(Theia/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 13 de abril de 2022 às 10h00.
A healthtech Theia, que oferece atendimento de saúde humanizado para mulheres, levantou um aporte de 30 milhões de reais em uma rodada seed. O investimento na startup foi liderado pelo fundo americano 8VC, e contou também com o fundo Canaan e a Kaszek Ventures, que já tinha participado de uma rodada anterior.
Fundada em 2019 pelas empreendedoras Paula Crespi e Flavia Deutsch, a Theia é um serviço focado na saúde da mulher, com atenção especial para a maternidade e foco no atendimento humanizado.
“Esse aporte mostra que estamos atuando em um mercado gigante, com uma oportunidade clara de atacar uma dor real para as mulheres”, diz Flavia Deutsch. “É uma validação de um negócio voltado para mulheres e a maternidade. Mostra que o mercado está olhando para esse segmento”, diz Paula Crespi. O investimento chega em um momento especial na vida das empreendedoras. Além do negócio em crescimento, as duas estão grávidas, e têm inclusive usado os serviços da Theia.
A ideia da Theia é atender a mulher desde quando ela deseja engravidar, no pré-natal, durante o trabalho de parto e no pós-parto. Uma das metas é popularizar o parto humanizado e ajudar a reduzir a taxa de cesáreas do Brasil. Mais de 50% dos nascimentos no país ocorrem via cesárea, taxa que sobe para 86% no setor privado. A OMS considera normal uma taxa de até 15%.
Depois, a healthtech continua atendendo a família, com acompanhamento pediátrico das crianças, por exemplo. Uma das metas para esse ano é fortalecer a parte de acompanhamento pediátrico, ampliando o escopo de atuação da Theia.
Com o aporte, a intenção é ganhar tração, após um período de desenvolvimento de metodologia. “Testamos nosso modelo e tivemos resultados incríveis em taxa de cesáreas, internações e NPS. Agora é hora de colocar o pé no acelerador”, diz Deutsch.
Para isso, a Theia vai investir mais ainda em tecnologia, e intensificar o relacionamento com planos de saúde. A intenção é poder oferecer os serviços para os planos, como forma de ampliar o acesso ao atendimento de qualidade. “Nosso objetivo é mudar as estatísticas e o panorama de saúde da mulher no Brasil. E o primeiro passo para isso é entrar nos planos de saúde”, diz.
O diferencial da Theia é unir abordagem humanizada e tecnologia, com o objetivo de ganhar escala. A ideia é ampliar o acesso para um tipo de tratamento que hoje fica restrito a quem pode pagar – e caro.
Por isso, além do atendimento com diversos especialistas, a Theia possui um aplicativo por onde a paciente faz o agendamento de consultas e pode acompanhar sua gestação semana a semana. No início do ano, a startup abriu sua primeira clínica em São Paulo, com atendimento de ginecologia, obstetrícia, pediatria, fisioterapia pélvica e enfermeira obstétrica.
Também desenvolveu internamente um prontuário eletrônico focado exclusivamente no momento de vida da maternidade. Isso faz com que diferentes especialistas tenham acesso às informações da gestante e possam atuar de forma integrada.
Outra ferramenta usada para o ganho de escala é a análise de dados, que permite que a equipe da Theia interfira com mais antecedência em casos como pré-eclâmpsia ou diabetes gestacional.
Paula Crespi e Flavia Deutsch se conheceram em um MBA na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Saíram de lá e foram trabalhar em fintechs. Naquela época já se incomodavam com a falta de mulheres fundadoras de startups e tinham o plano de montar algo juntas no futuro.
Em 2019, a Theia captou um investimento de 7 milhões de reais, liderado pelo fundo de investimentos Kaszek Ventures (que investiu em negócios como os bilionários Gympass, Loggi, Nubank e Quinto Andar) e completado pelo Maya Capital, fundo de venture capital liderado por mulheres, e por investidores-anjo. Para cada investidor homem, as empreendedoras fizeram questão de trazer junto uma investidora mulher.