Poker: Presente em grandes redes de varejo, como Centauro, Netshoes, Decathlon e Havan, o plano da Poker é dobrar o seu faturamento nos próximos cinco anos (Poker/Divulgação)
André Martins
Publicado em 26 de outubro de 2021 às 13h17.
A principal fornecedora de materiais esportivos para goleiros do Brasil, a Poker, decidiu se reinventar em meio a pandemia do novo coronavírus e lançar novas linhas focadas em esportes individuais.
O que poderia representar uma guinada arriscada durante um período que afetou o setor, foi um grande acerto da marca gaúcha.
Em 2020, houve uma retração expressiva na venda de materiais esportivos, visto que no começo da quarentena ainda não havia clareza de como seria a prática de esportes fora de casa — e mesmo dentro.
Neste ano, o setor se recuperou e houve um crescimento de 127% nas vendas no primeiro semestre, de acordo com pesquisa da Criteo. Com as normas sanitárias bem definidas, o brasileiro mudou de hábitos e tem se dedicado aos exercícios dentro de casa ou caminhadas e ciclismo ao ar livre.
A Poker já tinha ideias de focar em esportes individuais por entender a tendência de falta de tempo das pessoas para se reunir. Com a pandemia e o distanciamento social, a Poker acelerou a estratégia e antecipou planos de cinco anos. "Foi uma guinada muito grande para nós", contou Rogério Cauduro, diretor da empresa.
Esta não foi a primeira grande mudança de estratégia de negócio da Poker. A marca — que comemora 35 anos neste mês de outubro — começou produzindo uniformes para times de futebol amador, depois se tornou líder em matérias para goleiros e agora diversifica suas linhas de produtos, como bike, natação e fitness.
Segundo Canduro, o risco de investir em novas linhas em um período de crise foi calculado. "Foi calculado pelo comportamento das pessoas. Elas já estavam sem tempo para praticar esportes coletivos. Com a pandemia vimos que isso foi acelerado [por conta do distanciamento social]".
A empresa já se considera líder nacional de produtos de natação e vê as receita com produtos para bike crescerem 580% em relação a 2019, enquanto o incremento na linha fitness superou os 200%. O grande diferencial, segundo Cauduro, é oferecer para todos os clientes matérias utilizados por atletas de alto rendimento. "A mesma luva que o Weverton utiliza para ganhar a medalha olímpica, a gente leva para o mercado", explica.
O efeito da entrada nos novos mercados é o recorde mensal de vendas e faturamento nos últimos meses. Em setembro, a marca superou em 16% as receitas de agosto. A projeção da empresa é que outubro um novo resultado positivo seja atingido. O resultado superou os números mensais previstos somente para 2022. A empresa também conseguiu pulverizar o peso de cada linha no seu faturamento. A Poker preferiu não revelar valores do faturamento alegando estratégia de negócio.
Uma das estratégias da empresa é trabalhar com atletas patrocinados. Líder do mercado de produtos para goleiros, a Poker tem goleiros nos principais clubes da Serie A e B do Brasileirão. Weverton, do Palmeiras e da Seleção é um dos principais rostos da marca.
Para entrar nos novos mercados a marca repetiu a formula. O nadador Fernando Scheffer, bronze nos 200m livre na natação na Olimpíada de Tóquio, é um parceiro da empresa. Além de participar das campanhas publicitárias, ele auxilia a empresa no desenvolvimento dos produtos.
Outra plano para a guinada da empresa foi o investimento em estoque e novos produtos -- foram desenvolvidos 126 novos produtos durante os seis primeiros meses da pandemia. "Conseguimos garantir os produtos e amenizamos os impactos da alta de preços de matérias primas", conta Cauduro.
Presente em grandes redes de varejo, como Centauro, Netshoes, Decathlon e Havan, o plano da Poker é dobrar o seu faturamento nos próximos cinco anos. Além de intensificar as estratégias de diversificação das linhas, a empresa espera acelera a internacionalização da marca a partir de 2022. "Podemos expandir para outros esportes, desde que a Poker tenha potencial para ser líder desse mercado."