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Picolé recheado é nova febre de empreendedores

Feitas de maneira artesanal, as paletas de origem mexicana podem ser de frutas, cremosas ou recheadas

Paletas da franquia Los Paleteros (Los Paleteros/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 13h12.

São Paulo – O verão deste ano em São Paulo foi considerado um dos mais quentes da história. Enquanto a maioria das pessoas reza por temperaturas mais amenas e ar condicionado, alguns empreendedores torcem para a temporada quente não acabar. Depois dos cupcakes, frozen yogurt e bolos caseiros, é hora das paleterias mexicanas virarem febre entre os novos negócios.

Elas podem ser de morango com leite condensado, doce de leite, abacaxi, goiaba ou chocolate. Até pouco tempo, quase ninguém conhecia as paletas, esses picolés, geralmente recheados, que são famosos no México e caíram no gosto do consumidor brasileiro. Com quase o dobro do tamanho de um picolé tradicional, eles têm, em média, 120 gramas e ganharam um empurrãozinho das altas temperaturas neste verão para virar tendência de negócio.

“É um produto que tem apelo pelo tamanho, por ser artesanal e não ter produtos químicos. Tem tudo para ser um sucesso”, afirma José Carmo Vieira de Oliveira, consultor do Sebrae-SP. Uma paleta custa, em média, sete reais, dependendo do sabor e do tipo.

Para Eduardo Weisberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ASIS), o segmento de sorvetes está em alta e o boom de gelaterias italianas nos últimos anos é um dos sinais do mercado aquecido. As estatísticas da ABIS mostram que desde 2003, o crescimento do consumo de sorvete per capita, em litros por ano, teve um crescimento de 62,5% até 2012. “Temos muito espaço ainda para crescer e há espaço para todo tipo de indústria, de gelateria a picolés”, afirma Weisberg.

Uma das primeiras empresas a vender a novidade foi a Paleteria. Foi após uma temporada no México com o marido que a designer Elysa Barranco, sócia proprietária da Paleteria, teve a ideia de trazer o picolé mexicanos ao Brasil. “No México, a paleta é feita artesanalmente e caseira. Demoramos um ano para desenvolver a receita”, conta. A Paleteria foi inaugurada em abril de 2011, em Curitiba, e hoje conta com seis lojas, sendo duas franquias.

Hoje, pelo menos outras cinco empresas já entraram neste mercado. A primeira loja da Los Paleteros, por exemplo, foi inaugurada em dezembro de 2012, no Balneário de Camboriú, em Santa Catarina. O desejo de empreender uniu os engenheiros de computação Gean Chu e Gilberto Verona. “Nós já planejávamos expandir por meio de franquias e o Balneário recebe muitos turistas. Em poucas semanas, muitas pessoas queriam o negócio”, conta Chu.


O investimento para abrir a primeira fábrica e unidade foi de 1,1 milhão de reais, capital que veio de um investimento-anjo. Hoje, a rede tem duas lojas próprias e 15 unidades franqueadas. Segundo o empresário, o objetivo para esse ano é chegar a até 60 lojas. “O foco será na região Sul e Sudeste. Queremos entrar em São Paulo com força, com várias lojas de uma vez”, explica. “Temos duas fábricas. Começamos com uma piloto e inauguramos uma outra com 4,5 mil metros quadrados de área construída, na cidade de Barracão, em parceria com o governo do Paraná”, completa.

Segundo Chu, o investimento foi de 9,5 milhões de reais e contará com incentivos fiscais por meio do programa Paraná Competitivo. A escolha da cidade foi estratégica por ser perto da fronteira com a Argentina, a localização pode ajudar no escoamento da produção para o resto do continente.

“Com essa fábrica podemos atender mais ou menos 200 franquias. Além disso, a nova fábrica segue as regras sanitárias de outros países, já que temos interesse em internacionalizar a marca”, diz. Com a nova fábrica em pleno funcionamento, a produção chegará a dois milhões de paletas ao mês. Aos interessados em investir no negócio, uma franquia da marca tem investimento inicial de 230 mil reais.

Foi também em um passeio pelo México que Ravi Leite conheceu a iguaria e, junto com Gabriel Fernandes, criou a Me Gusta Picolés Artesanais. Formados em gastronomia, os dois sócios viram uma oportunidade de negócio e, em novembro do ano passado, começaram a vender na Feirinha Gastronômica, localizada na praça Benedito Calixto, em São Paulo. Eles investiram 20 mil reais para começar o negócio.

“É algo novo, mas com sabor de verdade. Acho que a gente ficou acostumado com o picolé industrializado e as pessoas se surpreendem com o sabor natural. O interesse é crescente e não conseguimos atender toda a demanda”, explica Fernandes. De acordo com o empreendedor, em um final de semana são vendidas, em média, 3,5 mil paletas. Além da presença na feirinha, a marca trabalha com encomendas, com mais de 40 opções de sabores. “Aquele que for o melhor e cativar o cliente vai se manter no mercado. A clientela quando gosta do produto se torna fiel”, afirma Fernandes. A inauguração da primeira loja do Me Gusta está prevista para o começo de março, na rua Augusta, em São Paulo.

