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Qual o segredo por trás dos unicórnios do Vale do Silício

Startups valiosas e residentes na “meca das startups” possuem uma prática detestada por boa parte das companhias. Saiba qual é:

Unicórnios: se as expectativas econômicas forem cumpridas, podemos ver ainda mais negócios inovadores valiosos em 2019 (egal/Thinkstock)

Mariana Fonseca

Publicado em 11 de maio de 2018 às 06h00.

Última atualização em 11 de maio de 2018 às 09h48.

São Paulo - A baía de São Francisco parece uma máquina de atrair dinheiro - especialmente uma região conhecida como Vale do Silício ou “meca das startups ”. De acordo com o banco de negócios inovadores Crunchbase, vivem lá mais de 30 unicórnios (startups avaliadas em 1 bilhão de dólares, ou 3,57 bilhões de reais), incluindo os dois mais valiosos dos Estados Unidos: Uber e Airbnb. Unida, a manada de animais fantásticos soma 140 bilhões de dólares em valuation.

A cada semana, os locais recebem notícias de um aporte de centenas de milhões de dólares, de novos planos de IPO ou de mais uma startup para o clube dos unicórnios - e alguns desejam, internamente, que a cidade volte a ser menos alvo de hype e o custo de vida volte ao normal.

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Mas, afinal, o que as startups do Vale (e da Baía de São Francisco como um todo) possuem de tão diferente? Segundo o Crunchbase, uma análise quantitativa dos unicórnios levou a três grandes regras de ouro dessas startups - uma delas, detestada por boa parte das empresas: investidores poderosos; modelos de negócios fáceis de explicar e voltados ao consumidor; e, por fim, suportar perdas de dinheiro massivas e duradouras.

Perder para ganhar, atrair para gastar

“Perder dinheiro não é um bug, é um feature ”, escreve o Crunchbase. O que isso significa: sua startup pode precisar se arriscar mais (e perder mais dinheiro) até achar o modelo de negócio que a levará ao sucesso e que atrairá investimentos.

Não é apenas prática de empresas minúsculas. O Uber - que já citamos ser a startup mais valiosa dos Estados Unidos - reportou 4,5 bilhões de dólares em perdas em 2017. A Tesla vive na corda bamba sobre se vai dar lucro ou não, entre pressões para dar conta de seus pedidos do elétrico Model 3.

“Por mais que seja frustrante assistir a uma companhia se arrastar de quadrimestre em quadrimestre sem nenhum lucro à vista, há ampla evidência de que a abordagem pode ser muito bem sucedida no longo prazo. A Amazon, de Seattle, é o pôster para essa estratégia. Jeff Bezos, recentemente declarado o homem mais rico do mundo, liderou a companhia por mais de uma década até reportar o primeiro lucro anual.”

Perder dinheiro pode ser uma vantagem competitiva. Todo o faturamento gerado é reinvestido na empresa, para ganhar participação de mercado e captar usuários de forma ágil. Parar de reinvestir e pensar em lucrar pode ficar para depois, quando a concorrência for dizimada, pensam os empreendedores do Vale do Silício.

Os indicadores de market share e clientes podem servir também como chamariz para investimentos. Para um unicórnio, diz o Crunchbase, é melhor receber dinheiro de um fundo prestigiado - a short list do Vale do Silício. Eles só investem nos melhores negócios; possuem capital para fazer reinvestimentos no futuro; e são especialistas em ciclos de negócios rápidos e vendas de startups.

Por fim, as melhores startups do Vale do Silício possuem negócios que você pode explicar a um parente. O Uber é um “aplicativo para fazer viagens no carro de um estranho”, enquanto o Airbnb é “um aplicativo para alugar quartos e apartamentos para estranhos”. Eles se estabelecem em centros urbanos, como São Francisco, justamente para se comunicar melhor com seu público-alvo e chamar a atenção de investidores.

São Francisco é a nova terra das estrelas. Se os aspirantes a expoentes do cinema se acotovelavam para ir a Hollywood nas décadas de 1940 e 1950, os aspirantes a unicórnios hoje dividem espaços abertos no Vale do Silício para serem a mais nova manchete. O sucesso, porém, tem seu preço - e, tão rápido quanto a máquina de São Francisco atrai dinheiro, também o gasta a fundo perdido.

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