A matriz elétrica brasileira
O Brasil tira a maior parte de sua eletricidade de fontes renováveis. Isso não é uma novidade. Antes mesmo dessa nomenclatura “renovável” ganhar notoriedade, a partir do avanço do conceito de sustentabilidade na sociedade, o país já era, majoritariamente, hídrico em termos energéticos – ou seja, baixo carbono antes de ser modinha.
As térmicas, incluindo aí as nucleares, no entanto, sempre ocuparam um espaço importante na matriz. Até hoje, na verdade, elas desempenham um papel fundamental, especialmente quando os níveis dos reservatórios das hidrelétricas estão baixos. O que mudou, na última década, é a presença de duas novas fontes limpas de energia, a eólica e a solar, que caminham para destronar as termelétricas da segunda colocação entre as energias mais utilizadas. O gráfico mostra essa evolução (dê o play).
O avanço das renováveis
A partir de 2013, inicia-se um processo de mudança. Em termos de produção, a energia eólica ganha relevância, encostando na térmica – que, por sua vez, oscila conforme o sobe e desce da produção das hidrelétricas, afetada pelo regime de chuvas.
No ano passado, pela primeira vez o Brasil produziu mais energia eólica do que térmica (dê o play).
O sol é para todos
O que os dados de capacidade instalada e produção apresentados até aqui não mostram é a evolução da chamada geração distribuída. Trata-se dos sistemas de geração própria de energia, que, conectados à rede de distribuição, injetam eletricidade no Sistema Interligado Nacional (SIN), a rede que conecta praticamente todo o Brasil.
Essa modalidade é quase inteiramente dominada pelos painéis solares. Instalados em telhados de casas, condomínios e pequenos comércios, esses pequenos sistemas já somam uma capacidade instalada superior à da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior do país. A evolução desse mercado, nos últimos dois anos impressiona (dê o play).
Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) apontam que a capacidade da geração distribuída supera a das usinas eólicas – nesse ponto, há uma divergência, pois alguns especialistas contestam a afirmação de que a solar ultrapassou a eólica, pois o que conta, no final, é a energia produzida, e não a capacidade. De qualquer maneira, é inegável que o aumento das conexões é exponencial.
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Para nenhuma outra região do país, a evolução das fontes renováveis foi tão importante quanto para o Nordeste. Atualmente, mais da metade da energia consumida pelos nordestinos vem, em média, dos ventos. Há momentos em que as usinas eólicas respondem por toda a energia consumida. Os ventos que sopram no litoral são os responsáveis por esse cenário.
Nos próximos anos, essa tendência deve continuar, com as renováveis ocupando um lugar cada vez maior na matriz elétrica. O planeta agradece.
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Créditos
Rodrigo Caetano
Editor ESG
Trabalhou como repórter e editor nas principais publicações de negócios do país. Venceu os prêmios Petrobras e Citi Journalistic Excellence. Atualmente, lidera a editoria ESG da Exame e apresenta o podcast ESG de A a Z.