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Startup Chile dá dicas de empreendedorismo

Um dos fundadores do Startup Chile conta como o programa ajudou o país a ser uma superpotência empreendedora e sugere como o Brasil poderia aprender

Chile: a Startup Chile tem transformado a economia e o ecossistema empreendedor chileno (Rawderson Rangel/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de maio de 2015 às 08h32.

São Paulo - O ecossistema empreendedor global está em constante expansão. Enquanto o Vale do Silício continua sendo o principal centro das startups de tecnologia global, governos ao redor do mundo começaram a reconhecer o valor da inovação, dos empregos e das receitas que novos empreendedores trazem com seus negócios.

Diversos países, inclusive o Brasil, vêm criando estratégias para diminuir as barreiras regulatórias, aumentar os investimentos e oferecer ferramentas para que as startups locais possam se tornar grandes empresas, que, tomara, ajudarão a impulsionar a economia de seus países.

Um dos maiores exemplos de iniciativas públicas desse perfil é o Startup Chile, que, desde 2010, investe em startups locais e internacionais a fundo perdido e que tem transformado a economia e o ecossistema empreendedor chileno.

Com o sucesso e a fama do Startup Chile, não é surpresa ver diversos países criando programas similares, como o Startup Peru, Startup Dinamarca e inclusive o Startup Brasil, iniciado em 2013 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação brasileiro, que se comprometeu a investir cerca de R$ 200 milhões em novas empresas.

Quais são os diferenciais que fazem do Chile um exemplo para os demais países?

A porta de entrada do Startup Chile é dar apoio a empresas muito novas, que às vezes só têm um time de sócios experientes e uma boa ideia.

Durante a aceleração, os empreendedores apoiados recebem mentorias, podem se instalar em espaços de co-working e têm acesso a uma rede de contatos espalhados pelo país.

Mesmo assim, como é natural, muitas das startups param no meio do caminho, não dão certo e vão à falência.

Mas, ao mesmo tempo, muitas delas se desenvolvem e, também como esperado, buscam novos investimentos para continuar crescendo.

Esses investimentos, no entanto, não eram comuns no Chile. Por isso, o governo acabou de criar uma nova rodada de investimentos para essas empresas, chamada de Startup Chile SCALE, que investe até US$ 40 mil e, no caso dos empreendedores estrangeiros, dá mais um ano de visto para continuarem tocando seus negócios.

Esses novos investimentos são uma das formas mais efetivas de oferecer recursos e uma chance das empresas participantes enxergarem possibilidades de longo prazo no país.

O Startup Chile tem ajudado empreendedores de forma semelhante a outros programas, mas um dos diferenciais é que todos os negócios apoiados se localizam na capital, Santiago. Nesse contexto, densidade é um ponto chave.

O programa já apoiou mais de 1.000 empreendedores, bem mais que 10 ou 50, como é comum em outros países. O Brasil, que é bem maior que o Chile, apoia quase 200 empresas, mas elas estão espalhadas por todo o país.

A espinha dorsal de um ecossistema de startups, ao menos no caso do Startup Chile, está no “efeito cluster”, onde muitas empresas com alto potencial de crescimento, todas próximas entre si, ajudam a impulsionar e motivar todo o ecossistema.

Ainda que o Startup Chile seja aberto para os chilenos, a maioria dos empreendedores apoiados são de outros 65 países, que trazem consigo as inovações de fora.

Isso contribui para outro diferencial do país: o Chile é uma economia aberta e estável. Diferentemente de outros países da América Latina, a economia do Chile não muito é muito protecionista, empreendedores estrangeiros são sempre bem-vindos e os chilenos são incentivados a expandir seus negócios para além das fronteiras.

Além disso, a economia chilena é considerada uma das mais estáveis e prósperas da região em termos de competitividade, renda per capita, internacionalização, liberdade econômica e baixa percepção da corrupção.

De acordo com o Governo Chileno, mais de 250 mil novos negócios foram abertos no país graças à redução da burocracia local e uma nova lei que permitiu aos empreendedores registrarem suas empresas online e em apenas um dia – foi o segundo país no mundo, depois da Nova Zelândia, a oferecer um sistema assim.

Toda essa atividade em torno do desenvolvimento econômico resultou em uma série de empresas muito inovadoras e que agora estão radicadas no país, ajudando a solidificar a posição de liderança do Chile no ecossistema empreendedor da América Latina.

Para dar exemplos práticos, 110 empresas do programa levantaram mais de US$ 50 milhões além dos investimentos do Start-Up Chile, e outras oito startups foram compradas por grandes empresas.

