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Duas histórias mostram um desafio extra da covid: a conta hospitalar

Carlos Massatoshi Higa, de 72 anos, contraiu covid-19 em março; agora, a família não sabe como pagar dívida milionária feita a hospital de SP

Carlos Massatoshi Higa: família do idoso não esperava conta tão alta (Arquivo pessoal/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2021 às 16h58.

Última atualização em 6 de outubro de 2021 às 22h41.

Carlos Massatoshi Higa, de 72 anos, contraiu covid-19 e precisou ficar 191 dias internado em um hospital da capital paulista . Depois de se curar da doença, o idoso e a família enfrentam agora outro susto: a conta de 2,6 milhões de reais enviada por parte do Hospital São Camilo, no qual ele ficou internado durante esse período, em São Paulo. A informação foi publicada pelo G1 nesta quarta-feira e, segundo relato da família de Carlos, não havia vaga em hospitais públicos na época em que ele precisou de cuidados médicos, por isso optaram pela instituição privada.

No vaivém entre hospitais públicos e privados, a dívida ficou maior do que a família imaginava: só a diária do quarto de hospital em que ele estava custava em torno de 5.000 reais e, além disso, o idoso teve de usar um equipamento chamado prisma para fazer a hemodiálise, um aparelho "caríssimo", segundo a família. Durante todo esse processo, a família afirma que tentou transferir Carlos para um hospital público, como uma tentativa de reduzir custos. Porém, o risco de uma nova infecção de covid-19 deixou a família receosa e impediu que realizassem esse plano.

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"A gente não está se recusando a pagar, se tivéssemos [ o dinheiro ], teríamos pagado, mas esse valor é surreal para qualquer família de classe média. Sou professora, meu pai era dono de banca de jornal. Não temos condições", afirma Juliana Suyama Higa, de 37 anos, filha do seu Carlos, ao portal.

Ainda segundo as informações do G1, todas as economias da família já foram usadas para pagar essa dívida — o que ainda não foi suficiente para sanar o débito. Além disso, o idoso ainda demanda uma série de cuidados com profissionais da saúde, que vão desde fisioterapia até fonoaudiologia. Tudo isso porque, além da internação, o idoso teve uma série de infecções, além de duas convulsões e um AVC.

Agora, para tentar arrecadar a quantia que falta, a família criou uma vaquinha online, que já arrecadou cerca de 104.000 reais até o momento.

Em nota enviada ao G1, o Hospital São Camilo afirmou:"A rede de hospitais São Camilo de São Paulo oferta serviços particulares de forma transparente e com custos compatíveis com o mercado. O acometimento por covid-19, no entanto, pode implicar internações de longa permanência, com valores notoriamente altos. No caso em questão, as informações eram atualizadas constantemente à família. A instituição reforça sua missão de cuidar e valorizar a vida, priorizando a excelência dos serviços prestados, e segue à disposição para quaisquer esclarecimentos.”

Fora do Brasil

A história do seu Carlos lembra a de um outro paciente, nos Estados Unidos, que passou por uma situação similar: ao estar recuperado da covid-19, recebeu uma conta hospitalar de 5,5 milhões de reais — vale lembrar que nos Estados Unidos não existe um programa de saúde pública de graça, como o SUS aqui no Brasil.

Segundo os detalhes da cobrança, o quarto em que ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva consumiu 9.700 dólares por dia.Por 42 dias, ele também esteve em uma câmara isolada, o que custou 408.000 dólares. Já o ventilador mecânico que o manteve vivo por 29 dias foi 2.800 dólares por dia. Outro umquarto da conta é gasto com medicamentos.

A repercussão do caso levantou, por lá, o debate sobre o sistema de saúde dos Estados Unidos, onde a maior parte da população não tem plano e muitos não procuramtratamento, se expondo a um maior risco e alimentando a propagação da doença.

 

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