Barack Obama: “Vocês [empreendedores] são os que constroem pontes, são a cola que une tudo" (Global Entrepreneurship Summit 2016/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 5 de julho de 2016 às 06h00.
São Paulo – As mudanças na economia fazem futuros empreendedores de todo o globo terem receio de levar seu sonho adiante. Esse é, por exemplo, o caso de muitos brasileiros atualmente. Porém, não precisa ser assim. Pelo contrário: o empreendedorismo tem o poder de mudar essa situação, trazendo crescimento e prosperidade para os países. Ele cria mudança, e não apenas mais corporações no mercado.
Quem defende esse posicionamento é ninguém menos que o presidente americano Barack Obama. No evento Global Entrepreneruship Summit 2016, sediado no Vale do Silício, ele conversou com empreendedores sobre a importância de criar negócios – um dos participantes do painel era Mark Zuckerberg, criador da rede social Facebook.
Vocês [empreendedores] são os que constroem pontes, são a cola que une tudo, (...) que pode ajudar a liderar o caminho para um mundo mais próspero, que gere oportunidades para todos, afirmou o presidente dos Estados Unidos.
Além de Obama e Zuckerberg, outros três empreendedores participaram da discussão: Mai Medhat, engenheira de software egípcia que criou a Eventtus, loja virtual para quem organiza eventos; Jean Bosco Nzeyimana, de Ruanda, fundador da Habona Limited, que usa biomassa e produtos ambientais descartados para produzir combustíveis sustentáveis; e a peruana Mariana Costa Checa, da Laboratoria, que oferece educação e ferramentas para mulheres de baixa renda trabalharem no setor digital.
Veja, a seguir, o que Obama tem a dizer sobre como a iniciativa empreendedora pode mudar o mundo, por mais sombrio que o quadro atual pareça:
A primeira maneira pela qual o empreendedorismo pode transformar a situação atual é óbvia para os que conhecem o mundo dos novos negócios: por meio da criação de uma cultura que valoriza a criatividade e a inovação.
[Uma cultura] na qual nós não apenas olhamos para as coisas do jeito que elas sempre foram, mas sim pensamos: ‘como elas poderiam ser? Por que não? Vamos fazer algo novo’, resume o presidente americano. Isso é especialmente verdade quando falamos de negócios que possuem a inovação no seu DNA, como as startups.
Para mim, empreendedorismo é criar mudança, e não apenas companhias, completa Mark Zuckerberg, fundador do Facebook. Os empreendedores mais eficientes que eu encontrei se importam profundamente com uma missão e uma transformação que eles tentam criar. Muitas vezes eles não começam pensando em montar uma empresa.
Segundo o presidente Barack Obama, o poder do empreendedorismo em transformar a situação vigente nunca foi tão importante. Ter ideias e criar novos negócios é a chave para que os países saiam de situações ruins e possam alcançar a prosperidade – afinal, é preciso fazer diferente para virar o jogo. E, pensando no que falamos no item anterior, quem melhor do que o empreendedor para isso?
No mundo de hoje, em que as economias passam por mudanças dramáticas; em que negócios não param nas fronteiras; em que tecnologia e automação transformam virtualmente toda a indústria e mudam a forma como as pessoas se organizam e trabalham, o empreendedorismo permanece como a ferramenta para o crescimento, afirma Obama.
Além de mudar indústrias inteiras e atacar desafios globais, os negócios próprios também mudam a realidade empregatícia: pessoas que criam empresas próprias garantem não apenas seu próprio sucesso, mas também criam o meio de sustento para seus empregados e fornecedores, por exemplo.
A habilidade de transformar uma ideia em realidade – virando uma startup, um pequeno negócio – cria trabalhos que pagam bem; coloca economias emergentes no caminho da prosperidade; e empodera pessoas a se unirem e atacarem os problemas mundiais mais urgentes, da mudança climática até a pobreza, diz o presidente americano.
Um negócio próprio pode surgir de duas maneiras: por oportunidade – quando o empreendedor analisa uma tendência e resolve investir nela – ou por necessidade – quando é preciso ter um negócio próprio pela falta de outras opções.
Essa segunda forma de empreender é especialmente verdade para os que sofrem preconceito: segundo Obama, pessoas que antes eram banidas da ordem social existente e que não são parte do ‘clube dos velhos garotos’ criam empreendimentos para buscar mais qualidade de vida.
Como exemplo, o presidente americano cita as mulheres e os negros, que fogem de um mercado de trabalho que pode remunerá-los menos em comparação a outros empregados. O empreendedorismo oferece um caminho positivo para jovens que buscam a chance de fazer algo de si mesmos, dando a chance de contribuir e liderar (...). O empreendedorismo dá a chance às pessoas de realizar seus próprios sonhos e criar algo maior do que elas mesmas, completa Obama.
Um estudo global mostra que a desigualdade salarial entre homens e mulheres só será superada no ano de 2133, enquanto os negros brasileiros com ensino superior ganham 47% a menos do que brancos com o mesmo grau de instrução. No nosso país, vale lembrar, os negros já são a maioria no mundo empreendedor.
Veja a conversa inteira de Obama, Zuckerberg e outros empreendedores no Global Entrepreneurship Summit 2016: