Por que você deve falar não para um investidor
Saiba quais são os indicadores de que o investidor não é o melhor para sua empresa
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2012 às 11h01.
Quais são os sinais de que você deve falar 'não' para um investidor?
Respondido por Fernando Campos, especialista em startups
Como empreendedor você já deve ter se deparado com situações em que teve que medir palavras para preservar seus “planos secretos”. Em conversas com potenciais investidores, por melhores que sejam as referências, cuidados devem ser tomados. É importante saber detectar sinais de que aquele investidor não é a pessoa certa para a sua empresa. Veja abaixo atitudes que podem indicar que está na hora de buscar novas opções.
1. Investidor inseguro
É comum encontrar no mercado investidores aventureiros, pessoas que agem de forma séria e dedicada, mas que no fundo não sabem ao certo o que estão fazendo ao investir em startups . Este tipo de investidor, ainda que sem má intenção, acaba atrasando o processo com questionamentos desnecessários e exigências excessivas. O perfil de investidores-anjo e venture capitals no Brasil ainda é um pouco diferente do estilo americano, sendo que investidores locais tendem a ser mais cautelosos.
Saiba diferenciar um investidor cauteloso de um inseguro. Na prática um investidor cauteloso pedirá dados e informações de forma objetiva e que façam sentido em um investimento de risco, como certidões para comprovar sua idoneidade e dados que corroborem suas projeções.
Já um investidor inseguro tenderá a se preocupar com aspectos menos relevantes, como a exigência de informações sobre iniciativas e pessoas que não impactam o negócio ou o agendamento de reuniões sucessivas com pouco progresso. Este tipo de investidor acaba fazendo com que o processo se arraste enquanto ele tenta se decidir sobre o que quer fazer.
2. Exigências de Garantia
Investimento anjo e de venture capital são investimentos de alto risco e que podem significar a perda total ou parcial do capital aportado. Investidores profissionais entendem isso e sabem que esta é a regra do jogo. Pessoas que exigem algum tipo de garantia real como veículos, imóveis ou mesmo a assinatura de notas promissórias que garantam o retorno do valor aportado em caso de fracasso não são investidores, mas, na melhor das hipóteses, são agiotas (ou “anjiotas” como alguns gostam de falar). Este não é o tipo de sócio que você deve querer ter.
3. Conflito de interesses
Em mercados com inúmeras inovações em um mesmo segmento como o de internet, é fácil encontrar investidores que tenham investimentos em várias empresas do mesmo ramo. Isso não representa nenhum problema, mas fique atento ao portfólio do investidor para ver se algum de seus projetos não possui conflito de interesses com o seu.
Se outra empresa investida é potencialmente sua concorrente ou pode se beneficiar de alguma informação sigilosa do seu projeto, e não há conversas sobre uma potencial união ou compartilhamento de dados, tome cuidado. Ainda que não haja má fé no investidor em questão, você pode acabar entrando em conflito com a outra empresa, situação na qual o investidor poderá ter que interferir em favor de uma empresa ou de outra, prejudicando todos os envolvidos.
4. Incompatibilidade de personalidade
Este é um ponto que não deixo de frisar quando converso com empreendedores. Ao conversar com um potencial investidor, avalie o tipo de interação pessoal que se desenvolve. Se a conversa toma um rumo mesquinho e desconfiado já de início, você já sabe que aquela relação provavelmente não irá funcionar.
A convivência de investidores mais agressivos com empreendedores muito conservadores pode significar problemas mais adiante. Investidores tendem a entrar no seu projeto com objetivo de altos retornos em um futuro próximo com a venda de sua participação. Se você, como empreendedor, não concorda com a venda parcial ou total da empresa em dado momento ou não aceita a interferência em seus planos, talvez esta não seja a melhor hora para esta parceria.
Entenda quando as diferenças entre você e o investidor são, na prática, benéficas. Essas diferenças são os fatores que ajudarão a criar uma cultura complementar em sua empresa.