Ao todo, são processadas 40 toneladas de polpas por ano, o que proporciona, em média, uma renda superior a R$ 1,2 mil para cada produtor (Dan Jaeger Vendruscolo/SXC)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2012 às 10h12.
Natal - Beneficiar frutas tropicais - como acerola, caju, manga e goiaba – virou, para um grupo de produtores da região do Seridó, mais que uma fonte de subsistência. O processamento de frutas frescas passou a ser encarado como um negócio rentável e lucrativo para 91 famílias do município de Florânia, a 216 km da capital, que se uniram e formaram a Associação dos Produtores Cooperados da Serra do Cajueiro. Dessa união, surgiu a unidade de beneficiamento de polpa de fruta, que leva a marca Cajufruit.
Desde o início, a associação conta com o apoio do Sebrae no Rio Grande do Norte. Ao todo, são processadas 40 toneladas de polpas por ano, o que proporciona, em média, uma renda superior a R$ 1,2 mil para cada produtor. Tudo que é fabricado é destinado exclusivamente a programas de compras governamentais.
Lavar, selecionar, processar, pesar e congelar as frutas passou a ser encarada como uma atividade prazerosa na rotina de Manoel da Silva, um dos líderes dos produtores e que responde pelo grupo. Ele se orgulha da associação, que hoje gera 15 empregos diretos, e explica que o beneficiamento agrega valor às frutas produzidas na região. “Se antes o produtor vendia uma caixa de goiaba por R$ 5, hoje, recebe R$ 45 pela mesma quantidade da fruta, depois de processada”. Metade dos lucros obtidos vão para os produtores e o restante é destinado à manutenção e expansão da associação. Os produtores atuam como fornecedores que abastecem a unidade de processamento.
Mesmo com o sucesso da Cajufruit, ainda há entraves para a ampliação da marca. Manoel da Silva explica que, apesar da capacidade produtiva da região ser alta, apenas 1% da produção de frutas vira polpa. A falta de equipamento de refrigeração e transporte impede a fábrica de aumentar a produção.
“Esse é um modelo de gestão que dá certo porque a associação gera renda ao cooperado. É como se os produtores fossem sócios informais. Tudo é dividido entre eles, analisa o gestor do projeto Aprisco no Agreste e Seridó, Gustavo Medeiros. De acordo com ele, a Cajufruit já participou de diversos projetos junto ao Sebrae, como Territórios da Cidadania, Sebraetec e Agronegócio. “Estamos trabalhando para que eles tenham capacidade de atingir o mercado consumidor, mas tudo precisa acontecer no tempo certo”, argumenta.
Se hoje a unidade de beneficiamento está aumentando a renda dos produtores associados, antes era bem diferente. Inicialmente, o espaço fazia parte de um dos 12 núcleos de beneficiamento de castanha de caju que a cooperativa Coopersertana financiou junto ao Banco do Nordeste. A cooperativa faliu, deixando aos produtores da serra do cajueiro apenas o espaço físico - onde hoje funciona a fábrica -, alguns equipamentos e uma dívida em torno de 300 mil reais.
Superação
A história, que Manoel não gosta de lembrar, é um exemplo de superação. Juntamente com 21 produtores da região, o representante da associação assumiu a dívida da cooperativa e conseguiu um novo financiamento junto ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Assim, passaram a produzir doce e polpa de frutas. Manoel conta que não foi fácil pagar o valor e até mesmo os equipamentos da antiga beneficiadora de castanha foram usados para sanar uma pequena parte da dívida. “Com muito trabalho em conjunto, conseguimos pagar. Hoje, não existem nem vestígios dessa dívida. Nossa expectativa é crescer cada vez mais”, comemora.