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Jovem tem ideia inspirada em Einstein e conquista Bill Gates

Will Broadway atraiu o fundador da Microsoft ao solucionar um problema grave – as más condições de transporte de vacinas em países em desenvolvimento.

Will Broadway: a invenção do estudante de Desenho Industrial chamou a atenção de Bill Gates
 (Reprodução/YouTube/Will Broadway)

Will Broadway: a invenção do estudante de Desenho Industrial chamou a atenção de Bill Gates (Reprodução/YouTube/Will Broadway)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2016 às 09h00.

São Paulo – Não há idade para ter boas ideias – e para chamar a atenção de grandes empreendedores. O estudante e desenhista industrial Will Broadway, de 22 anos, é prova dessa afirmação.

Uma mochila-geladeira criada por Broadway, chamada Isobar, pode salvar milhões de vidas. Quem afirma isso é uma personalidade muito conhecida por quem tem um negócio: Bill Gates, o fundador da Microsoft.

Broadway quer resolver um problema muito sério, especialmente nos países em desenvolvimento: transportar vacinas na temperatura adequada, garantindo uma proteção adequada a diversas doenças.

O começo

Tudo começou quando Broadway fez, em 2012, uma viagem de sete semanas a países como Camboja, China, Hong Kong e Vietnã, antes mesmo de começar sua graduação em Desenho Industrial e Tecnologia na Universidade de Loughborough (Reino Unido).

Lá, ele viu o grande desperdício de vacinas valiosas por conta de armazenamento inadequado e problemas na hora transportá-las para lugares remotos. Então, sentiu-se motivado a achar uma solução para esses gargalos.

Segundo o Guardian, cerca de 19,4 milhões de crianças de todo o mundo não conseguiram receber imunização, sendo que 60% delas vivem em países em desenvolvimento.

Mas como resolver isso, na prática? Broadway estava acampando com amigos e, ao ver que eles haviam trazido quilos de gelo, pensou que deveria existir um sistema de refrigeração melhor do que apenas trazer cubos e esperá-los derreter.

Como funciona?

Em um vídeo no YouTube (veja abaixo, em inglês), o estudante explica qual o problema com o modo de transporte atual das vacinas: a temperatura em que elas se encontram é instável, e não há pontos de parada suficientes em áreas remotas para consertar essa temperatura.

A maioria dos transportadores de vacinas usa gelo ou compressas para manter as vacinas geladas, o que faz com que elas estejam em uma temperatura abaixo da considerada ideal. Assim, as vacinas perdem potência e a vacinação não é segura. Centenas de milhares de pessoas morrem todos os anos por conta de tal descuido, segundo Broadway.

Com a Isobar, é possível armazenar vacinas por até 30 dias em uma temperatura que varia 2 a 8 graus Celsius. Para conseguir tal efeito, a invenção possui três partes, explica Broadway.

A primeira é uma mochila, que armazena as vacinas; a segunda é uma unidade de refrigeração; e a terceira parte é um queimador de gás propano, fonte de energia térmica presente em alguns fogões.

A unidade de refrigeração foi baseada em um sistema desenvolvido por Albert Einstein e com patente publicada em 1930. Usando água e amônia, é possível gerar refrigeração por meio da absorção de vapores – um processo que foi esquecido com a chegada dos refrigeradores elétricos.

Amônia e água são aquecidos em uma câmara de baixa pressão, por meio de energia térmica. A amônia é separada da água por meio desse processo e seu vapor é capturado dentro de uma câmara superior à original. Uma válvula é acionada quando a unidade precisa de refrigeração, unindo câmara superior e original. A amônia em forma de gás se mistura com a água, gerando um efeito de resfriamento.

A unidade de refrigeração da Isobar pode ser recarregada por eletricidade; o queimador de gás propano é usado em situações emergenciais, quando não há uma fonte elétrica disponível. Carregando de forma elétrica, a unidade é refrigerada por até seis dias; as reservas de propano podem ser recarregadas até chegar a 30 dias possíveis de uso, por padrões de segurança internacionais.

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Futuro

Neste mês, a solução que o estudante desenvolveu ganhou reconhecimento: a Isobar foi um dos vencedores do James Dyson Award, uma premiação americana para a “próxima geração de desenhistas industriais.”

A divulgação do projeto de Broadway após o prêmio chegou até o fundador da Microsoft, Bill Gates. Em um post na sua página do Facebook, ele diz que “ama histórias como essa” e ressalta como “a invenção desse estudante pode salvar milhões de vidas.”

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Broadway tem como plano usar o prêmio financeiro do James Dyson Award – 2 mil libras esterlinas, ou cerca de 8,5 mil reais – para gerenciar a produção de mais unidades da Isobar. Além disso, conta com o suporte da sua universidade e pretende procurar ONGs para financiar o projeto, como a própria Bill & Melinda Gates Foundation.

Mesmo assim, não pretende lucrar com a ideia - tanto que ele não patenteará o negócio, segundo a BBC. O objetivo é que a Isobar seja o mais acessível possível aos países que precisem da mini geladeira.

“Eu projeto todos os dias coisas para pessoas que têm tudo”, conta o inventor ao veículo. “Eu queria fazer algo para aqueles que não têm quase nada. Deveria ser um direito humano básico, na minha opinião, ter acesso à vacinação.”

O estudante conta que vê mais usos para a Isobar. Além do deslocamento seguro de vacinas, a invenção poderia ser usada para transportar órgãos e sangue destinados à doação, segundo Broadway.

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