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Turismo é negócio para empreendedor

Com mais de 350 bilhões de reais em receitas, o mercado de turismo não para de crescer no Brasil — e de gerar oportunidades para as pequenas e médias empresas

Lia Esteves, sócia da lavanderia industrial, Professional Wear. (Felipe Gombossy)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2011 às 08h00.

Aeroportos com gente sain­do pelo ladrão e salas de embarque lotadas provocam uma ponta de satisfação no empreendedor Jorge Barouki, de 69 anos. Em situações assim, que dão raiva na maioria dos viajantes, ele enxerga oportunidades de negócios.

Barouki é dono da Vit Solo, empresa de Balneário Camboriú, no litoral catarinense, que presta serviços para companhias aéreas, como TAM, Azul e American Airlines, fazendo a limpeza dos aviões ou encarregando-se do embarque e desembarque de bagagens.

"Cada nova aeronave que cruza os céus do Brasil é uma fonte de receitas em potencial para minha empresa", afirma Barouki. "Por isso eu me entusiasmo sempre que penso nesse pessoal todo viajando de avião."

As vendas da Vit Solo vêm subindo à medida que os brasileiros passaram a viajar mais de avião nos últimos anos. Em 2011, o faturamento da Vit Solo deve chegar a 90 milhões de reais, 45% mais do que no ano passado.

Nos últimos três anos, a empresa quase triplicou de tamanho, na esteira do crescimento das companhias aéreas brasileiras, que transportaram 66 milhões de pes­soas no ano passado — quatro vezes mais do que em 1995, quando a Vit Solo foi fundada.

Na época, Barouki era dono de uma agência de viagens e ganhou uma concorrência para prestar serviços de apoio terrestre a uma companhia aérea no aeroporto de Nave­gantes, no litoral catarinense. "Eu procurava uma oportunidade que me trouxesse mais alternativas de crescer com turismo", diz ele.


A Vit Solo é um exemplo de empresa emergente que conseguiu pegar carona na expansão dos negócios no seu setor. No Brasil, as receitas com turismo cresceram, em média, 10% ao ano na última década, atingindo 350 bilhões de reais em 2010, segundo estimativas do World Travel and Tourism Council, entidade que reúne empresas de turismo no mundo todo.

Em parte, essa expansão se deve ao fato de que, pela primeira vez na história, uma massa de consumidores chegou ao mercado com dinheiro para gastar com viagens e lazer .

O crescimento da economia brasileira e a maior importância do país no cenário internacional transformaram grandes cidades brasileiras em polos de turismo de negócios. Viajantes de várias partes do mundo têm aparecido por aqui para participar das principais feiras de negócios do país — elas devem movimentar mais de 1,5 bilhão de reais­, segundo cálculos da União Brasileira de Feiras.

Com grandes eventos, como Copa do Mundo e Olimpíada, programados para ocorrer no país nos próximos anos, as perspectivas são de que a temperatura continue subindo por um bom tempo.

Todos esses fatores estão propiciando uma alta temporada prolongada, sem data para acabar, nos negócios do setor. O que torna o momento particularmente promissor para as pequenas e médias empresas é que o dinheiro movimentado pelos fornecedores das grandes cadeias de hotéis, agências de viagem e empresas de transporte representam mais de dois terços desse mercado, segundo estimativas do World Travel and Tourism Council.

“Há enormes oportunidades a ser exploradas por empreendedores que conseguirem se inserir e se destacar na cadeia do turismo”, diz Luiz Gustavo Barbosa, coordenador do núcleo de estudos de turismo da Fundação Getulio Vargas.

No caso da Vit Solo, Barouki encontrou a rota para a expansão ao descobrir um pedaço do mercado que, pelo menos por enquanto, não interessa tanto às grandes fornecedoras de serviços para companhias aéreas.


"Meus principais concorrentes são multinacionais que preferem concentrar seus negócios nos aeroportos de grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília", diz Barouki. “Aeroportos menores, com menos movimentação de passageiros, eram deixados de lado por elas."