Entre os casos de sucesso do programa estão:

- Cabify, um aplicativo de táxis executivos, que acaba de receber US$ 8 milhões em investimentos para expandir sua atuação por toda a América Latina;
- SaferTaxi é outra startup que está tentando revolucionar a indústria de taxi na região e levantou US$ 4,2 milhões em investimentos;
- Solunova foi inspirada pelo acidente de 2010 nas minas de Copiapó e criou um serviço de dados que oferece dados informações sobre os mineiros e as condições de trabalho que enfrentam;
- Junar, uma plataforma aberta e na nuvem, que permite governos disponibilizarem seus dados online para os cidadãos de forma rápida e fácil, recebeu US$ 1,2 milhões em capital de risco de fundos chilenos.

À medida que o Startup Chile impacta positivamente a economia e o ecossistema empreendedor chileno, só cresce a importância do país como um todo no cenário da inovação global.

O Brasil possui desafios institucionais maiores que os do Chile para superar, principalmente quando é necessário envolver governos municipais, estaduais e o federal em iniciativas do tipo. Mesmo assim, somos uma das maiores economias e marcas globais da América Latina.

A abundância brasileira de recursos naturais e atratividade como destino de negócios são vantagens que o Chile não tinha quando começou seu programa, e que podem ser usadas para motivar empreendedores a se instalarem no país.

Esperamos que o Startup Brasil crie as mesmas oportunidades vistas no Chile, e estamos ansiosos para que o país se torne rapidamente uma referência em inovação e oportunidades empreendedoras.

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São Paulo - Poder administrar o negócio de qualquer lugar do mundo é o sonho de vários empreendedores . Esse desejo pode vir da vontade de sair conhecendo vários continentes enquanto trabalha ou da comodidade em cuidar do empreendimento de qualquer lugar: em casa, no aeroporto ou em uma cafeteria. Mas essa não é uma tarefa simples: empreender remotamente é um campo que requer muito conhecimento antes de sair levando o seu computador por aí ( já viu os erros que os empreendedores digitais mais cometem? ). Por isso, separamos 10 livros para o empreendedor se preparar antes de resolver cuidar de seu negócio de qualquer lugar do mundo, com a ajuda de David Kallás, professor dos cursos customizados de Educação Executiva do Insper, Marcelo Minutti, professor de empreendedorismo e inovação do Ibmec/DF, e Gustavo Ziller, empreendedor Endeavor e fundador da desenvolvedora de aplicativos Aorta.
  • 2. Livro para quem quer saber quais estratégias funcionam

    2 /12(Divulgação)

  • O primeiro passo para empreender é ter uma ideia. Mas isso é apenas o começo. É preciso ter um planejamento para o negócio dar certo, principalmente em um empreendimento administrado digitalmente.

    "Estratégia boa, Estratégia ruim" usa exemplos reais de empresas, entidades e organizações para revelar quais são suas inovações. Esses planejamentos não são só originais, mas também práticos, para todo empreendedor aprender o que funciona ou não e aplicar no seu empreendimento. Segundo o professor David Kallás, a obra é escrita pelo "estrategista dos estrategistas", Richard Rumelt, e fornece "dicas preciosas de como avaliar se uma estratégia é boa, bem como ideias de fontes de poder e diferenciação".
  • 3. Livro para quem quer um trabalho menos burocrático

    3 /12(Divulgação)

    "Reinvente Sua Empresa", livro de Jason Fried e David Hansson chamado originalmente de "Rework", é um bestseller do New York Times. A obra vai contra as ideias de que o empreendedor precisa ser um viciado em trabalho e se encher de reuniões e análises para ser bem sucedido.  A obra tem uma pegada meio motivacional, para todo mundo que quer montar seu próprio negócio, diz Marcelo Minutti. "Reinvente Sua Empresa" traz vários exemplos práticos de como criar e otimizar um ritmo de trabalho, como pensar fora da caixa e como ter um ambiente de trabalho menos burocrático, assuntos necessários para quem pensa em empreender remotamente.
  • 4. Livro para quem quer conhecer o trabalho remoto de cabo a rabo

    4 /12(Divulgação)

    "Remote: Office Not Required" é outro livro escrito por Fried e Hansson, só que disponível apenas em inglês. Como o próprio nome diz, a obra esclarece dúvidas sobre o trabalho remoto e estimula os que querem tocar seu negócio, mas sem se prender ao ambiente tradicional do escritório com horário fixo. "Durante o livro todo, os autores contam histórias e dão dicas de empreendedores e profissionais que levaram ao extremo a cartilha do trabalho remoto e tiveram sucesso saindo do trabalho mais convencional. Esse livro é como um manifesto", conta Marcelo Minutti.
  • 5. Livro para quem quer ter um modelo de negócios inovador

