O empreendedor da Impacta nunca saiu da escola
O paulistano Célio Antunes começou a empreender aos 9 anos, fazendo um jornal de fofocas no colégio. Hoje, ele é dono de um grupo educacional que fatura 45 milhões de reais
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2012 às 07h00.
São Paulo - O paulistano Célio Antunes, de 50 anos, fundador do Grupo Educacional Impacta Tecnologia, empreendeu pela primeira vez aos 9 anos de idade, na cidade paulista de São Roque. Depois de fazer um curso de datilografia, ele começou a escrever um jornalzinho de fofocas sobre os colegas da escola.
As notícias eram assim: "Julinho deixou Milena e agora Milena ficou magoada porque ele a deixou. Julinho já escolheu outra". Outro exemplo: "Atenção: Pedro diz que não tem namorada, mas já sei quem é. Sabe quem? Compre o próximo jornal". Antunes guarda algumas edições até hoje.
Os principais leitores do jornalzinho eram as mães das crianças, que recebiam cópias mimeografadas. O negócio tinha lá seus riscos. "Um dia, dezenas de meninas me cercaram no pátio para tentar roubar meu bloquinho de anotações", diz Antunes. "Escapei com o bloquinho intacto, mas achei prudente fechar o jornal."
Antunes continua ganhando a vida na escola — agora no comando de um grupo de seis instituições de ensino especializadas em tecnologia. Juntas, elas devem faturar neste ano 53 milhões de reais —18% mais do que em 2011.
As três principais são a Impacta Certificação e Treinamento (cursos avançados para profissionais de tecnologia da informação e design para internet), a Faculdade Impacta Tecnologia (graduação e pós nas mesmas áreas) e o Colégio Impacta de Tecnologia da Informação (ensino médio técnico).
"Nossa missão é preparar os jovens para o mercado de trabalho ", diz Antunes. O paulistano Diogo Torquato da Silva, de 25 anos, foi um desses alunos. Ele recebeu uma certificação de webdesigner e, depois, fez faculdade de administração na Impacta. "Fiz estágios em grandes empresas de tecnologia, como IBM e Tata", diz Torquato. "Isso pesou no processo seletivo da Unilever, onde trabalho hoje."
Pelo menos dois grandes motivos explicam a expansão da empresa. O primeiro: os cursos formam profissionais para um mercado que precisa desesperadamente deles. Segundo a Brasscom, entidade que reúne empresas de TI, serão necessários 750.000 profissionais até 2020.
"Hoje, é evidente que há boas oportunidades de negócios no ensino de tecnologia", diz Antunes. "Mas não era assim quando comecei, no final dos anos 80." O segundo motivo está no modelo de negócio. Nele estão estratégias para lidar com problemas típicos do ensino superior, como ociosidade, evasão e inadimplência.
Para ser aceitos nos cursos de nível superior, os candidatos se submetem a testes cujo objetivo é identificar aqueles com afinidade com tecnologia. "Isso ajuda a diminuir a entrada de gente indecisa ou que não nasceu para isso", diz Antunes. "A probabilidade de elas abandonarem tudo é maior."
A Impacta nasceu de uma mudança forçada nos planos na carreira de Antunes. Aos 18 anos, ele pensava em trabalhar numa empresa de usinagem de peças, então nas mãos da família. Por isso, ele prestou vestibular para a faculdade de engenharia mecânica no Mackenzie, em São Paulo.
Mas, no primeiro ano do curso, seu pai vendeu a empresa, que estava em dificuldades financeiras. "Fiquei sem rumo", diz Antunes. "Estava claro que eu não poderia seguir os passos de ninguém e teria de descobrir meu próprio caminho."
A inspiração veio com a edição número 1 da revista Micro Sistemas, publicação sobre informática que circulou entre 1981 e 1997. "Li a revista toda e fiquei empolgado", diz Antunes. "Achei que havia um mercado prestes a estourar no país. Estava certo." Ele pediu transferência para o curso de engenharia eletrônica e começou a frequentar as feiras de tecnologia que aconteciam na cidade.
Em 1988, Antunes já era sócio minoritário da Microtec, uma fábrica de microcomputadores, onde trabalhou desde o início da faculdade. Naquele ano, abriu a Impacta, que começou prestando serviços de manutenção de placas de computadores.
Em 1991, a dificuldade para achar gente qualificada no mercado deu a Antunes a ideia de criar um curso de hardware. Esse foi o primeiro dos mais de 300 cursos oferecidos hoje por suas escolas. "Marcamos uma reunião para falar do projeto das aulas", diz Francisco Lopes, sócio de Antunes e primeiro professor da Impacta. "Saímos dali com a redação de um panfleto para divulgar o primeiro curso." Desde então, mais de 700.000 alunos estudaram na Impacta.
Antunes, casado com a pedagoga Ana Cláudia, de 39 anos, se divide entre os negócios e seus oito cães. No momento, está escrevendo um livro sobre empreendedorismo e qualidade de vida. "Quero compartilhar com outros empreendedores o que aprendi depois de tantos anos de escola", diz Antunes.
