Que ódio dos preços malucos desse açaí!
o paulista Marcelo Cesana perdeu o sono por causa das sucessivas altas de preço do principal insumo de sua empresa, a Frooty Açaí. Foi preciso repensar todo o negócio para achar a solução
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 05h00.
São Paulo - Há algum tempo, seria preciso começar esta reportagem descrevendo o que é, de onde vem e como se come o tal do açaí, aquela frutinha amazônica com propriedades energéticas e antioxidantes. Isso mudou no início dos anos 2000, quando se multiplicaram pelo país as barraquinhas que servem açaí na tigela.
Logo a fruta se tornou conhecida até no exterior, onde caiu no gosto de celebridades e esportistas adeptos da alimentação saudável. O empreendedor Marcelo Cesana, de 41 anos, foi muito benefciado por toda essa exposição. Desde 1999, sua empresa, a paulista Frooty Açaí, vende a polpa da fruta pronta para consumo.
Em 2013, a Frooty Açaí vai faturar 60 milhões de reais, 25% mais do que em 2012. "Nossos produtos chegam a 22.000 pontos de venda, como supermercados, academias e lanchonetes", diz Cesana.
Recentemente, o uso cada vez mais intenso do açaí por empresas de alimentos, de cosméticos e do setor farmacêutico fez com que o preço da fruta aumentasse — o que preocupou Cesana e seus sócios, Fabio Schop, de 41 anos, e Rogerio Oliveira, de 38. Neste ano, o quilo do açaí está 50% mais caro do que em 2012 — e é o dobro do que se pagava em 2010.
Uma explicação é a dificuldade para obter a fruta. Boa parte da safra ainda é colhida por ribeirinhos que atravessam em pequenas canoas os igarapés dos arredores de Belém, no Pará, para colher o açaí em palmeiras embrenhadas na selva. "Compramos diretamente dos ribeirinhos para conseguir preços melhores do que na cidade", diz Schop. "Com o aumento da concorrência , nem assim conseguimos uma boa negociação."
A situação obrigou os sócios da Frooty Açaí a fazer uma revisão geral nos processos internos. "Precisávamos cortar custos para compensar a infação do açaí", diz Cesana. "Aumentamos os preços 15% neste ano, mas não foi o suficiente." No último mês de julho, os sócios começaram uma caça aos custos aparentemente inofensivos, mas que acabavam comprometendo a eficiência de algumas áreas.
Na fábrica, por exemplo, um novo sistema de monitoramento da produção reduziu desperdícios de matéria-prima. Uma renegociação com operadores logísticos fez o custo do frete cair 12%. Departamentos como marketing e comercial tiveram o orçamento reduzido. O mutirão ajudou a Frooty Açaí a aumentar sua margem de lucro quase 20% em três meses.
"Se os novos padrões de controle se perpetuarem, a empresa pode se tornar ainda mais rentável à medida que ganhar escala", diz Álvaro Guzella, sócio da Falconi Consultores.
A melhora no resultado chegou num momento propício para a Frooty Açaí. Recentemente, Cesana e seus sócios contrataram um assessor financeiro para ajudá-los na negociação com fundos que têm procurado a empresa. "Buscaremos investimento para começar a cultivar nossas fazendas de açaí no norte do país", afirma. "Verticalizar a produção pode nos proteger ainda mais contra oscilações de mercado."
São Paulo - Há algum tempo, seria preciso começar esta reportagem descrevendo o que é, de onde vem e como se come o tal do açaí, aquela frutinha amazônica com propriedades energéticas e antioxidantes. Isso mudou no início dos anos 2000, quando se multiplicaram pelo país as barraquinhas que servem açaí na tigela.
Logo a fruta se tornou conhecida até no exterior, onde caiu no gosto de celebridades e esportistas adeptos da alimentação saudável. O empreendedor Marcelo Cesana, de 41 anos, foi muito benefciado por toda essa exposição. Desde 1999, sua empresa, a paulista Frooty Açaí, vende a polpa da fruta pronta para consumo.
Em 2013, a Frooty Açaí vai faturar 60 milhões de reais, 25% mais do que em 2012. "Nossos produtos chegam a 22.000 pontos de venda, como supermercados, academias e lanchonetes", diz Cesana.
Recentemente, o uso cada vez mais intenso do açaí por empresas de alimentos, de cosméticos e do setor farmacêutico fez com que o preço da fruta aumentasse — o que preocupou Cesana e seus sócios, Fabio Schop, de 41 anos, e Rogerio Oliveira, de 38. Neste ano, o quilo do açaí está 50% mais caro do que em 2012 — e é o dobro do que se pagava em 2010.
Uma explicação é a dificuldade para obter a fruta. Boa parte da safra ainda é colhida por ribeirinhos que atravessam em pequenas canoas os igarapés dos arredores de Belém, no Pará, para colher o açaí em palmeiras embrenhadas na selva. "Compramos diretamente dos ribeirinhos para conseguir preços melhores do que na cidade", diz Schop. "Com o aumento da concorrência , nem assim conseguimos uma boa negociação."
A situação obrigou os sócios da Frooty Açaí a fazer uma revisão geral nos processos internos. "Precisávamos cortar custos para compensar a infação do açaí", diz Cesana. "Aumentamos os preços 15% neste ano, mas não foi o suficiente." No último mês de julho, os sócios começaram uma caça aos custos aparentemente inofensivos, mas que acabavam comprometendo a eficiência de algumas áreas.
Na fábrica, por exemplo, um novo sistema de monitoramento da produção reduziu desperdícios de matéria-prima. Uma renegociação com operadores logísticos fez o custo do frete cair 12%. Departamentos como marketing e comercial tiveram o orçamento reduzido. O mutirão ajudou a Frooty Açaí a aumentar sua margem de lucro quase 20% em três meses.
"Se os novos padrões de controle se perpetuarem, a empresa pode se tornar ainda mais rentável à medida que ganhar escala", diz Álvaro Guzella, sócio da Falconi Consultores.
A melhora no resultado chegou num momento propício para a Frooty Açaí. Recentemente, Cesana e seus sócios contrataram um assessor financeiro para ajudá-los na negociação com fundos que têm procurado a empresa. "Buscaremos investimento para começar a cultivar nossas fazendas de açaí no norte do país", afirma. "Verticalizar a produção pode nos proteger ainda mais contra oscilações de mercado."