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Priorizar o mercado nacional ou internacional?

Julio Vidotti criou um negócio que fatura 1 milhão de reais ao ano com uma rede social para ajudar os clientes a se comunicar com os funcionários. É hora de crescer no Brasil ou de buscar clientes no exterior?

Julio Vidotti, da New Agent (Daniela Toviansky)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2012 às 05h00.

São Paulo - O engenheiro Julio Vidotti, de 51 anos, nunca teve muita paciência com o modo como as empresas se comunicam com os funcionários. "Desde que comecei a trabalhar, já passei pela era dos memorandos datilografados, fax e e-mails", diz ele. "Independentemente do meio, sempre recebi informação em excesso, e raramente dava tempo de ler tudo."

Há pouco mais de quatro anos, quando sites como Twitter e Facebook já eram bastante populares, Vidotti teve a ideia de criar uma espécie de rede social para tornar a troca de informações com os funcionários mais ágil e menos truncada.

"Uma rede social permite juntar, num único site na internet, informações que antes as empresas precisavam disseminar por e-mails, memorandos e murais", diz ele. "Imaginei que as empresas poderiam usar essa ferramenta para tornar sua comunicação interna mais eficiente."

Essa foi a origem da New Agent, que desenvolve redes sociais para ser usadas por outras empresas. Seu principal produto é uma rede social bastante parecida com o Facebook, com espaço em que os funcionários dos clientes podem publicar fotos, anunciar datas de aniversário e receber num só canal, pela internet, as informações da chefia.

As redes também têm uma ferramenta para bate-papo em tempo real que permite que  eles possam conversar entre si e com seus chefes. "Nossos clientes buscam uma maneira de facilitar a comunicação com seu pessoal", afirma Vidotti. "O objetivo é evitar que, em caso de dúvidas sobre como proceder em determinadas situações no trabalho, os funcionários tenham de sair procurando instruções em diversas fontes."

Neste ano, o faturamento da New Agent deve chegar a 1 milhão de reais. Desde que a empresa foi fundada, em 2008, 50 clientes já a contrataram para desenvolver re­des sociais. Por enquanto, os números da New Agent ainda são modestos — somando todo o pessoal empregado pelos clientes, suas redes sociais não têm mais de 2.000 usuários.


Recentemente, Vidotti encontrou o que ele acredita ser uma boa oportunidade de crescimento fora do Brasil. "No começo deste ano, fui fazer um curso de administração para executivos com dois meses de duração em Harvard, nos Estados Unidos", diz ele. "Muitos de meus colegas eram empreendedores ou executivos de grandes empresas, e ficaram interessados na nossa ferramenta."

Desde então, a New Agent já fechou contrato com duas empresas asiáticas — uma em Hong Kong e outra nas Filipinas. "Agora estou negociando com outros cinco clientes americanos", afirma Vidotti. Se tudo der certo, ele acredita que as receitas da empresa possam chegar a 10 milhões de reais no ano que vem.

Agora Vidotti está em dúvida so­­bre qual o melhor caminho a se­guir — investir na expansão da New Agent no mercado externo ou procurar primeiro consolidar os negócios no Brasil. "Não tenho certeza de qual estratégia é a melhor", diz ele.

Para discutir os próximos passos, Exame PME ouviu os empreendedores Fernando Peixoto, sócio da Pixeon, que desenvolve software de gestão de imagens para clínicas e hospitais, e Roberto Alcântara, dono da Angelus, fabricante paranaense de material odontoló­gico que exporta produtos para 65 países. Também opinou Vlademir Bin, da consultoria Adlead Brasil, especializada em novas mídias. Veja o que eles disseram.

Buscar parcerias no exterior

Roberto Alcântara

Angelus  (Londrina, PR): Fabricante de material odontológico

Faturamento: 15 milhões de reais (em 2011, segundo a empresa)

Perspectivas: Nas últimas duas décadas, o número de empresas brasileiras que exportam frequentemente mais do que dobrou. Para os empreende­dores dispostos a enfrentar o desafio de ultrapassar as fronteiras domésticas e crescer no mercado externo, isso mostra que existe bastante espaço para uma expansão internacional.


Oportunidades: Grandes clientes do exterior têm sede de novidades. Com minha experiência, aprendi que oferecer produtos e serviços inovadores é a melhor maneira de uma empresa brasileira abrir as portas do mercado externo. Na Angelus, 30% de seu faturamento vem do exterior.

O que fazer: Vidotti pode aproveitar a receptividade de clientes internacionais a seu produto para investir no crescimento fora do Brasil. Empresas emergentes muitas vezes têm recursos limitados, e os custos de se estabelecer no exterior quase sempre são elevados. Por isso, é importante firmar acordos com empresas dos países onde pretende atuar. Para uma empresa pequena como a New Agent, buscar parceiros locais é uma forma de se estabelecer fora do Brasil sem assumir riscos grandes demais.

