Nova campanha para os mais vulneráveis

hero_Vacina bivalente covid-19: imunizante começa a ser aplicado. Campanha será anual?

_FTZ1343 (Exame/Eduardo Frazão)

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Vacina bivalente covid-19: imunizante começa a ser aplicado. Campanha será anual?

52 milhões de brasileiros em grupo de risco estão aptos a receber nova vacina da Pfizer

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Vacina bivalente covid-19: imunizante começa a ser aplicado. Campanha será anual?

52 milhões de brasileiros em grupo de risco estão aptos a receber nova vacina da Pfizer

_FTZ1343 (Exame/Eduardo Frazão)

Por Gilson Garrett Jr.

Publicado em 27/02/2023, às 06:23.

Última atualização em 09/08/2023, às 16:40.

Nova campanha para os mais vulneráveis

Nesta segunda-feira, 27, começa a nova campanha de vacinação contra a covid-19. A data quase coincide com outra importante na história da pandemia: o primeiro caso do coronavírus no Brasil foi registrado no dia 26 de fevereiro de 2020. Três anos depois da doença chegar ao país, e enfrentarmos a pior crise de saúde, na semana passada tivemos o primeiro carnaval sem restrições sanitárias. Tudo isso só foi possível graças à vacina.

Apesar de o Brasil ter uma das mais altas taxas de vacinação do mundo -- mais de 80% com duas doses -- o país ainda enfrente desafios, principalmente com as doses de reforço, onde a taxa está em 50% sendo que o ideal deveria ser de, pelo menos, 70%.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse à EXAME, no dia da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que a prioridade da sua gestão seria a vacinação, com foco nos esquemas atrasados. O plano do governo é começar esta nova campanha com os mais vulneráveis, e a partir das próximas semanas iniciar uma busca ativa com os faltosos.

Para esta segunda-feira são convocados 52 milhões de brasileiros em grupos de risco -- idosos, imunossuprimido e profissionais da saúde. Eles recebem no braço uma dose do imunizante bivalente da Pfizer que protege contra o vírus original do SARS-CoV-2 e as últimas variantes, como a Ômicron, altamente transmissível.

Em um ato simbólico, o presidente Lula, que tem 77 anos e está dentro do grupo de risco, deve receber uma dose da vacina no braço em um evento realizado em Brasília.

Dose de vacina da Pfizer contra Covid-19 é colocada em seringa em centro de vacinação

Vacinação: imunizante mudou a história da covid-19.

Como funciona a vacina bivalente

Assim como a da gripe, outras vacinas recebem uma atualização para contemplar uma proteção sobre novas variantes que surgem ao longo do tempo. O imunizante que começa a ser aplicado nesta segunda-feira é bivalente, ou seja, protege contra mais de uma cepa do vírus. O mais importante dela é que confere uma proteção contra a variante Ômicron, a mais transmissível até o momento.

Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que isso não significa que as chamadas monovalentes não funcionem. Segundo o especialista, as vacinas já aplicadas conferem uma proteção significativa contra o coronavírus na casa dos 80%. Pesquisas mostram que a variante Ômicron tende a diminuir este valor e conseguir passar pela barreira do corpo e infectar. Apesar disso, os imunizantes atuais conseguem proteger contra os casos graves e mortes, mesmo com as novas variantes.

A recomendação do Ministério da Saúde é aplicar esta dose apenas como reforço. Com isso, quem não tomou nenhuma vacina precisa ter, pelo menos, as duas primeiras doses. Quem recebeu a terceira ou a quarta dose pode tomar diretamente a nova vacina atualizada bivalente. O intervalo entre a última aplicação e esta é de quatro meses.

Grupos de risco aptos a receber a vacina bivalente

  • Pessoas com mais de 60 anos;
  • Moradores de instituições de longa permanência (ILP);
  • Pessoas com deficiência;
  • Comunidades indígenas, ribeirinhos e quilombolas;
  • Gestantes e puérperas; e
  • Profissionais da saúde;
  • Transplantados de órgão sólido ou de medula óssea;
  • Pessoas com HIV;
  • Pessoas com doenças reumáticas imunomediadas sistêmicas em atividade e em uso de dose de prednisona ou equivalente > 10 mg/dia ou recebendo pulsoterapia com corticoide e/ou ciclofosfamida;
  • Pessoas em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias;
  • Pessoas com neoplasias hematológicas, como leucemias, linfomas e síndromes mielodisplásicas;
  • Pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses.

Vacinação contra a covid-19 será anual?

Uma pergunta frequente que a ciência tenta responder é se a vacinação contra a covid-19 será anual. Na avaliação de Gonzalo Vecina, um dos maiores médicos sanitaristas do país e que foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tudo indica que o imunizante será incorporado ao calendário do Ministério da Saúde.

"Mesmo que estejamos em uma situação em que não há emergência de saúde pública, vamos conviver com uma doença. Ela tornou-se endêmica, ou seja, não vai embora. Eu acredito que vai ter vacinação anual e, particularmente, voltada para o grupo de risco como já ocorre com a influenza", diz.

"A covid-19 tornou-se endêmica, ou seja, não vai embora. Eu acredito que vai ter vacinação anual"Gonzalo Vecina.