    5 /12(Divulgação)

    Fazer um modelo de negócio é um passo considerado fundamental para empreender ( quer aprender como fazer um? ). Mas não basta ter um projeto em mãos: é preciso que ele seja inovador. O livro "Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócio", de Yves Pigneur, pretende oferecer ferramentas testadas para compreender, projetar, retrabalhar e implementar modelos de negócio provocadores, com dicas práticas e visuais para o empreendedor.
  • 6. Livro para quem quer saber lidar com os imprevistos

    6 /12(Divulgação)

    O acaso faz parte da vida de um empreendedor - especialmente se ele não trabalha em um local físico. "O Andar do Bêbado", de Leonard Mlodinow, é um livro para os empreendedores nômades digitais aprenderem a lidar com os imprevistos e a se virar nesse ambiente de incertezas. Como exemplo do acaso no trabalho remoto, Marcelo Minutti cita possíveis distrações que não existem em escritório, como uma campainha tocando ou o filho chamando. "O trabalho em casa gera mais riscos de distração do que o ambiente convencional, um conjunto de coisas não previstas e que você deve estar preparado para lidar com elas", diz o professor.
  • 7. Livro para quem quer acabar com o horário comercial

    7 /12(Divulgação)

    "Trabalhe 4 Horas Por Semana", livro de Timothy Ferriss de nome original "The 4-Hour Workweek", é um clássico para estimular os empreendedores a gerenciar seu tempo quando trabalham remotamente. Ferriss é, ele próprio, um empreendedor remoto e um autor bestseller do New York Times. A obra promete que o leitor poderá não apenas conseguir aproveitar seu tempo, mas também multiplicar seu salário e viver onde quiser. "Trabalhe 4 Horas Por Semana" fala sobre como priorizar coisas que são realmente importantes no dia a dia e como fazer que seu trabalho ande sem depender de você, construindo um estilo de vida que valoriza o tempo livre.
  • 8. Livro para quem quer uma rotina bem arquitetada

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    "Design Your Self: Repensando o Modo Como Você Vive, Ama, Trabalha e Se Diverte" é um livro escrito pelo famoso designer Karim Rashid, que planejou, por exemplo, as lojas da Lacoste e as Trump Towers. O objetivo da obra, assim como o livro anterior, é repensar como organizar a rotina para fazer com que tudo caiba de forma harmoniosa, gerando bons resultados com esse planejamento. O livro "privilegia a qualidade em detrimento da quantidade do trabalho e estrutura como você trabalha no dia a dia e distribui essas atividades em ambientes remotos, como de casa, em aeroporto ou hotéis", explica o professor Marcelo Minutti.
  • 9. Livro para quem quer aprender a pensar melhor

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    "Pense Melhor", de Tim Hurson, dá dicas de ferramentas para criar soluções originais para problemas tanto no ambiente profissional quanto no pessoal. Segundo Marcelo Minutti, a principal lição do livro é separar o pensamento criativo do pensamento analítico.  É um livro relevante para o trabalho remoto, diz o professor, já que oferece um guia para fazer um modelo mental orientado à produtividade e eficácia.
  • 10. Livro para quem quer ter uma lição sobre persistência

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    "Endurance: Shackleton's Incredible Voyage" conta a história do navio Endurance, de 1912, que embarcou para a Antártica. Após um ano de viagem, e ainda distante do destino final, a embarcação ficou presa no gelo. Ernest Shackleton e sua equipe tiveram de sobreviver durante cinco meses até conseguirem navegar novamente com um barco salva-vidas. O livro, escrito por Alfred Lansing, é descrito como uma obra intensa, inspiradora e que define o heroísmo. Inclusive para os empreendedores que pretendem partir em uma viagem.
  • 11. Livro para quem quer se descobrir enquanto viaja

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    "On The Road" é uma famosa narrativa de descobrimento do mundo e de si mesmo por meio de uma viagem. A obra causou uma revolução cultural no século XX, inspirando movimentos como o punk e os hippies. O livro de Jack Kerouac conta o viagem de dois jovens por meio da Rota 66 ao longo dos Estados Unidos, misturando lirismo, transgressão e loucura. Segundo o empreendedor Gustavo Ziller, o livro é um clássico, que deu origem a cultura beatnik (movimento de contracultura nômade). "O livro é acelerado, gostoso e intenso", avalia.
  • 12. Agora, conheça franquias para trabalhar sem sair de casa

    12 /12(Getty Images)

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