos estão do mesmo lado. Sarkozy e sua colega alemã, Angela Merkel (a dupla Merkozy, para abreviar), passaram 2011 numa busca desesperada por soluções — cada nova solução, porém, foi tratada como o que era na verdade: mero paliativo. Em dezembro, os dois partiram para sua proposta mais agressiva: um novo tratado europeu que vigia e pune países que gastam demais.

A proposta, depois de saudada, foi logo bombardeada. Para os críticos, Merkel e Sarkozy só agravam o problema com sua obsessão por cortes de gastos num momento em que os países da zona do euro enfrentam alto desemprego e estagnação.

A crise atual, dizem eles, é de confiança: aprofundar a crise apertando o cinto agora não aumenta a chance de países endividados honrarem seus compromissos no futuro. Pior, aumenta, sim, o risco de instabilidade política (ironicamente, o próprio Sarkozy pode ser chutado do Eliseu nas eleições de abril).

A Alemanha, com suas razões, opõe-se radicalmente à criação dos bônus europeus — que, para muitos, seriam a forma mais simples de resolver o problema da confiança. Até agora, a resposta de Merkel e Sarkozy à crise tem sido austeridade, austeridade e um pouco mais de austeridade. Pode até ser a solução certa para os dois lados do Reno. Se é o certo para o resto do mundo, é outra questão.

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