Boa parte dos contratos da Vit Solo é para atender seus clientes em aeroportos do interior do país. Entre esses aeroportos está o de Forquilhinha, no sul de Santa Catarina, que recebe apenas dois voos por dia e não tem nem lanchonete para os viajantes tomarem um café.

"Novas linhas regionais significam novos mercados para a Vit Solo", afirma Barouki. Segundo dados da consultoria BSH International, o número de brasileiros que viajam de avião deve aumentar 25% nos próximos três anos. "Parte desse aumento acontecerá em aeroportos menores", diz Barouki.

Quem empreende no setor turístico tem de se preparar para conviver com problemas que parecem eternos. Um é a falta de investimentos em infraestrutura aeroportuária — um tipo de carência que não ajuda em nada a levar a Vit Solo para a frente. Mas, como tantas outras coisas no mundo dos empreendedores, o que é motivo de estresse para uns pode ser fonte de inspiração para outros.

Veja o que aconteceu com o paulista Beno Holcberg, de 47 anos. Há pouco mais de cinco anos, ele cursava pós-graduação em gestão hoteleira. Em seus estudos, ele se deu conta de como era complicado administrar corretamente uma pequena pousada — sobretudo para o típico sujeito que, aborrecido com tudo, larga a vida na cidade para realizar o sonho de ter um hotelzinho à beira da praia.

Dessa observação nasceu sua empresa, a Recantos e Requintes, que deve faturar 1,8 milhão de reais neste ano, ajudando esses empreendedores a resolver a par­te pouco tranquila da história, a gestão.


O que abre boas perspectivas para os negócios de Holcberg é que 73% dos hotéis brasileiros têm menos de 50 quartos, e boa parte des­ses estabelecimentos se enquadra no per­fil de pousada sofisticada que a Recantos e Requintes costuma atender.

"Os donos que­rem atrair turistas de alta renda", diz Holcberg. "Muitos deles começaram o negócio quase como um hobby e, agora, sentem necessi­dade de profissionalizar a gestão."

É o caso do empreendedor Ciro Calfat, de 55 anos. Em 2005, ele largou uma carreira como executivo na área de educação para fundar uma pousadinha cercada de árvores às margens de uma estrada de chão no interior de Cunha, município paulista localizado no alto da Serra do Mar.

"Eu pensava que seria fácil atrair turistas, pois o lugar é lindo", diz Calfat. “Mas nos primeiros meses sofri com a falta de hóspedes.” Por indicação do dono de outra pousada nas redondezas que fora socorrida pela Recantos e Requintes, Calfat chegou a Holcberg.

Ele o ajudou a formatar e divulgar pacotes turísticos sob medida para o empreendimento. "Hoje não tenho nenhuma dificuldade para encontrar clientes seja qual for a época do ano", diz Calfat.

Um jeito de participar da efervescência do  turismo — mesmo não sendo do ramo — é achar uma porta de entrada em algum ponto da cadeia produtiva. Foi o que descobriu a paulista Lia Márcia Esteves, de 53 anos, dona da lavanderia industrial Professional Wear. Até três anos atrás, seus principais clientes eram grandes empresas para as quais Lia lavava uniformes dos funcionários.

No final de 2008, ela conseguiu aproveitar a capacidade ociosa nos períodos em que as indústrias dão férias coletivas ou folgas — como o final do ano ou a semana do Carnaval — lavando roupa de cama para um hotel. "Consegui um contrato que rendeu um faturamento 40% maior que com as indústrias", diz Lia.


"Mas logo me vi no meio do caos." Lia recebia das indústrias quantidades diárias de roupa que praticamente não variavam. Com o hotel era diferente. Num dia com poucos hóspedes, chegava um punhadinho de roupa, que mal enchia as máquinas. No outro, se chegasse uma excursão, era o extremo oposto.

Um susto grande aconteceu em outubro de 2009. Um dos clientes da Professional Wear recebeu de última hora um ônibus cheio de torcedores que vieram assistir ao Grande Prêmio de Fórmula 1 em São Paulo. "Apareceu uma montanha inacreditável de lençóis para lavar e secar numa mesma tarde", diz ela.

