Justos: R$197 mi em rodada com Softbank e CEOs do Nubank e Kavak
Startup de seguros encerrou maior série A da América Latina em rodada com grandes fundos e CEOs de unicórnios latinos
Maria Clara Dias
Publicado em 25 de outubro de 2021 às 05h00.
A Justos, startup de seguros de automóveis, anunciou nesta segunda-feira, 25, um aporte de US$ 35,8 milhões (cerca de R$ 197 milhões), em uma rodada série A que vem para criar as bases para que a empresa possa se lançar definitivamente ao mercado.
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O montante é tão importante para o mercado quanto para a própria empresa. O investimento, que foi liderado pela Ribbit Capital e envolveu fundos como Softbank Latin America, GGV, Kaszek Ventures e BigBets é também a maior rodada série A envolvendo uma startup na América Latina. Além dos fundos, o cheque também tem participação de David Vélez, CEO do Nubank e Carlos Garcia Ottati, CEO da Kavak, empresa mexicana de compra e venda de automóveis.
Para a Justos, a análise feita por seguradoras para a escolha do valor das apólices e das prestações é demodê. A opção para fugir dessa regra é passar a considerar não o gênero, idade ou localização, mas sim a boa conduta por trás do volante.
A proposta é pioneira por aqui. A ideia é avaliar um motorista por sua maneira de dirigir e respeito às leis de trânsito. Na prática, a Justos faz isso com ajuda de um aplicativo em smartphones que monitora, entre outros indicadores, a velocidade do veículo, frenagens, curvas e uso de celular ao volante. Motoristas com melhores comportamentos na direção têm direito a seguros mais baratos. Daí a inspiração para o nome da empresa.
A ideia surgiu há um ano, depois de conversas acaloradas entre os fundadores Dhaval Chadha, Jorge Soto Moreno e Antonio Molins, ex-líderes de empresas como Netflix, Airbnb e ClassPass. Os executivos descobriram que, além da moradia no Vale do Silício, tinham em comum o desejo de criar uma empresa capaz de responder a uma ineficiência do mercado e que pudesse ajudar uma quantidade considerável da população — e com o uso intensivo de dados e tecnologia.
“O mercado de brasileiro era o alvo perfeito”, disse Chadha, CEO da startup, em entrevista à EXAME. “Os seguros no Brasil têm baixa penetração, uma concentração muito alta e um preço que, muitas vezes, é proibitivo”.
Pela avaliação da maneira como cada um dirige, a ideia é que os melhores motoristas sejam recompensados com preços mais baixos. Segundo Chadha, a Justos vai oferecer contratos até 30% mais baratos e que, de quebra, podem variar mês a mês, dependendo de como o motorista dirigiu nos últimos 30 dias.
O novo capital milionário vem apenas cinco meses depois da insurtech receber um aporte inicial de 15 milhões de reais do fundo Kaszek para tirar as ideias do papel. O cheque seed também contou com a participação de investidores-anjo que também são CEOs de unicórnios latinos como Sergio Furio, da Creditas, Patrick Sigrist, fundador e ex-CEO do iFood, Assaf Wand, da Hippo Insurance e Fritz Lanman, da Classpass. A rodada de maior também foi a primeira vez em que Otatti, da Kavak, e Vélez, do Nubank, investiram na startup.
O interesse das gigantes na Justos é justificável. A Creditas tem reforçado o desejo de liderar o segmento com uma vertical automotiva que já soma aquisições e um novo serviço de revenda de carros usados. Na frente de seguros, a entrada da empresa foi a partir da compra da Minuto Seguros.
A expectativa de que a concentração do mercado de seguros na mão de poucos players possa gerar possíveis unicórnios também leva empresas do setor financeiro, como o Nubank, a ficar de olho nas pequenas.
Segundo o CEO, a percepção não é restrita apenas a Vélez e Furio. “Nossos investidores já têm adotado a opinião de que é inevitável que startups que usam tecnologia criem soluções inovadoras e cresçam em market share nesse mercado. O ponto aqui é que nos tornamos a equipe que, para eles, fará essa disrupção”, diz.
As apólices da Justos devem chegar ao mercado em breve, segundo Chadha. Até lá, a oportunidade continua concentrada nos 70% da frota brasileira de 70 milhões carros que são desprovidos de seguros e qualquer outro tipo de proteção contra fatalidades imprevisíveis.
Em um primeiro momento, a startup vai oferecer os seguros para uma lista “VIP”, com 12.000 condutores colocados em uma lista de espera. Para participar dessa lista, os motoristas fizeram uma prova de direção e tiveram uma boa pontuação.
O novo investimento será dedicado à estratégia de marketing e para aumentar o time de funcionários. Em outra frente, o valor também deve ajudar a empresa a expandir para outros produtos além do seguro automotivo. “Vamos conseguir começar em outras áreas mais rápido do que imaginamos”, diz.
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