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Por que as empresas fecham?

Sebrae-SP aponta falta de comportamento empreendedor e falha no planejamento entre os principais motivos

Empresa fechada (Jason/Creative Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de dezembro de 2010 às 10h12.

São Paulo - Segundo dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo, de 1990 a 2008 foram abertas no estado 2.603.233 empresas - uma média de 137.012 empresas iniciadas a cada ano. Nesses 18 anos, por outro lado, foram fechadas 1.650.953 empresas com até cinco anos de mercado, o que representa uma média anual de fechamento de 86.892 empresas de um a cinco anos de funcionamento.

Cada novo estudo produzido pelo Sebrae em São Paulo reforça que não é possível atribuir a um único fator a causa da mortalidade das empresas. Em geral, o encerramento das empresas é causado por um conjunto de problemas ou falhas. Seis foram os principais fatores identificados: ausência de comportamento empreendedor, ausência de um planejamento prévio adequado, deficiências no processo de gestão empresarial, insuficiência de políticas publicas de apoio aos pequenos negócios, dificuldades decorrentes da conjuntura econômica e impacto de problemas pessoais sobre o negócio.

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Planejamento

Ao longo dos anos, foi constatada uma melhora relativa nos fatores que influenciam nas chances de sobrevivências das empresas. Os proprietários de empresas constituídas em 2007 levaram, em média, nove meses planejando suas atividades, ante sete meses em 2000. Da mesma forma, também houve uma melhora na gestão básica das empresas: em 2000, 72% dos empresários monitoravam constantemente a evolução das receitas e despesas (fluxo de caixa), índice que subiu para 77% em 2007. Em 2007, 95% dos empresários tinham o hábito de aperfeiçoar produtos e serviços às necessidades dos clientes; em 2000, eram 79%.

O ambiente para a realização de negócios também evoluiu favoravelmente no período. Além do controle da inflação e do crescimento da economia verificados no período, o indicador de obtenção de empréstimos para abrir uma empresa subiu de 6%, em 2000, para 14% em 2007.

Dificuldades

A pesquisa mais recente apresenta, também, a opinião dos empresários sobre as principais dificuldades enfrentadas no primeiro ano de atividade da empresa: falta de clientes (citada por 29% dos empresários) e falta de capital (21%). A burocracia e os impostos foram citados por 7% dos entrevistados e 5% apontaram a concorrência como a maior dificuldade.

O sentimento predominante de quem encerrou as atividades foi o de frustração e perda para 29%; tristeza e mágoa foram sentidos por 19% dos entrevistados. Entre as respostas espontâneas à pergunta, 18% declaram que não sentiram nada. Outros 9% disseram ainda que sentiram alívio ou tranquilidade ao encerrarem as atividades. Arrependimento foi a sensação de 2% e 24% apontaram outros sentimentos.

A estimativa do custo social do fechamento das empresas paulistas impressiona: 348 mil ocupações desaparecem por ano com o fechamento de 86 mil empresas. A soma da perda da poupança pessoal dos empreendedores com o capital investido no sonho do negócio próprio representa R$ 1,4 bilhão por ano. Com o fechamento dessas empresas perde-se um faturamento de R$ 18,2 bilhões, que, somado à perda do capital investido pelos empreendedores, atinge a cifra dos R$ 19,6 bilhões anuais (dados para 2008). Uma perda que equivale a 811,7 mil carros populares ou 27, 5 milhões de refrigeradores, ou, ainda, 67 milhões de cestas básicas.

Financiamento

A principal fonte de financiamento (83%) utilizada pelos empreendedores para montar a empresa, entre 2003 e 2007, foi a soma de recursos pessoais ou familiares. Como cada empreendedor pode utilizar mais de uma fonte de recursos, empréstimos em bancos (12%), negociação de prazos com fornecedores (12%), cartão de crédito ou cheque pré-datado (7%), empréstimo com amigos (6%) e outras fontes (4%) também foram relatadas.

Para o consultor do Sebrae em São Paulo Pedro João Gonçalves, alguns fatores relacionados à sobrevivência das empresas em seus primeiros anos no mercado estão ligados ao ambiente onde a empresa atua. Ele cita como exemplos a conjuntura econômica e a legislação. No entanto, pondera, outros fatores estão ligados à própria ação do empreendedor. “No âmbito do empreendedor, ele deve se preparar para atuar num mercado altamente competitivo, planejando como irá atuar, antes de abrir o empreendimento. Deve identificar o público-alvo, quem serão seus concorrentes e fornecedores. Após a abertura da empresa, o empresário não pode descuidar da gestão básica, como o controle do fluxo de receitas e despesas e o acompanhamento das mudanças dos hábitos dos consumidores. Itens básicos como finanças e marketing devem sempre ser observados para o sucesso da atividade empresarial”, recomenda o consultor.

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