Para não deixar o cliente em má situação, Lia comprou lençóis novos. Águas passadas, hoje os hotéis representam 40% do faturamento da Professional Wear, que deve fechar o ano em 3,9 milhões de reais, 12% mais que em 2010.

Diz um provérbio que a necessidade é a mãe da invenção. Para o paranaense Mauro Carvalho de Oliveira, de 43 anos, sócio da Realgem’s, fabricante de produtos de higiene de Colombo, no Paraná, foi mesmo.

No ano passado, as receitas da empresa chegaram a 25 milhões de reais, 20% mais do que em 2009, com o fornecimento de xampus, condicionadores e sabonetes em miniatura que hotéis e resorts põem à disposição dos hóspedes.

Oliveira pensou que faria muito bem à rentabilidade da Realgem’s encontrar uma posição mais confortável na mesa de negociação com empresas de porte mundial, como Accor e Club Med — sem inovar nada, o risco era a empresa se tornar refém num  mercado com muitos concorrentes. "Era preciso oferecer algo diferente do sabonete padrão", afirma Oliveira.

A solução apareceu no lançamento de linhas específicas para turistas de alto poder aquisitivo. Para conquistar estabelecimentos como o resort Costa do Sauípe, na Bahia, e o hotel Crow­ne Plaza, em Belém do Pará, a Realgem’s desenvolveu linhas que usam ingredientes extraídos de plantas nativas do Brasil, como extrato de guaraná, castanha e cupuaçu.

Ele também investiu em embalagens biodegradáveis ou que podem ser recicladas. "Muitas grandes redes dão preferência a fornecedores ambientalmente corretos", diz ele. Hoje, 70% das receitas da empresa vêm de produtos especiais.

Atender hotéis, pousadas e resorts foi uma estratégia fundamental para o crescimento da Realgem’s, fundada em 1984 como uma fabricante de produtos de higiene tradicional, que colocava sua marca no varejo.

No começo dos anos 90, Oliveira ofereceu uma versão de seus produtos para uma rede de hotéis de Curitiba. "Percebi naquilo uma boa alternativa à pressão das grandes marcas no varejo", diz Oliveira. "Foi o começo da viagem rumo ao crescimento por um caminho muito mais livre".

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Aeroportos com gente sain­do pelo ladrão e salas de embarque lotadas provocam uma ponta de satisfação no empreendedor Jorge Barouki, de 69 anos. Em situações assim, que dão raiva na maioria dos viajantes, ele enxerga oportunidades de negócios.

Barouki é dono da Vit Solo, empresa de Balneário Camboriú, no litoral catarinense, que presta serviços para companhias aéreas, como TAM, Azul e American Airlines, fazendo a limpeza dos aviões ou encarregando-se do embarque e desembarque de bagagens.

"Cada nova aeronave que cruza os céus do Brasil é uma fonte de receitas em potencial para minha empresa", afirma Barouki. "Por isso eu me entusiasmo sempre que penso nesse pessoal todo viajando de avião."

As vendas da Vit Solo vêm subindo à medida que os brasileiros passaram a viajar mais de avião nos últimos anos. Em 2011, o faturamento da Vit Solo deve chegar a 90 milhões de reais, 45% mais do que no ano passado.

Nos últimos três anos, a empresa quase triplicou de tamanho, na esteira do crescimento das companhias aéreas brasileiras, que transportaram 66 milhões de pes­soas no ano passado — quatro vezes mais do que em 1995, quando a Vit Solo foi fundada.

Na época, Barouki era dono de uma agência de viagens e ganhou uma concorrência para prestar serviços de apoio terrestre a uma companhia aérea no aeroporto de Nave­gantes, no litoral catarinense. "Eu procurava uma oportunidade que me trouxesse mais alternativas de crescer com turismo", diz ele.


A Vit Solo é um exemplo de empresa emergente que conseguiu pegar carona na expansão dos negócios no seu setor. No Brasil, as receitas com turismo cresceram, em média, 10% ao ano na última década, atingindo 350 bilhões de reais em 2010, segundo estimativas do World Travel and Tourism Council, entidade que reúne empresas de turismo no mundo todo.