Outros empreendedores que resolveram apostar nas paletas em São Paulo foram os irmãos Marco, Marcel e Marcio Menzani. A Los Hermanos foi inaugurada em janeiro deste ano, em Santana, na zona norte de São Paulo. “Começamos a desenvolver o projeto em 2011, e viajamos para o México para conhecer o produto mais a fundo”, conta Marco Menzani. Em um mês, a marca comercializou mais de 43 mil paletas. “A nova fábrica ficará pronta em junho e a expectativa é que a produção chegue a 50 mil paletas por dia”, explica Menzani.


Até o final do ano, a marca espera abrir outras três lojas próprias na capital paulista. A expectativa é que no primeiro trimestre sejam comercializadas 200 mil paletas.

Desafios: expansão e concorrência

Para a maioria das paleterias, um dos principais desafios é se destacar da concorrência e se tornar uma referência no mercado. Nesse caso, Oliveira explica que o trabalho de comunicação é um aliado indispensável. “Para ter credibilidade, é preciso pegar a origem das paletas mexicanas e trabalhar essa referência”, afirma. Para Eduardo Weisberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ASIS), investir e inovar sempre são saídas para quem deseja se estabelecer e se diferenciar dos outros players.

Ter um diferencial é importante. A Los Paleteros, por exemplo, está testando um formato com drive thru. “Soluciona o problema da falta de vagas para estacionar. Em um domingo, das quatro mil paletas vendidas, mil foram por meio do drive thru”, explica.

Já Elysa afirma que a expansão da marca é lenta por conta da produção artesanal das paletas. “Manter a nossa qualidade é o grande desafio”, afirma. Uma das novidades da marca é a parceria com a Nestlé: a paleta de morango com leite condensado terá um selo que indicará o uso do Leite Moça da marca. O sabor representa 40% das vendas da Paleteria.

A produção de paletas para eventos é outra maneira de aumentar a receita das paleterias. Casamentos, festas de formaturas e eventos corporativos são alguns exemplos. “É um braço que estamos tentando tomar mais cuidado porque virou uma quase nova empresa”, explica Elysa.

Interessados em aproveitar a tendência e abrir uma paleteria, Oliveira, do Sebrae/SP, afirma que o produto tem potencial, mas ressalta que o sucesso depende do preparo do empreendedor. “Às vezes, o produto é bom, mas o empreendedor não pode deixar de fazer uma análise correta do mercado e um plano de negócios”, conta.

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São Paulo – O verão deste ano em São Paulo foi considerado um dos mais quentes da história. Enquanto a maioria das pessoas reza por temperaturas mais amenas e ar condicionado, alguns empreendedores torcem para a temporada quente não acabar. Depois dos cupcakes, frozen yogurt e bolos caseiros, é hora das paleterias mexicanas virarem febre entre os novos negócios.

Elas podem ser de morango com leite condensado, doce de leite, abacaxi, goiaba ou chocolate. Até pouco tempo, quase ninguém conhecia as paletas, esses picolés, geralmente recheados, que são famosos no México e caíram no gosto do consumidor brasileiro. Com quase o dobro do tamanho de um picolé tradicional, eles têm, em média, 120 gramas e ganharam um empurrãozinho das altas temperaturas neste verão para virar tendência de negócio.

“É um produto que tem apelo pelo tamanho, por ser artesanal e não ter produtos químicos. Tem tudo para ser um sucesso”, afirma José Carmo Vieira de Oliveira, consultor do Sebrae-SP. Uma paleta custa, em média, sete reais, dependendo do sabor e do tipo.

Para Eduardo Weisberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ASIS), o segmento de sorvetes está em alta e o boom de gelaterias italianas nos últimos anos é um dos sinais do mercado aquecido. As estatísticas da ABIS mostram que desde 2003, o crescimento do consumo de sorvete per capita, em litros por ano, teve um crescimento de 62,5% até 2012. “Temos muito espaço ainda para crescer e há espaço para todo tipo de indústria, de gelateria a picolés”, afirma Weisberg.

Uma das primeiras empresas a vender a novidade foi a Paleteria. Foi após uma temporada no México com o marido que a designer Elysa Barranco, sócia proprietária da Paleteria, teve a ideia de trazer o picolé mexicanos ao Brasil. “No México, a paleta é feita artesanalmente e caseira. Demoramos um ano para desenvolver a receita”, conta. A Paleteria foi inaugurada em abril de 2011, em Curitiba, e hoje conta com seis lojas, sendo duas franquias.

Hoje, pelo menos outras cinco empresas já entraram neste mercado. A primeira loja da Los Paleteros, por exemplo, foi inaugurada em dezembro de 2012, no Balneário de Camboriú, em Santa Catarina. O desejo de empreender uniu os engenheiros de computação Gean Chu e Gilberto Verona. “Nós já planejávamos expandir por meio de franquias e o Balneário recebe muitos turistas. Em poucas semanas, muitas pessoas queriam o negócio”, conta Chu.