São Paulo - O paulistano Célio Antunes, de 50 anos, fundador do Grupo Educacional Impacta Tecnologia, empreendeu pela primeira vez aos 9 anos de idade, na cidade paulista de São Roque. Depois de fazer um curso de datilografia, ele começou a escrever um jornalzinho de fofocas sobre os colegas da escola.
As notícias eram assim: "Julinho deixou Milena e agora Milena ficou magoada porque ele a deixou. Julinho já escolheu outra". Outro exemplo: "Atenção: Pedro diz que não tem namorada, mas já sei quem é. Sabe quem? Compre o próximo jornal". Antunes guarda algumas edições até hoje.
Os principais leitores do jornalzinho eram as mães das crianças, que recebiam cópias mimeografadas. O negócio tinha lá seus riscos. "Um dia, dezenas de meninas me cercaram no pátio para tentar roubar meu bloquinho de anotações", diz Antunes. "Escapei com o bloquinho intacto, mas achei prudente fechar o jornal."
Antunes continua ganhando a vida na escola — agora no comando de um grupo de seis instituições de ensino especializadas em tecnologia. Juntas, elas devem faturar neste ano 53 milhões de reais —18% mais do que em 2011.
As três principais são a Impacta Certificação e Treinamento (cursos avançados para profissionais de tecnologia da informação e design para internet), a Faculdade Impacta Tecnologia (graduação e pós nas mesmas áreas) e o Colégio Impacta de Tecnologia da Informação (ensino médio técnico).
"Nossa missão é preparar os jovens para o mercado de trabalho ", diz Antunes. O paulistano Diogo Torquato da Silva, de 25 anos, foi um desses alunos. Ele recebeu uma certificação de webdesigner e, depois, fez faculdade de administração na Impacta. "Fiz estágios em grandes empresas de tecnologia, como IBM e Tata", diz Torquato. "Isso pesou no processo seletivo da Unilever, onde trabalho hoje."
Pelo menos dois grandes motivos explicam a expansão da empresa. O primeiro: os cursos formam profissionais para um mercado que precisa desesperadamente deles. Segundo a Brasscom, entidade que reúne empresas de TI, serão necessários 750.000 profissionais até 2020.
"Hoje, é evidente que há boas oportunidades de negócios no ensino de tecnologia", diz Antunes. "Mas não era assim quando comecei, no final dos anos 80." O segundo motivo está no modelo de negócio. Nele estão estratégias para lidar com problemas típicos do ensino superior, como ociosidade, evasão e inadimplência.
Para ser aceitos nos cursos de nível superior, os candidatos se submetem a testes cujo objetivo é identificar aqueles com afinidade com tecnologia. "Isso ajuda a diminuir a entrada de gente indecisa ou que não nasceu para isso", diz Antunes. "A probabilidade de elas abandonarem tudo é maior."
A Impacta nasceu de uma mudança forçada nos planos na carreira de Antunes. Aos 18 anos, ele pensava em trabalhar numa empresa de usinagem de peças, então nas mãos da família. Por isso, ele prestou vestibular para a faculdade de engenharia mecânica no Mackenzie, em São Paulo.
Mas, no primeiro ano do curso, seu pai vendeu a empresa, que estava em dificuldades financeiras. "Fiquei sem rumo", diz Antunes. "Estava claro que eu não poderia seguir os passos de ninguém e teria de descobrir meu próprio caminho."
A inspiração veio com a edição número 1 da revista Micro Sistemas, publicação sobre informática que circulou entre 1981 e 1997. "Li a revista toda e fiquei empolgado", diz Antunes. "Achei que havia um mercado prestes a estourar no país. Estava certo." Ele pediu transferência para o curso de engenharia eletrônica e começou a frequentar as feiras de tecnologia que aconteciam na cidade.
Em 1988, Antunes já era sócio minoritário da Microtec, uma fábrica de microcomputadores, onde trabalhou desde o início da faculdade. Naquele ano, abriu a Impacta, que começou prestando serviços de manutenção de placas de computadores.
Em 1991, a dificuldade para achar gente qualificada no mercado deu a Antunes a ideia de criar um curso de hardware. Esse foi o primeiro dos mais de 300 cursos oferecidos hoje por suas escolas. "Marcamos uma reunião para falar do projeto das aulas", diz Francisco Lopes, sócio de Antunes e primeiro professor da Impacta. "Saímos dali com a redação de um panfleto para divulgar o primeiro curso." Desde então, mais de 700.000 alunos estudaram na Impacta.
Antunes, casado com a pedagoga Ana Cláudia, de 39 anos, se divide entre os negócios e seus oito cães. No momento, está escrevendo um livro sobre empreendedorismo e qualidade de vida. "Quero compartilhar com outros empreendedores o que aprendi depois de tantos anos de escola", diz Antunes.