Governo não vai recorrer de decisão de Dino que suspendeu pagamento de R$ 4,2 bi em emendas
Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a decisão foi analisada pela AGU, que chegou à conclusão de que não seria necessário apresentar recursos
Redação Exame
Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 16h29.
O ministro das Relações Institucionais,Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira, 26, que o governoLula(PT) não vai recorrer da decisão do ministro doSupremo Tribunal Federal (STF)Flávio Dino, quesuspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendasparlamentares.
Em entrevista à TV Forum, Padilha disse que a decisão foi analisada pela Advocacia-Geral da União (AGU), que chegou à conclusão de que não seria necessário apresentar recursos.
"A AGU fez uma avaliação detalhada, não apontou nenhuma necessidade de recurso a essa decisão, então vai cumprir", afirmou o ministro, em entrevista à TV Fórum.
O ministro também afirmou que acreditar que areunião convocada nesta quinta pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL), será para preparar uma resposta à decisão de Dino.
Segundo Padilha,a crise das emendas teve alguns avanços, citando em particular a lei que enquadrou o crescimento das emendas parlamentares dentro das regras do marco fiscal e também acabar com o formato anterior das chamadas emendas Pix.
"Talvez não seja o ideal, porque também o Supremo tem aquilo que vê como ideal, o Congresso aquilo que vê como ideal, o governo aquilo que vê como ideal. Às vezes, se ficar só no ideal de cada um, você não consegue avançar em nada", disse Padilha.
Ministros do STF
Decisão do STF
Na segunda-feira, 23, Dinosuspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares que o governo deveria pagar até o fim do ano. Além disso, mandou a PF investigar a liberação dos recursos.
A decisão de Dino se deu com base em um mandado de segurança do PSOL, que questionou uma te tentativa da Câmara dos Deputados de liberar R$ 4,2 bilhões de emendas de comissão.O ministro ainda determinou que a Polícia Federal apure se houve irregularidade na medida.
Um ofício enviado pela Câmara ao governo mudou a destinação de parte das emendas de comissões previstas para serem liberadas nesta reta final do ano. O documento leva a assinatura de 17 líderes de partidos e pede a execução de R$ 4,2 bilhões que já estavam previstos no Orçamento de 2024, mas estavam bloqueados desde uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de agosto.
Deste valor, porém, R$ 180 milhões são referentes a "novas indicações", sendo que 40% (R$ 73 milhões) são direcionados ao Estado de Alagoas, reduto eleitoral do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). De acordo com dois dos líderes ouvidos pela reportagem, a assinatura do documento se deu após pedido do deputado alagoano. O ofício, que inclui a tabela com mudanças no destino das emendas, foi revelado pela revista Piauí.
O documento com a assinatura dos líderes foi enviado pela Câmara no mesmo dia em que Lira determinou a suspensão de reuniões das comissões da Casa com o argumento de dar celeridade às tramitações das pautas econômicas no plenário. Assim, segundo presidentes dos colegiados, as novas indicações não passaram pelo referendo dos grupos.