O investimento para abrir a primeira fábrica e unidade foi de 1,1 milhão de reais, capital que veio de um investimento-anjo. Hoje, a rede tem duas lojas próprias e 15 unidades franqueadas. Segundo o empresário, o objetivo para esse ano é chegar a até 60 lojas. “O foco será na região Sul e Sudeste. Queremos entrar em São Paulo com força, com várias lojas de uma vez”, explica. “Temos duas fábricas. Começamos com uma piloto e inauguramos uma outra com 4,5 mil metros quadrados de área construída, na cidade de Barracão, em parceria com o governo do Paraná”, completa.

Segundo Chu, o investimento foi de 9,5 milhões de reais e contará com incentivos fiscais por meio do programa Paraná Competitivo. A escolha da cidade foi estratégica por ser perto da fronteira com a Argentina, a localização pode ajudar no escoamento da produção para o resto do continente.

“Com essa fábrica podemos atender mais ou menos 200 franquias. Além disso, a nova fábrica segue as regras sanitárias de outros países, já que temos interesse em internacionalizar a marca”, diz. Com a nova fábrica em pleno funcionamento, a produção chegará a dois milhões de paletas ao mês. Aos interessados em investir no negócio, uma franquia da marca tem investimento inicial de 230 mil reais.

Foi também em um passeio pelo México que Ravi Leite conheceu a iguaria e, junto com Gabriel Fernandes, criou a Me Gusta Picolés Artesanais. Formados em gastronomia, os dois sócios viram uma oportunidade de negócio e, em novembro do ano passado, começaram a vender na Feirinha Gastronômica, localizada na praça Benedito Calixto, em São Paulo. Eles investiram 20 mil reais para começar o negócio.

“É algo novo, mas com sabor de verdade. Acho que a gente ficou acostumado com o picolé industrializado e as pessoas se surpreendem com o sabor natural. O interesse é crescente e não conseguimos atender toda a demanda”, explica Fernandes. De acordo com o empreendedor, em um final de semana são vendidas, em média, 3,5 mil paletas. Além da presença na feirinha, a marca trabalha com encomendas, com mais de 40 opções de sabores. “Aquele que for o melhor e cativar o cliente vai se manter no mercado. A clientela quando gosta do produto se torna fiel”, afirma Fernandes. A inauguração da primeira loja do Me Gusta está prevista para o começo de março, na rua Augusta, em São Paulo.

Outros empreendedores que resolveram apostar nas paletas em São Paulo foram os irmãos Marco, Marcel e Marcio Menzani. A Los Hermanos foi inaugurada em janeiro deste ano, em Santana, na zona norte de São Paulo. “Começamos a desenvolver o projeto em 2011, e viajamos para o México para conhecer o produto mais a fundo”, conta Marco Menzani. Em um mês, a marca comercializou mais de 43 mil paletas. “A nova fábrica ficará pronta em junho e a expectativa é que a produção chegue a 50 mil paletas por dia”, explica Menzani.


Até o final do ano, a marca espera abrir outras três lojas próprias na capital paulista. A expectativa é que no primeiro trimestre sejam comercializadas 200 mil paletas.

Desafios: expansão e concorrência

Para a maioria das paleterias, um dos principais desafios é se destacar da concorrência e se tornar uma referência no mercado. Nesse caso, Oliveira explica que o trabalho de comunicação é um aliado indispensável. “Para ter credibilidade, é preciso pegar a origem das paletas mexicanas e trabalhar essa referência”, afirma. Para Eduardo Weisberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ASIS), investir e inovar sempre são saídas para quem deseja se estabelecer e se diferenciar dos outros players.

Ter um diferencial é importante. A Los Paleteros, por exemplo, está testando um formato com drive thru. “Soluciona o problema da falta de vagas para estacionar. Em um domingo, das quatro mil paletas vendidas, mil foram por meio do drive thru”, explica.

Já Elysa afirma que a expansão da marca é lenta por conta da produção artesanal das paletas. “Manter a nossa qualidade é o grande desafio”, afirma. Uma das novidades da marca é a parceria com a Nestlé: a paleta de morango com leite condensado terá um selo que indicará o uso do Leite Moça da marca. O sabor representa 40% das vendas da Paleteria.

A produção de paletas para eventos é outra maneira de aumentar a receita das paleterias. Casamentos, festas de formaturas e eventos corporativos são alguns exemplos. “É um braço que estamos tentando tomar mais cuidado porque virou uma quase nova empresa”, explica Elysa.

Interessados em aproveitar a tendência e abrir uma paleteria, Oliveira, do Sebrae/SP, afirma que o produto tem potencial, mas ressalta que o sucesso depende do preparo do empreendedor. “Às vezes, o produto é bom, mas o empreendedor não pode deixar de fazer uma análise correta do mercado e um plano de negócios”, conta.

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