Ganhar mercado no Brasil

Fernando peixoto

Pixeon (Florianópolis, SC): Gestão de imagens para clínicas e hospitais

Faturamento: 10 milhões de reais (em 2011, segundo a empresa)

Perspectivas: Num estudo recente, a consultoria americana Forrester Research estimou que as mídias sociais vão formar um mercado de 6,4 bilhões de dólares em 2016 — até lá, esse mercado deve crescer, em média, 60% ao ano. A mesma pesquisa mostra que a procura por meios de comunicação não convencionais continuará aumentando, e isso deve impulsionar o surgimento de novas redes sociais.

Oportunidades: Segundo o IBGE, há 103 000 empresas com até 50 funcionários no Brasil. Não são negócios grandes o bastante para desenvolver suas próprias ferramentas de comunicação, mas podem ser clientes em potencial para a New Agent.


O que fazer: Vidotti deve investir para crescer no país. Aqui, ele poderá acompanhar de perto como a rede social da New Agent é usada pelos clientes e aprimorar seus produtos e serviços. Isso pode ajudá-lo a fortalecer a empresa para, num passo seguinte, exportar.

Às vezes, fica mais fácil vender para pequenas e médias empresas quando a companhia tem um grande cliente que sirva de avalista para a qualidade dos produtos e serviços oferecidos. Vidotti pode fortalecer a New Agent conquistando um grande cliente, mesmo que para isso seja preciso diminuir a rentabilidade para conseguir fechar negócio.

Criar um programa de inovação

Vlademir Bin

Adlead (São Paulo, SP): Consultoria especializada em mídias sociais

Perspectivas: No Brasil, o mercado para negócios na internet é promissor. Cada internauta brasileiro gera, em média, quatro vezes mais tráfego de dados pela rede que a média mundial. Isso torna o ambiente favorável à expansão de uma empresa como a New Agent, especializada em redes sociais.

Oportunidades: Há demanda por ferramentas que mantenham as empresas conectadas não só com os funcionários mas também com clientes, fornecedores e outros parceiros. Caso as redes da New Agent sirvam apenas para a comunicação interna, seu potencial de crescimento pode ser tolhido.

O que fazer: Há muito espaço para um negócio como a New Agent crescer no Brasil. Vidotti deve criar um programa de inovação para que seu negócio continue em evolução — para uma empresa de tecnologia, isso é fundamental. Ele pode fazer parcerias com instituições brasileiras ou no exterior, como os centros de pesquisa no Vale do Silício, de onde se originam 90% das pesquisas que resultam em novas ferramentas para a internet.

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São Paulo - O engenheiro Julio Vidotti, de 51 anos, nunca teve muita paciência com o modo como as empresas se comunicam com os funcionários. "Desde que comecei a trabalhar, já passei pela era dos memorandos datilografados, fax e e-mails", diz ele. "Independentemente do meio, sempre recebi informação em excesso, e raramente dava tempo de ler tudo."

Há pouco mais de quatro anos, quando sites como Twitter e Facebook já eram bastante populares, Vidotti teve a ideia de criar uma espécie de rede social para tornar a troca de informações com os funcionários mais ágil e menos truncada.

"Uma rede social permite juntar, num único site na internet, informações que antes as empresas precisavam disseminar por e-mails, memorandos e murais", diz ele. "Imaginei que as empresas poderiam usar essa ferramenta para tornar sua comunicação interna mais eficiente."

Essa foi a origem da New Agent, que desenvolve redes sociais para ser usadas por outras empresas. Seu principal produto é uma rede social bastante parecida com o Facebook, com espaço em que os funcionários dos clientes podem publicar fotos, anunciar datas de aniversário e receber num só canal, pela internet, as informações da chefia.

As redes também têm uma ferramenta para bate-papo em tempo real que permite que  eles possam conversar entre si e com seus chefes. "Nossos clientes buscam uma maneira de facilitar a comunicação com seu pessoal", afirma Vidotti. "O objetivo é evitar que, em caso de dúvidas sobre como proceder em determinadas situações no trabalho, os funcionários tenham de sair procurando instruções em diversas fontes."

Neste ano, o faturamento da New Agent deve chegar a 1 milhão de reais. Desde que a empresa foi fundada, em 2008, 50 clientes já a contrataram para desenvolver re­des sociais. Por enquanto, os números da New Agent ainda são modestos — somando todo o pessoal empregado pelos clientes, suas redes sociais não têm mais de 2.000 usuários.


Recentemente, Vidotti encontrou o que ele acredita ser uma boa oportunidade de crescimento fora do Brasil. "No começo deste ano, fui fazer um curso de administração para executivos com dois meses de duração em Harvard, nos Estados Unidos", diz ele. "Muitos de meus colegas eram empreendedores ou executivos de grandes empresas, e ficaram interessados na nossa ferramenta."

