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O que as startups ensinaram para Magazine Luiza e Riachuelo

Flávio Rocha e Frederico Trajano são representantes da 2ª geração de empresários de duas gigantes do varejo. A proposta dos dois é reformar modelos de negócio.

Flávio Rocha e Frederico Trajano: gigantes do mercados usam táticas de startup para se reinventar (Camila Alves/Endeavor)

Mariana Fonseca

Publicado em 22 de outubro de 2015 às 17h14.

São Paulo - Frederico Trajano e Flávio Rocha possuem alguns pontos em comum, segundo o próprio Trajano: ambos se formaram na mesma faculdade - a Fundação Getúlio Vargas. Ambos torcem para o mesmo time de futebol - Corinthians. Mas, acima de tudo, ambos são a segunda geração de duas gigantes do mercado - Magazine Luiza e Riachuelo , respectivamente.

"Estamos fazendo transformações importantes em nossos modelos de negócio. Não há nada mais relevante do que isso, considerando o momento pelo qual estamos passando no Brasil", afirma Trajano.

Em palestras durante o CEO Summit SP, os empresários falaram sobre o que exatamente estão fazendo para revolucionar suas companhias. A principal inspiração veio lá do começo da cadeia de evolução empresarial: as startups . Veja, a seguir, algumas táticas usadas por essas companhias inovadoras que até as gigantes do varejo estão usando:

1. Colocar a pessoa no centro

Segundo Trajano, um dos grandes méritos da chegada da mãe - Luiza Helena Trajano - ao negócio foi ter colocado seus próprios funcionários como o centro da empresa. "Essa é muito uma característica de startup, a de diminuir a burocracia e focar no nosso propósito: democratizar a tecnologia. Não é só bater a meta do mês".

Como tática para impedir que a Riachuelo vire escrava da burocracia, afirma Rocha, é estimular o intraempreendedorismo. "É preciso manter, mesmo em uma empresa que corre o risco de se tornar impessoal, essa chama do empreendedorismo interno". Para isso, algumas táticas adotadas são a cultura da meritocracia, com remuneração variável e indicadores de performance por loja. "Tratamos os 80 departamentos da empresa como 80 empresas menores, promovendo uma competição saudável. É importante, claro, que essas métricas sejam justas e proporcionem melhoria nas carreiras dos membros", ressalta o CEO.

2. Investir em um negócio integrado

Quando Rocha assumiu a Riachuelo, há 10 anos, ela já tinha como legado uma rede de varejo espalhada por diversos estados. "As peças do jogo de xadrez eram quase as mesmas de hoje. O que nossa geração fez foi transformar essas peças em algo mais sinérgico, cooperativo: de empresa verticalizada para empresa integrada", afirma.

Segundo o empresário, uma requisito para essa integração é ter um olhar amplo da companhia, parando de focar em operações que fazem sentido em certos departamentos, mas prejudicam o todo. "A empresa tem uma visão holística das implicações de cada decisão tomada, ou seja, seu impacto em todas as etapas da produção. Assim, conseguimos nos reinventar e se preparar para esse momento de agora. Conseguimos nos livrar de armadilhas locais e assumimos uma perspectiva mais global".

Falando em considerar o que está mais distante do cerne da operação, Trajano conta que olhar para os Estados Unidos é uma boa tática para prever movimentos que podem chegar ao Brasil. "Para mim, estava muito claro que havia lá uma migração da loja física para a internet, com empresas grandes perdendo para startups. Não podia deixar isso acontecer com a companhia". Com um Brasil cada vez mais conectado, as pessoas também passaram a procurar uma alternativa de compras, por meio dos próprios computadores e celulares.

Mesmo assim, a ideia não era separar e-commerce e loja física, criando quase duas companhias diferentes. "A minha visão sempre foi ter um modelo integrado. Tudo que podemos aproveitar de sinergia, a gente aproveita. Por isso, enquanto a maioria dos e-commerces dão prejuízo, nós somos rentáveis, já que nossa base de custos é conjunta".

3. Laboratórios de projetos inovadores

Na Magazine Luiza, foi criado há quatro anos um laboratório de tecnologia, com 75 engenheiros de software. Um dos projetos que saíram de lá foi um aplicativo para Facebook, chamado "Magazine Você". Por meio dessa plataforma, qualquer um poderia anunciar os produtos e, caso houvesse algum comprador, o usuário ganharia uma comissão de venda. "Para nós, custa muito pouco, enquanto quase 200 mil pessoas usam e divulgam nosso produto", explica Trajano.

4. Ter um propósito como guia

O que uma gigante do mercado pode fazer para unir uma equipe de funcionários tão diversificada? A existência de um propósito - inclusive analisando pelo lado financeiro. "Quando todos atendem que, por meio da conquista dessa missão, o funcionário é remunerado, o executivo recebe seu bônus e o acionista tem seus dividendos, temos convergências e sinergias", explica Rocha.

Tanto a Riachuelo quanto a Magazine Luiza citaram como missão democratizar segmentos: moda e tecnologia, respectivamente. Para isso, a Riachuelo investe em parcerias com grandes estilistas, trazendo peças assinadas por uma grife a preços acessíveis. Já a Magazine Luiza inaugurou um canal no YouTube, para ensinar seus consumidores a usarem melhor os produtos que compram.