Em parte, essa expansão se deve ao fato de que, pela primeira vez na história, uma massa de consumidores chegou ao mercado com dinheiro para gastar com viagens e lazer .

O crescimento da economia brasileira e a maior importância do país no cenário internacional transformaram grandes cidades brasileiras em polos de turismo de negócios. Viajantes de várias partes do mundo têm aparecido por aqui para participar das principais feiras de negócios do país — elas devem movimentar mais de 1,5 bilhão de reais­, segundo cálculos da União Brasileira de Feiras.

Com grandes eventos, como Copa do Mundo e Olimpíada, programados para ocorrer no país nos próximos anos, as perspectivas são de que a temperatura continue subindo por um bom tempo.

Todos esses fatores estão propiciando uma alta temporada prolongada, sem data para acabar, nos negócios do setor. O que torna o momento particularmente promissor para as pequenas e médias empresas é que o dinheiro movimentado pelos fornecedores das grandes cadeias de hotéis, agências de viagem e empresas de transporte representam mais de dois terços desse mercado, segundo estimativas do World Travel and Tourism Council.

“Há enormes oportunidades a ser exploradas por empreendedores que conseguirem se inserir e se destacar na cadeia do turismo”, diz Luiz Gustavo Barbosa, coordenador do núcleo de estudos de turismo da Fundação Getulio Vargas.

No caso da Vit Solo, Barouki encontrou a rota para a expansão ao descobrir um pedaço do mercado que, pelo menos por enquanto, não interessa tanto às grandes fornecedoras de serviços para companhias aéreas.


"Meus principais concorrentes são multinacionais que preferem concentrar seus negócios nos aeroportos de grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília", diz Barouki. “Aeroportos menores, com menos movimentação de passageiros, eram deixados de lado por elas."

Boa parte dos contratos da Vit Solo é para atender seus clientes em aeroportos do interior do país. Entre esses aeroportos está o de Forquilhinha, no sul de Santa Catarina, que recebe apenas dois voos por dia e não tem nem lanchonete para os viajantes tomarem um café.

"Novas linhas regionais significam novos mercados para a Vit Solo", afirma Barouki. Segundo dados da consultoria BSH International, o número de brasileiros que viajam de avião deve aumentar 25% nos próximos três anos. "Parte desse aumento acontecerá em aeroportos menores", diz Barouki.

Quem empreende no setor turístico tem de se preparar para conviver com problemas que parecem eternos. Um é a falta de investimentos em infraestrutura aeroportuária — um tipo de carência que não ajuda em nada a levar a Vit Solo para a frente. Mas, como tantas outras coisas no mundo dos empreendedores, o que é motivo de estresse para uns pode ser fonte de inspiração para outros.

Veja o que aconteceu com o paulista Beno Holcberg, de 47 anos. Há pouco mais de cinco anos, ele cursava pós-graduação em gestão hoteleira. Em seus estudos, ele se deu conta de como era complicado administrar corretamente uma pequena pousada — sobretudo para o típico sujeito que, aborrecido com tudo, larga a vida na cidade para realizar o sonho de ter um hotelzinho à beira da praia.

Dessa observação nasceu sua empresa, a Recantos e Requintes, que deve faturar 1,8 milhão de reais neste ano, ajudando esses empreendedores a resolver a par­te pouco tranquila da história, a gestão.


O que abre boas perspectivas para os negócios de Holcberg é que 73% dos hotéis brasileiros têm menos de 50 quartos, e boa parte des­ses estabelecimentos se enquadra no per­fil de pousada sofisticada que a Recantos e Requintes costuma atender.

"Os donos que­rem atrair turistas de alta renda", diz Holcberg. "Muitos deles começaram o negócio quase como um hobby e, agora, sentem necessi­dade de profissionalizar a gestão."

É o caso do empreendedor Ciro Calfat, de 55 anos. Em 2005, ele largou uma carreira como executivo na área de educação para fundar uma pousadinha cercada de árvores às margens de uma estrada de chão no interior de Cunha, município paulista localizado no alto da Serra do Mar.

