Startup chilena quer ser ‘Cola-Cola’ de ingredientes veganos
A The Live Green quer tornar a indústria mais sustentável, mas, ao invés de encher prateleiras de supermercados com produtos à base de plantas, fará isso com tecnologia
Maria Clara Dias
Publicado em 22 de abril de 2021 às 15h40.
Última atualização em 22 de abril de 2021 às 15h45.
A The Live Green, uma startup produtora de alimentos à base de plantas no Chile, quer usar o apoio financeiro conseguido recentemente da Sigma Alimentos, uma unidade do conglomerado mexicano Alfa SAB, para levar a indústria a práticas mais sustentáveis.
A estratégia da empresa não será inundar as prateleiras dos supermercados com seus hambúrgueres e misturas para panquecas de origem vegetal ou seus sorvetes. Esses produtos foram criados para mostrar o potencial do Charaka, um algoritmo que planeja licenciar no futuro para grandes produtores de alimentos que ajudaria a identificar aditivos sintéticos, de origem animal ou processados nos rótulos de seus próprios produtos e substituí-los por alternativas naturais à base de plantas.
“Como uma startup em estágio inicial, era muito difícil chegar aos fabricantes de alimentos para convencê-los a migrar” para o Charaka, então a The Live Green desenvolveu seus próprios produtos para mostrar como o sistema funciona, disse a diretora-presidente e fundadora da empresa, Priyanka Srinivas. No futuro “nossa receita viria de royalties e misturas de bases. Como o modelo da Coca-Cola”, disse Srinivas em entrevista.
O sorvete da The Live Green tem sabor, textura e consistência do sorvete comum, explicou Srinivas, mas substituiu aditivos como goma, sucralose, emulsificantes e agentes anticongelantes por produtos como abacate, banana, sementes de girassol e óleo. A empresa possui uma unidade de produção nos arredores da cidade de San Fernando, cerca de 140 quilômetros ao sul de Santiago, onde adquire seus ingredientes de agricultores locais.
A Sigma investiu na rodada de sementes da The Live Green após realizar testes com o Charaka em um de seus próprios produtos, disse Srinivas. O conglomerado mexicano permitirá a exibição dos produtos da The Live Green nos 18 mercados em que opera, com o objetivo de obter mais licenciados para o Charaka. “Não queremos construir uma marca FMCG”, disse Srinivas, em referência à sigla para ‘bens de consumo de movimento rápido’ no jargão do setor. No futuro, outros FMCGs à base de plantas, como Beyond Meat, Impossible Burger, Oatly ou mesmo a NotCo do Chile, podem se tornar clientes.
Agora, a The Live Green está em negociações com vários fundos de capital de risco focados em proteínas, bem como family offices e alguns varejistas para levantar outros US$ 5 milhões, avaliando a empresa em cerca de US$ 21 milhões.
Srinivas, de 37 anos, nasceu em Hyderabad, Índia, e já trabalhou em marketing para a Target. Ela viajou ao Chile para fundar a The Live Green em 2018 atraída pelo programa Start-Up Chile, que fornece capital inicial e assistência a novas empresas. O Chile também teve a vantagem de ser um pequeno mercado com características semelhantes às dos Estados Unidos, onde poderia testar seus produtos.
O diretor de tecnologia da The Live Green e mentor por trás do Charaka também é da Índia.