"O varejo deve se incumbir da missão de inovar. Na Apple, essa inovação não está no começo, com o engenheiro da Foxconn, mas sim no 'Genius Bar'. O elo do varejo é o mais propenso a contribuir com ideias, porque é o mais próximo do consumidor", diz Rocha.

Uma dose de inspiração sempre vai bem, não? Que tal sete? Esse ano o Day 1 estava especial: Jorge Paulo Lemann, Guga Kuerten, Flavio Augusto e outros gigantes nos deram a oportunidade de conhecer pedaços importantes e pouco contados de suas histórias. Se você ainda não viu, chegou a hora. Se já viu, dá o replay aí que os vídeos completos e em HD estão quentinhos. (Navegue pelas fotos acima para ver os vídeos)
  • 2. 1) Jorge Paulo Lemann: o que não se aprende em Harvard

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  • Veja também

    Você talvez já tenha visto o vídeo “O que aprendi em Harvard“, palestra de Jorge Paulo Lemann organizada pela Fundação Estudar. Mas o que “não se aprende em nenhuma business school, só apanhando muito”, um dos fundadores da Endeavor no Brasil compartilhou no palco do Day 1. Veja os erros da trajetória de Lemann – spoiler: ele já até faliu - e como essas dificuldades o levaram a criar os grandes negócios e instituições que toca hoje.
  • 3. 2) Guga Kuerten: o brasileiro que desafiou os melhores

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  • Day 1 é todo dia, já dizia o melhor tenista que nosso Brasil já teve. Guga descobriu seu lado empreendedor no desempenho de tarefas difíceis (derrotar campeões mundiais), tomadas de decisão sob pressão (“cada vez a bola vem diferente, são 300 hipóteses por segundo”), gestão de recursos (o que acontece quando o patrocínio cai?)… hoje, ele aplica isso tudo nas organizações que estão sob sua marca, e deixa reforçada a gratidão e admiração que tem por seus pais, Aldo e Alice, e seu treinador, Larri. Veja o depoimento cheio de emoção de Guga.
  • 4. 3) Vilmar e Aline Ferreira: o homem de aço com coração humilde

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    Vilmar lutou muito. Saiu da pobreza na roça, trabalhou por menos do que merecia, teve vários negócios, até fundar um que desse certo. Tudo sem perder o entusiasmo, se provando um verdadeiro homem de aço. E foi nessa área que ele empreendeu e cresceu como líder de sua região. Mais tarde, sua filha, Aline, assumiu como CEO da Aço Cearense. No Day 1, ela compartilhou a dor que teve oportunidade de transformar em símbolo de sua força. Você não pode perder pai e filha inspiradores como eles.
  • 5. 4) Nelson Sirotsky: pediu demissão e virou presidente

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    O filho do fundador do Grupo RBS não tem um Day 1, mas três. Tudo começou quando, aos 20 anos, ele foi impedido pelo pai de arriscar dentro da empresa e escreveu sua carta de demissão a ele. Com alguma negociação, Nelson retornou e conseguiu realizar o que pretendia – iniciativa que acabou sendo um divisor de águas para a empresa. Confira a montanha-russa que foi sua trajetória e como a RBS se tornou um dos maiores grupos de comunicação do país.
  • 6. 5) Daniel Wjuniski: ele queria emagrecer 10 quilos, acabou emagrecendo um milhão

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    Como alguém emagrece um milhão de quilos? Daniel explica: “quando você realiza seu sonho, pode acabar realizando o de milhares de pessoas”. Seu negócio, o Minha Vida, se tornou o maior portal de saúde do Brasil. Junto veio o Dieta e Saúde, aplicativo que ajuda usuários a viverem melhor. E a ideia nem veio do fato do empreendedor ser um ex-gordinho, mas do diagnóstico que recebeu há alguns anos – Daniel queria saber mais sobre Doença de Crohn e não tinha onde buscar. Saiba mais sobre seu Day 1 e como ele está mudando vidas.
  • 7. 6) Flavio Augusto: “quando você vive o ‘nós’, seu ‘eu’ é recompensado”

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    No início, tudo que Flavio queria era ter dinheiro para levar sua namorada ao cinema, então foi trabalhar em uma escola de inglês. Quando ela virou esposa, eles quiseram abrir a própria – foi quando surgiu a Wise Up. Daí em diante, o “nós” de Flavio Augusto só se ampliou e a vontade era de impactar mais gente. Duas das iniciativas para suprir essa necessidade, você deve conhecer, foram o Geração de Valor e o MeuSucesso.com. Conheça a história de Flavio Augusto em seu Day 1.
  • 8. 7) [Faixa Bônus!] Bate-bola entre Gustavo Kuerten e Jorge Paulo Lemann

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    “Vibra na minha cabeça essa obrigação de trazer coisas boas ao meu país”, Guga disse a Lemann. “Eu poderia jogar em campeonatos de veterano, mas é a pior coisa, só tem velho reclamando do joelho”, disse Lemann a Guga. A conversa bem humorada e inspiradora entre os dois tenistas e empreendedores foi um dos pontos altos desse Day 1 e ainda contou com a história inédita de um encontro entre os dois e uma anta. Dá uma olhada!
  • 9. Se animou para abrir seu negócio? Veja como dar os primeiros passos

    9 /9(Thinkstock)

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