Não fique constrangido em dar satisfação a banco
A experiência me mostrou que dar satisfações a bancos e fornecedores faz parte do dia a dia de quem escolheu ser empreendedor
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2012 às 16h21.
São Paulo - Muitos de meus clientes vêm falar comigo com aquela mesma cara de pidão. Eles pedem para aumentar os descontos. Pedem para aumentar o prazo de pagamento. Em vários casos, acabo concordando. É que sei que eles sentem a mesma coisa que eu sentia quando comecei a empreender — constrangimento financeiro.
Eu enfrentava esse tipo de constrangimento sempre que tinha de bater na porta de fornecedores que nunca haviam vendido nada para minha empresa. Uma das maiores raivas, das tantas que passei, foi quando um fornecedor, de quem eu pretendia comprar 5.000 reais em mercadorias, disse: "Veja bem, como você nunca comprou nada nosso, sua primeira compra deverá ser paga à vista".
Eu respondi: "Perfeito. Quero 200 reais em mercadorias, que pago já e à vista. Essa é a primeira compra. Em seguida, quero uma segunda encomenda, no valor de 4.800 reais, que pagarei a prazo". Não deu certo.
Uma vez o fornecedor disse que não poderia me atender porque, como minha empresa estava começando, o pedido era pequeno. Tentei argumentar. "Ela é pequena hoje, mas está crescendo bastante. Tenho certeza de que vou comprar muito de você no futuro", disse.
Ouvi uma resposta que me pareceu grosseira: "Garoto, quando você crescer, pode voltar e comprar aqui, está bem?" Com o tempo descobri que funciona assim mesmo, e anos depois voltei lá.
Outro constrangimento é no banco. O gerente quer saber mais de sua vida do que a Receita Federal: Há quanto tempo a empresa existe? Quanto faturou no ano passado? Quanto vai faturar neste mês? Tem carro? Tem imóvel próprio? Tem casa na praia? Para emprestar dinheiro, o gerente pergunta um monte de coisas até você conseguir provar que, na verdade, não precisa de empréstimo nenhum. Ele anota tudo e, na maioria das vezes, não empresta grana alguma — provavelmente, suas respostas só servirão para o TCC dele.
Conheço empreendedores que já passaram tantos constrangimentos em bancos, tendo de dar satisfações e mais satisfações, que agora vão à agência fantasiados de milionários. Eles chegam vestindo roupas refinadas, combinando óculos, caneta e gravata, e dizem: "Eu tenho isso, tenho aquilo. Você precisa ir um fim de semana desses à minha casa de praia".
Nenhum empreendedor deveria ficar encabulado por ter de dar informações para obter dinheiro emprestado ou fazer a primeira compra de um fornecedor. A experiência me mostrou que isso faz parte de quem escolheu essa vida. Quem é empreendedor tem mesmo satisfações diárias para dar a alguém.
É o cliente que me liga para reclamar que foi mal atendido, um funcionário querendo saber por que não teve aumento. Até hoje o gerente do banco quer saber qual é o meu faturamento. Hoje em dia não ligo de dizer o número. Mas peço que me informe quanto ganha. Quem fica constrangido é ele.
São Paulo - Muitos de meus clientes vêm falar comigo com aquela mesma cara de pidão. Eles pedem para aumentar os descontos. Pedem para aumentar o prazo de pagamento. Em vários casos, acabo concordando. É que sei que eles sentem a mesma coisa que eu sentia quando comecei a empreender — constrangimento financeiro.
Eu enfrentava esse tipo de constrangimento sempre que tinha de bater na porta de fornecedores que nunca haviam vendido nada para minha empresa. Uma das maiores raivas, das tantas que passei, foi quando um fornecedor, de quem eu pretendia comprar 5.000 reais em mercadorias, disse: "Veja bem, como você nunca comprou nada nosso, sua primeira compra deverá ser paga à vista".
Eu respondi: "Perfeito. Quero 200 reais em mercadorias, que pago já e à vista. Essa é a primeira compra. Em seguida, quero uma segunda encomenda, no valor de 4.800 reais, que pagarei a prazo". Não deu certo.
Uma vez o fornecedor disse que não poderia me atender porque, como minha empresa estava começando, o pedido era pequeno. Tentei argumentar. "Ela é pequena hoje, mas está crescendo bastante. Tenho certeza de que vou comprar muito de você no futuro", disse.
Ouvi uma resposta que me pareceu grosseira: "Garoto, quando você crescer, pode voltar e comprar aqui, está bem?" Com o tempo descobri que funciona assim mesmo, e anos depois voltei lá.
Outro constrangimento é no banco. O gerente quer saber mais de sua vida do que a Receita Federal: Há quanto tempo a empresa existe? Quanto faturou no ano passado? Quanto vai faturar neste mês? Tem carro? Tem imóvel próprio? Tem casa na praia? Para emprestar dinheiro, o gerente pergunta um monte de coisas até você conseguir provar que, na verdade, não precisa de empréstimo nenhum. Ele anota tudo e, na maioria das vezes, não empresta grana alguma — provavelmente, suas respostas só servirão para o TCC dele.
Conheço empreendedores que já passaram tantos constrangimentos em bancos, tendo de dar satisfações e mais satisfações, que agora vão à agência fantasiados de milionários. Eles chegam vestindo roupas refinadas, combinando óculos, caneta e gravata, e dizem: "Eu tenho isso, tenho aquilo. Você precisa ir um fim de semana desses à minha casa de praia".
Nenhum empreendedor deveria ficar encabulado por ter de dar informações para obter dinheiro emprestado ou fazer a primeira compra de um fornecedor. A experiência me mostrou que isso faz parte de quem escolheu essa vida. Quem é empreendedor tem mesmo satisfações diárias para dar a alguém.
É o cliente que me liga para reclamar que foi mal atendido, um funcionário querendo saber por que não teve aumento. Até hoje o gerente do banco quer saber qual é o meu faturamento. Hoje em dia não ligo de dizer o número. Mas peço que me informe quanto ganha. Quem fica constrangido é ele.