Quem manda aqui não sou eu, diz o dono da Vagas
Como o empreendedor Mário Kaphan construiu uma empresa em que não há chefes nem metas a cumprir — e na qual as decisões devem ser tomadas por consenso entre os funcionários
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2013 às 06h00.
São Paulo - O empreendedor Mário Kaphan, de 60 anos, vem experimentando como é ter uma empresa sem chefes. Ele é dono da Vagas, que produz sofwares usados pelos departamentos de RH para gerenciar o recebimento de currículos e selecionar candidatos a um emprego.
Não há, entre seus quase 250 funcionários, alguém que ostente no cartão de visita um título como diretor, supervisor, coordenador ou gerente. O próprio Kaphan afrma não ser presidente, CEO ou qualquer nome que se dê ao principal executivo. "Sou apenas o fundador e acionista", diz Kaphan.
Quem entra na Vagas precisa deixar de lado alguns preceitos. Meritocracia? "Não temos bônus por desempenho nem comissões para premiar os vendedores mais produtivos", diz Kaphan. Metas agressivas? "Não gosto", afirma. "Acho que, se cada um der o seu melhor, a empresa vai ter o melhor resultado possível."
Agilidade? Na Vagas, as decisões devem ser tomadas por consenso entre os funcionários. "Enquanto todos não chegam a um acordo, não se decide nada", diz Kaphan. "Questões que em outro lugar seriam tomadas numa canetada aqui podem se arrastar por semanas. Prefiro assim."
Aparentemente, essas características não têm atrapalhado o crescimento do negócio. Em 2012, as receitas chegaram a 21,6 milhões
de reais, 30% mais do que no ano anterior. A Vagas vem aparecendo seguidas vezes no ranking das Pequenas e Médias Empresas que Mais Crescem, publicado por Exame PME em parceria com a consultoria Deloitte. Entre seus clientes estão empresas como Ambev, Fiat, Philips e Bradesco Seguros.
A confecção de roupas catarinense Hering passou a usar a tecnologia da Vagas para contratar cerca de 500 pessoas por mês para suas
655 lojas e a matriz, em Blumenau. "Como as vagas ficam visíveis para milhares de pessoas, é mais fácil achar os perfis de profissionais que procuramos", afirma Alessandra Morrison , diretora de RH da Hering.
A administradora Mayara Rigota, de 21 anos, formou-se no ano passado e já passou por duas empresas por intermédio da Vagas. Da última vez, se candidatou na Brasilprev, empresa de previdência do Banco do Brasil — e foi contratada. "Acesso o site frequentemente para descobrir novas oportunidades", diz Mayara.
Ao abrir a Vagas, Kaphan não era um empreendedor de primeira viagem. Nos anos 80, ele fundou uma empresa cujo produto era um sofware para que sistemas de grandes empresas trocassem arquivos com bancos. A internet tornou esse tipo de tecnologia defasada e Kaphan teve de pensar em outro negócio.
Em 1998, abriu a Vagas. Ele afirma que foi por acaso que a empresa se transformou no que é hoje. "Quando a Vagas começou, eu e uns poucos funcionários tínhamos muita liberdade para trocar ideias", diz Kaphan. "Decidi manter essa característica."
O método de trabalho da Vagas impõe questões indefinidas sobre seu futuro. Numa trajetória que até agora foi de crescimento, o modelo funcionou. Mas como será quando, eventualmente, a empresa passar por uma crise? E se o negócio crescer muito mais do que hoje, vai ser possível conviver sem uma hierarquia definida? "Não sei", diz Kaphan. "Estou aprendendo junto com a empresa."
São Paulo - O empreendedor Mário Kaphan, de 60 anos, vem experimentando como é ter uma empresa sem chefes. Ele é dono da Vagas, que produz sofwares usados pelos departamentos de RH para gerenciar o recebimento de currículos e selecionar candidatos a um emprego.
Não há, entre seus quase 250 funcionários, alguém que ostente no cartão de visita um título como diretor, supervisor, coordenador ou gerente. O próprio Kaphan afrma não ser presidente, CEO ou qualquer nome que se dê ao principal executivo. "Sou apenas o fundador e acionista", diz Kaphan.
Quem entra na Vagas precisa deixar de lado alguns preceitos. Meritocracia? "Não temos bônus por desempenho nem comissões para premiar os vendedores mais produtivos", diz Kaphan. Metas agressivas? "Não gosto", afirma. "Acho que, se cada um der o seu melhor, a empresa vai ter o melhor resultado possível."
Agilidade? Na Vagas, as decisões devem ser tomadas por consenso entre os funcionários. "Enquanto todos não chegam a um acordo, não se decide nada", diz Kaphan. "Questões que em outro lugar seriam tomadas numa canetada aqui podem se arrastar por semanas. Prefiro assim."
Aparentemente, essas características não têm atrapalhado o crescimento do negócio. Em 2012, as receitas chegaram a 21,6 milhões
de reais, 30% mais do que no ano anterior. A Vagas vem aparecendo seguidas vezes no ranking das Pequenas e Médias Empresas que Mais Crescem, publicado por Exame PME em parceria com a consultoria Deloitte. Entre seus clientes estão empresas como Ambev, Fiat, Philips e Bradesco Seguros.
A confecção de roupas catarinense Hering passou a usar a tecnologia da Vagas para contratar cerca de 500 pessoas por mês para suas
655 lojas e a matriz, em Blumenau. "Como as vagas ficam visíveis para milhares de pessoas, é mais fácil achar os perfis de profissionais que procuramos", afirma Alessandra Morrison , diretora de RH da Hering.
A administradora Mayara Rigota, de 21 anos, formou-se no ano passado e já passou por duas empresas por intermédio da Vagas. Da última vez, se candidatou na Brasilprev, empresa de previdência do Banco do Brasil — e foi contratada. "Acesso o site frequentemente para descobrir novas oportunidades", diz Mayara.
Ao abrir a Vagas, Kaphan não era um empreendedor de primeira viagem. Nos anos 80, ele fundou uma empresa cujo produto era um sofware para que sistemas de grandes empresas trocassem arquivos com bancos. A internet tornou esse tipo de tecnologia defasada e Kaphan teve de pensar em outro negócio.
Em 1998, abriu a Vagas. Ele afirma que foi por acaso que a empresa se transformou no que é hoje. "Quando a Vagas começou, eu e uns poucos funcionários tínhamos muita liberdade para trocar ideias", diz Kaphan. "Decidi manter essa característica."
O método de trabalho da Vagas impõe questões indefinidas sobre seu futuro. Numa trajetória que até agora foi de crescimento, o modelo funcionou. Mas como será quando, eventualmente, a empresa passar por uma crise? E se o negócio crescer muito mais do que hoje, vai ser possível conviver sem uma hierarquia definida? "Não sei", diz Kaphan. "Estou aprendendo junto com a empresa."