"Eu pensava que seria fácil atrair turistas, pois o lugar é lindo", diz Calfat. “Mas nos primeiros meses sofri com a falta de hóspedes.” Por indicação do dono de outra pousada nas redondezas que fora socorrida pela Recantos e Requintes, Calfat chegou a Holcberg.

Ele o ajudou a formatar e divulgar pacotes turísticos sob medida para o empreendimento. "Hoje não tenho nenhuma dificuldade para encontrar clientes seja qual for a época do ano", diz Calfat.

Um jeito de participar da efervescência do  turismo — mesmo não sendo do ramo — é achar uma porta de entrada em algum ponto da cadeia produtiva. Foi o que descobriu a paulista Lia Márcia Esteves, de 53 anos, dona da lavanderia industrial Professional Wear. Até três anos atrás, seus principais clientes eram grandes empresas para as quais Lia lavava uniformes dos funcionários.

No final de 2008, ela conseguiu aproveitar a capacidade ociosa nos períodos em que as indústrias dão férias coletivas ou folgas — como o final do ano ou a semana do Carnaval — lavando roupa de cama para um hotel. "Consegui um contrato que rendeu um faturamento 40% maior que com as indústrias", diz Lia.


"Mas logo me vi no meio do caos." Lia recebia das indústrias quantidades diárias de roupa que praticamente não variavam. Com o hotel era diferente. Num dia com poucos hóspedes, chegava um punhadinho de roupa, que mal enchia as máquinas. No outro, se chegasse uma excursão, era o extremo oposto.

Um susto grande aconteceu em outubro de 2009. Um dos clientes da Professional Wear recebeu de última hora um ônibus cheio de torcedores que vieram assistir ao Grande Prêmio de Fórmula 1 em São Paulo. "Apareceu uma montanha inacreditável de lençóis para lavar e secar numa mesma tarde", diz ela.

Para não deixar o cliente em má situação, Lia comprou lençóis novos. Águas passadas, hoje os hotéis representam 40% do faturamento da Professional Wear, que deve fechar o ano em 3,9 milhões de reais, 12% mais que em 2010.

Diz um provérbio que a necessidade é a mãe da invenção. Para o paranaense Mauro Carvalho de Oliveira, de 43 anos, sócio da Realgem’s, fabricante de produtos de higiene de Colombo, no Paraná, foi mesmo.

No ano passado, as receitas da empresa chegaram a 25 milhões de reais, 20% mais do que em 2009, com o fornecimento de xampus, condicionadores e sabonetes em miniatura que hotéis e resorts põem à disposição dos hóspedes.

Oliveira pensou que faria muito bem à rentabilidade da Realgem’s encontrar uma posição mais confortável na mesa de negociação com empresas de porte mundial, como Accor e Club Med — sem inovar nada, o risco era a empresa se tornar refém num  mercado com muitos concorrentes. "Era preciso oferecer algo diferente do sabonete padrão", afirma Oliveira.

A solução apareceu no lançamento de linhas específicas para turistas de alto poder aquisitivo. Para conquistar estabelecimentos como o resort Costa do Sauípe, na Bahia, e o hotel Crow­ne Plaza, em Belém do Pará, a Realgem’s desenvolveu linhas que usam ingredientes extraídos de plantas nativas do Brasil, como extrato de guaraná, castanha e cupuaçu.

Ele também investiu em embalagens biodegradáveis ou que podem ser recicladas. "Muitas grandes redes dão preferência a fornecedores ambientalmente corretos", diz ele. Hoje, 70% das receitas da empresa vêm de produtos especiais.

Atender hotéis, pousadas e resorts foi uma estratégia fundamental para o crescimento da Realgem’s, fundada em 1984 como uma fabricante de produtos de higiene tradicional, que colocava sua marca no varejo.

No começo dos anos 90, Oliveira ofereceu uma versão de seus produtos para uma rede de hotéis de Curitiba. "Percebi naquilo uma boa alternativa à pressão das grandes marcas no varejo", diz Oliveira. "Foi o começo da viagem rumo ao crescimento por um caminho muito mais livre".

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