Em entrevista coletiva nesta semana, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, falou sobre o tema e disse que a campanha de vacinação com a bivalente vai ser um teste para responder a esta perguntar. Segundo ela, a expectativa do governo é que no fim do primeiro semestre do ano já seja possível ter um diagnóstico.

Além de proteger a população, uma campanha anual também ajudaria e evitar o surgimento de nova variantes. O infectologista Alberto Chebabo explica que uma circulação mais baixa do vírus faz com que ele tenha uma menor capacidade de mutação. 

"Todas as variantes que circulam têm uma gravidade menor nas pessoas vacinadas. É possível que a gente precise desenvolver vacinar atualizadas anualmente, como fazemos com a gripe", diz Chebabo.

Veja também

Covid-19 em números

Coronavírus no Brasil

  • Casos: 37.024.417
  • Mortes: 698.947
  • Casos nos últimos 7 dias: 31.158
  • Mortes nos últimos 7 dias: 872
  • Total de pessoas vacinadas com duas doses: 173,07 milhões

 

Fonte: Ministério da Saúde

Covid-19 no mundo

  • Casos: 757.264.511
  • Mortes: 6.850.594
  • País com maior número de casos: Estados Unidos, com 101.752.396
  • Vacinação: 69,7% da população do planeta recebeu pelo menos uma dose

 

Fonte: Organização Mundial da Saúde

Boletim da covid-19: números são atualizados diariamente. Foto: Ministério da Saúde / Divulgação.

As máscaras vão continuar?

Desde o fim do ano passado o estado de São Paulo decretou a volta do uso obrigatório de máscara no transporte público. A Anvisa também foi no mesmo sentido e estabeleceu o item de segurança facial no aviões e aeroportos do país. Na época, uma alta de casos de covid-19, puxados por subvariantes da Ômicron, ligou o alerta das autoridades.

Para especialistas ouvidos pela reportagem, no contexto atual não há necessidade de uso de máscara. Ela deveria ser aplicada apenas em casos específicos, como em pessoas com algum comprometimento do sistema imunológico, idosos ou quem está com sintoma gripal.

"Não me parece fundamental o uso de máscara agora no transporte público. Há ainda o risco de perder a adesão da população quando realmente precisa. No avião faz mais sentido porque as pessoas ficam muitas horas neste ambiente. Fora isso, só quando houver algum cenário de crescimento de casos, o que não vemos no momento", afirma o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, da Fiocruz.

Dias antes do carnaval, a Fiocruz divulgou um boletim alertando para o risco de contágio durante a folia e a importância da vacinação. Os dados mostravam a situação sob controle, mas com uma tendência de aumento na próximas semanas. Marcelo Gomes ressalta que mesmo que haja um aumento de casos, não devemos ver crescimento de internações e óbitos, justamente por conta da vacina. 

Os dados do Ministério da Saúde mostram que na última sexta-feira, 24, foram registrados 11.587 casos de covid-19 no Brasil. O número é inferior ao da sexta-feira anterior, dia 17, em que foram confirmados 17.169 pessoas com a doença. Vale ressaltar que a covid-19 tem um ciclo de até 15 dias para se manifestar. De qualquer forma, a vacina foi determinante para um carnaval sem restrições sanitárias e mesmo assim seguro.

Os fatos marcantes da covid-19 no Brasil

Primeiro caso confirmado

O Brasil registra o primeiro caso de covid-19 no dia 26 de fevereiro de 2020. O diagnóstico foi de um homem, de 61 anos, que esteve na Itália.

1 milhão de infectados

Quatro meses após o primeiro caso, o país alcança a marca de 1 milhão de infectados, no dia 19 de junho.

Começa vacinação

Mônica Calazans, enfermeira de 54 anos, que esteve a linha de frente do combate ao coronavírus no Hospital Emílio Ribas, é a primeira brasileira a receber uma vacina contra a covid-19, no dia 17 de janeiro de 2021.

CPI da covid-19

No dia 27 de abril de 2021 começam os trabalhos da CPI da Pandemia no Senado. Os senadores investigaram a gestão da crise sanitária e escancararam problemas, atrasos e suspeitas de corrupção na compra de vacinas.

Primeiro caso de Ômicron

A mais importante variante de preocupação do coronavírus, a Ômicron, teve os primeiros casos confirmados no país no dia 30 de novembro de 2021. A boa notícia é que as vacinas funcionam também contra esta cepa.

Fim do uso de máscara

O estado de São Paulo determinou o fim do uso obrigatório de máscaras em locais abertos e fechados, no dia 17 de março de 2022. A medida foi seguida por diversos governantes. Atualmente o uso é mandatório no transporte público.

Carnaval sem restrição

Depois de três anos do primeiro caso, as comemorações do carnaval voltam a ser sem restrições sanitárias. É esperado algum aumento de casos após a festa, mas nada preocupante.

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Créditos

Gilson Garrett Jr.

Gilson Garrett Jr.

Repórter de Casual

Formado pela PUCPR, com especializações em Relações Internacionais, Modelo de Negócios e Mercado de Capitais. Por 9 anos escreveu sobre enogastronomia, cultura e turismo na Gazeta do Povo. Desde 2020 na EXAME, cobre lifestyle.

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