Desde então, a New Agent já fechou contrato com duas empresas asiáticas — uma em Hong Kong e outra nas Filipinas. "Agora estou negociando com outros cinco clientes americanos", afirma Vidotti. Se tudo der certo, ele acredita que as receitas da empresa possam chegar a 10 milhões de reais no ano que vem.

Agora Vidotti está em dúvida so­­bre qual o melhor caminho a se­guir — investir na expansão da New Agent no mercado externo ou procurar primeiro consolidar os negócios no Brasil. "Não tenho certeza de qual estratégia é a melhor", diz ele.

Para discutir os próximos passos, Exame PME ouviu os empreendedores Fernando Peixoto, sócio da Pixeon, que desenvolve software de gestão de imagens para clínicas e hospitais, e Roberto Alcântara, dono da Angelus, fabricante paranaense de material odontoló­gico que exporta produtos para 65 países. Também opinou Vlademir Bin, da consultoria Adlead Brasil, especializada em novas mídias. Veja o que eles disseram.

Buscar parcerias no exterior

Roberto Alcântara

Angelus  (Londrina, PR): Fabricante de material odontológico

Faturamento: 15 milhões de reais (em 2011, segundo a empresa)

Perspectivas: Nas últimas duas décadas, o número de empresas brasileiras que exportam frequentemente mais do que dobrou. Para os empreende­dores dispostos a enfrentar o desafio de ultrapassar as fronteiras domésticas e crescer no mercado externo, isso mostra que existe bastante espaço para uma expansão internacional.


Oportunidades: Grandes clientes do exterior têm sede de novidades. Com minha experiência, aprendi que oferecer produtos e serviços inovadores é a melhor maneira de uma empresa brasileira abrir as portas do mercado externo. Na Angelus, 30% de seu faturamento vem do exterior.

O que fazer: Vidotti pode aproveitar a receptividade de clientes internacionais a seu produto para investir no crescimento fora do Brasil. Empresas emergentes muitas vezes têm recursos limitados, e os custos de se estabelecer no exterior quase sempre são elevados. Por isso, é importante firmar acordos com empresas dos países onde pretende atuar. Para uma empresa pequena como a New Agent, buscar parceiros locais é uma forma de se estabelecer fora do Brasil sem assumir riscos grandes demais.

Ganhar mercado no Brasil

Fernando peixoto

Pixeon (Florianópolis, SC): Gestão de imagens para clínicas e hospitais

Faturamento: 10 milhões de reais (em 2011, segundo a empresa)

Perspectivas: Num estudo recente, a consultoria americana Forrester Research estimou que as mídias sociais vão formar um mercado de 6,4 bilhões de dólares em 2016 — até lá, esse mercado deve crescer, em média, 60% ao ano. A mesma pesquisa mostra que a procura por meios de comunicação não convencionais continuará aumentando, e isso deve impulsionar o surgimento de novas redes sociais.

Oportunidades: Segundo o IBGE, há 103 000 empresas com até 50 funcionários no Brasil. Não são negócios grandes o bastante para desenvolver suas próprias ferramentas de comunicação, mas podem ser clientes em potencial para a New Agent.


O que fazer: Vidotti deve investir para crescer no país. Aqui, ele poderá acompanhar de perto como a rede social da New Agent é usada pelos clientes e aprimorar seus produtos e serviços. Isso pode ajudá-lo a fortalecer a empresa para, num passo seguinte, exportar.

Às vezes, fica mais fácil vender para pequenas e médias empresas quando a companhia tem um grande cliente que sirva de avalista para a qualidade dos produtos e serviços oferecidos. Vidotti pode fortalecer a New Agent conquistando um grande cliente, mesmo que para isso seja preciso diminuir a rentabilidade para conseguir fechar negócio.

Criar um programa de inovação

Vlademir Bin

Adlead (São Paulo, SP): Consultoria especializada em mídias sociais

Perspectivas: No Brasil, o mercado para negócios na internet é promissor. Cada internauta brasileiro gera, em média, quatro vezes mais tráfego de dados pela rede que a média mundial. Isso torna o ambiente favorável à expansão de uma empresa como a New Agent, especializada em redes sociais.

Oportunidades: Há demanda por ferramentas que mantenham as empresas conectadas não só com os funcionários mas também com clientes, fornecedores e outros parceiros. Caso as redes da New Agent sirvam apenas para a comunicação interna, seu potencial de crescimento pode ser tolhido.

O que fazer: Há muito espaço para um negócio como a New Agent crescer no Brasil. Vidotti deve criar um programa de inovação para que seu negócio continue em evolução — para uma empresa de tecnologia, isso é fundamental. Ele pode fazer parcerias com instituições brasileiras ou no exterior, como os centros de pesquisa no Vale do Silício, de onde se originam 90% das pesquisas que resultam em novas ferramentas para a internet.

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