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Os segredos da Bacio di Latte, a sorveteria de R$ 150 milhões

As apostas que fizeram da marca a preferida entre os paulistanos agora levam os gelatos para os Estados Unidos.

(Foto/Divulgação)

Mariana Desidério

Publicado em 19 de dezembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 19 de dezembro de 2017 às 06h00.

São Paulo – Quem nunca comeu o gelato da Bacio di Latte não sabe o que está perdendo. Há seis anos no mercado, a sorveteria foi eleita a preferida entre os paulistanos, que costumam formar fila na porta das lojas à espera da sua vez de saborear o doce.

Resultado: a marca vai fechar 2017 com um faturamento de 150 milhões de reais, um crescimento invejável de 70% em relação a 2016, quando chegou aos 88 milhões de reais. Isso em plena crise.

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Qual o segredo para tanto sucesso? “Acredito que acertamos a mosca branca, em termos de timing, de produto, de tudo. Foi talento, mas muita sorte também”, afirma o dono da marca , o italiano Edoardo Tonolli.

Nascida na rua Oscar Freire, em São Paulo, a Bacio di Latte usa a receita italiana na fabricação dos sorvetes, que por isso são chamados de gelatos. Isso quer dizer que os sabores levam mais creme de leite e leite do que os sorvetes comuns, o que os deixa mais cremosos, explica Tonolli.

A receita fez tanto sucesso por aqui que surgiram diversas casas semelhantes, criadas na esteira do sucesso da marca – quase tão comum quanto uma fila na porta da Bacio, é encontrar sorveterias nascidas após seu surgimento.

No entanto, o empreendedor afirma não estar preocupado com a concorrência. “Vejo como um movimento muito bom, porque na medida em que se abre o nicho, mais pessoas vão considerar tomar um sorvete. O gelato é um produto novo por aqui e há um mercado gigantesco a ser criado e explorado”, afirma.

O empreendedor Edoardo Tonolli, dono da Bacio di Latte (Foto)

Os segredos da Bacio

O primeiro ponto que difere a gelateria de uma sorveteria comum é o seu produto. Na Bacio di Latte, o sorvete é feito de forma artesanal, com os melhores ingredientes possíveis.

O creme de pistache da marca, por exemplo, vem da Itália. O doce de leite vem do Uruguai, e os chocolates vêm da Bélgica e da França. “Procuramos os melhores produtores no mundo para cada ingrediente”, explica Tonolli.

Outro diferencial é que os sorvetes da Bacio são preparados diariamente na própria loja, o que garante o frescor do produto. Das 82 unidades espalhadas pelo país, 95% preparam o sorvete in loco. As demais, em especial os quiosques, que possuem estrutura reduzida, recebem o produto de uma cozinha central.

Mas não é só de sorvete que é feita a magia da Bacio di Latte. “Temos um conceito e um foco na experiência. Com isso, o produto deixa de ser só um gelato e passa a ser um momento que você passa com seu amigo, sua avó, seu filho, seu neto”, afirma. É por isso que as lojas da Bacio di Latte têm lugares confortáveis para sentar, além de uma decoração cuidadosa.

O empreendedor acredita ainda que o preço dos potinhos também é um diferencial. Não que a Bacio seja uma sorveteria barata. Mas ela tem estratégia que ajuda a deixar o valor do doce menos salgado para o bolso: diferente das sorveterias comuns, a Bacio di Latte não cobra pela bola do sorvete, e sim pelo tamanho do copinho. Com isso, dá para gastar menos e ainda assim experimentar mais de um sabor do gelato.

A intenção da marca é ser uma alternativa de programa. “Se o produto deixa de ser o gelato e passa a ser a experiência, uma alternativa de passeio, o custo não é tão alto. É mais barato que um cinema, por exemplo”, afirma o empreendedor.

Loja da Bacio di Latte (Foto)

Expansão

Tanto sucesso nasceu de uma insatisfação: Tonolli trabalhava na empresa de sua família na Itália, no mercado financeiro, e não se sentia realizado. “Eu não me encontrava muito bem, não conseguia ver o que eu vendia, achava sem sentido”, conta.

Decidiu se arriscar pelo Brasil com o sócio escocês Nick Johnston, e resgatar uma velha ideia de negócio: uma gelateria, sorveteria do tipo que a Itália conhece bem, mas que ainda é novidade na maior parte dos países.

O investimento para começar o negócio foi de 1,2 milhão de reais, e veio principalmente da família de Tonolli, em especial seu irmão. Em 2016, com a marca já em expansão, o empreendedor foi em busca de um investidor para alavancar o crescimento da gelateria. Foi então que recebeu um aporte de 25 milhões de um fundo de investimento, que ficou 23% da empresa.

Quando nasceu, em 2011, o plano da marca era abrir até 40 lojas pelo país. Seis anos  depois, são 82 unidades no Brasil, mais uma inaugurada este ano nos Estados Unidos, em Loas Angeles.

Porém, se você ficou com vontade de investir numa unidade da marca, vai ter que esperar um bom tempo. Todas as lojas até agora são próprias, e os donos não têm intenção de franquear tão cedo.

O motivo, diz Tonolli, é o apreço pela qualidade. “Manter uma produção artesanal numa loja franqueada sem perder a qualidade é muito difícil. Então queremos consolidar os processos, para depois talvez franquear sem grandes riscos”, afirma o empreendedor .

Isso não quer dizer que a marca não tenha planos ousados para o próximo ano. A expectativa para 2018 é abrir até 40 lojas no Brasil, e quem sabe outras duas ou três nos Estados Unidos, que também não conhecem muito os gelatos italianos e são um grande mercado em potencial.

Se a recepção dos americanos for semelhante à dos brasileiros, só haverá motivos para comemorar.

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