O que fazer quando a empresa não dá lucro?
Sua empresa vende, mas não sobra nada no fim do mês? A situação pode deixar qualquer empreendedor ansioso. Veja como lidar com isso:
Mariana Desidério
Publicado em 9 de novembro de 2016 às 15h00.
Última atualização em 9 de novembro de 2016 às 15h00.
Dúvida do leitor: Tenho uma empresa que existe há 8 anos, gera receita, mas não enxergamos lucros pois no final do mês não sobra dinheiro no caixa. O que fazer?
Permito-me fazer algumas reflexões, dadas as dúvidas de inúmeros empreendedores, principalmente em épocas de recessão econômica. Volto a adjetivar o empreendedorismo como um “ato de heroísmo”, que requer inúmeras competências e habilidades por parte de quem decide enfrentar as incertezas do mercado e realizar o sonho de sucesso com seu negócio próprio.
Uma das competências é o controle da ansiedade em relação ao retorno financeiro e lucro. É necessário, portanto, manter o autocontrole, a paciência e o entendimento de que, no mundo dos negócios, temos momentos de retorno garantido e positiva sobra no caixa. Em outros momentos, apesar de todos os esforços, o dinheiro diminui e os lucros ficam cada vez mais distantes de serem alcançados.
Volto a sugerir ter em mente quatro palavras, as quais devem ser internalizadas e transformadas em competências a serem desenvolvidas: organizar, disciplinar, criar e equilibrar. Darei início à reflexão pela palavra equilibrar.
Para alcançar a lucratividade de negócios é necessário o exercício do equilíbrio entre receita e despesa. Esta talvez seja uma competência a ser desenvolvida, diante da ansiedade em, muitas vezes, investir para crescer. O fato é que, dependendo do momento externo e de todo contexto interno, nem sempre investir é sinal de crescimento e de lucratividade
Ainda sobre investimento é necessário atentar-se ao controle de estoque. Conheço empreendedores que mantêm uma excessiva quantidade de mercadorias, sem levar em conta que armazém cheio não é sinal de ganho.
Um conselho é fazer promoções para transformar os produtos estocados em dinheiro no caixa. Nos momentos atuais, a regra básica do estoque é “nem mais, nem menos, apenas o essencial”.
Outro ponto de equilíbrio está na negociação com seus fornecedores, estabelecendo um alinhamento entre os prazos de pagamentos com as entradas de dinheiro no caixa.
Negocie também valores e taxas de juros, bem como volume de compra e processos de entregas. Caso não seja possível, mude de fornecedor, sempre com o foco na redução de custos.
Alcançado esse equilíbrio, chegou a hora de criar a disciplina de controle sobre o fluxo de caixa. Ao disciplinar esse controle, pode-se analisar as entrada e saídas, a fim de chegar às possíveis perdas de lucro.
Crie registros de tudo: contas a receber, contas a pagar, categorias de receitas e despesas, identificações de movimentos financeiros nas contas bancárias da empresa. Institua, ainda, registros por categoria de cada movimento no fluxo de caixa.
Por fim, o caminho para enxergar os lucros é organizar. A organização de todos os processos administrativos, de produção, financeiros e de pessoal, permite chegar de fato naquilo que está fazendo com que seus lucros não sejam alcançados ou percebidos.
Realmente a falta de organização é um fator condutor para não percepção e falta de controle sobre os lucros. Analisar é controlar; criar para disciplinar e equilibrar para lucrar. Pense nisso quando estiver frente às inúmeras dúvidas da atividade empreendedora e nunca se esqueça de perguntar sempre, tendo em vista que estaremos aqui para ajudar.
Arnaldo Vhieira é coordenador do curso de gestão financeira da FMU.
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