Reunião em uma pequena empresa (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2015 às 09h08.
Investimento: quando é hora da empresa reinvestir?
Respondido por Ana Paula Paulino da Costa, especialista em finanças
A concorrência é o ponto fundamental da economia de mercado e se dá de duas formas: pelo surgimento de novas empresas fazendo a mesma coisa que você ou pelo surgimento de produtos que tornam seu produto obsoleto. Taxa de juros, inflação e contexto político delineiam limites e indicam o melhor cronograma para o reinvestimento, mas não são condições suficientes para a decisão de investir.
Mesmo quando a empresa se beneficia de algum poder de monopólio, sendo a única fornecedora do serviço, produto ou mercadoria, a análise das condições de sobrevivência deverá contemplar a pergunta: “essa situação de exclusividade será mantida? Há alguma ameaça a esse poder de monopólio? Se houver, para quando?”.
Qualquer mudança nas condições de concorrência pode afetar o posicionamento da empresa no mercado. Provavelmente, ao antever essa possibilidade, ela pode ser instigada a investir em novos produtos, mercados, tecnologias e procurar novos oceanos azuis para navegar, antes que a mudança ocorra. Inovações, em geral, tem prazos longos de maturação, indo desde a ideia à implementação.
Se a empresa não vê como se reinventar pela inovação, o reinvestimento ainda não está descartado, já que no mínimo ela deve se preparar para um ambiente mais competitivo.
O exercício aqui é identificar os possíveis atributos que serão chaves nessa competitividade: preço, prazo, serviço agregado e funcionalidades. Provavelmente, a empresa terá que reinvestir no aprimoramento ou diferenciação nesses atributos para se preparar para a mudança no ambiente competitivo.
Se a empresa acredita que não há ameaças ao seu posicionamento privilegiado, ela ainda pode reinvestir caso anteveja que o ciclo de vida do negócio está chegando ao fim e deve ser substituído por outro tipo. Por exemplo, quando surgiu a tecnologia digital para fotografias, não adiantava insistir na tecnologia de filmes, mesmo tendo a liderança garantida.
O mesmo ocorreu com as máquinas de datilografia. Mais cedo ou mais tarde, o negócio iria acabar. Não é uma questão de mudança no ambiente competitivo apenas, mas de negócio.
Antes mesmo da empresa perceber uma mudança no longo prazo, ela pode ser impelida a reinvestir. Pode ser para crescer e ganhar um mercado maior com o crescimento do próprio mercado ou além dele, ganhando também participação em cima de concorrentes.
Esse pode ser um caminho para quem vê a oportunidade de crescimento como uma saída para ganhar escala ou para evitar ser engolido por alguém que cresça no seu lugar. A empresa também pode reinvestir para ganhar produtividade e eficiência, podendo competir com custos mais baixos.
Se o diagnóstico é que se pode fazer mais com menos alterando a tecnologia, a qualificação da mão-de-obra, os procedimentos, implantando sistemas integrados de gestão, a empresa deve reinvestir para se posicionar melhor para qualquer alteração no mercado competitivo futuro.
Dessa forma, ela ganha no curto e médio prazo e se prepara para eventualidades no longo prazo. Reduzindo ineficiências, a empresa sempre será mais ágil para se ajustar frente a surpresas e novas ameaças.
Ana Paula Paulino da Costa é especialista em finanças e docente da BSP - Business School São Paulo.