Nova Casa Alice, da healthtech Alice, no bairro de Moema, em São Paulo | Foto: Divulgação (Alice/Divulgação)
Marcelo Sakate
Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 10h13.
Última atualização em 8 de fevereiro de 2022 às 13h45.
Com crescimento acelerado e capitalizada depois da última rodada de captação de recursos no fim de 2021, a healthtech Alice inaugura nesta terça-feira, dia 1º de fevereiro, a sua segunda unidade física dedicada a atender os seus clientes. A nova Casa Alice, como é chamada, fica no bairro de Moema, na zona sul da cidade de São Paulo.
A Alice foi fundada há menos de dois anos e é especializada em gestão de saúde no modelo de resultados para o paciente, conhecido como value-based health care em inglês.
Chegou em janeiro à marca de 7.000 clientes -- ou membros, como prefere chamar --, o que representa um crescimento da ordem de 40% em apenas dois meses, na comparação com novembro.
“É importante que cuidar da saúde deixe de ser um evento esporádico, que gera ansiedade, e se torne um ato cotidiano que pode gerar prazer. O papel da Casa Alice é materializar isso, trazendo um espaço que gere sentimentos positivos e onde as pessoas se sintam em casa”, disse Guilherme Azevedo, co-fundador da healthtech.
Em dezembro, a Alice anunciou um aporte de 127 milhões de dólares (cerca de 730 milhões de reais ao câmbio da época) em uma rodada Series C liderada pelo SoftBank e acompanhada por outros investidores.
Foi o maior valor já recebido por uma healthtech da América Latina, evidenciando não só o potencial de disrupção do mercado de saúde como o potencial de crescimento da Alice na visão dos investidores.
A Casa Alice tem relevância estratégica dentro do modelo de negócios e da proposta de valor e atendimento da healthtech. Foi projetada com espaços que não se parecem com consultórios e laboratórios tradicionais, o que torna consultas presenciais e exames uma experiência diferente da habitualmente oferecida.
“Sabemos que, para muitas pessoas, o momento de ir ao médico ou realizar um exame gera ansiedade ou até mesmo medo”, disse Azevedo. “Por essa razão procuramos reinventar a forma como fazemos isso na Casa Alice. Faz parte do nosso DNA recriar o que não está bom para que fique melhor, colocando a pessoa no centro.”
Na clínica são realizados procedimentos como exames laboratoriais, colocação de DIU, papanicolau e avaliação física presencial, além de cirurgias de infiltração de joelho e ombro, colposcopia e biópsia de pele, entre outros. A Casa Alice Moema pode ser utilizada por todos os membros da healthtech, independentemente do plano.
O novo espaço, projetado pela ACR Arquitetura, com participação do Noak Studio, conta com 11 salas para atendimentos, coletas e procedimentos, área de alimentação, rede e terraço coberto, no qual os pacientes podem descansar ou trabalhar, por exemplo. A casa abre neste mês em modelo de soft opening, com horário e atendimento reduzido, e deve ampliar a agenda em março.
A primeira unidade da Casa Alice fica na avenida Rebouças, na zona oeste de São Paulo. Outras unidades estão previstas para serem inauguradas até o fim do ano.
O modelo de value-based heath care é adotado de forma ampla nos Estados Unidos. A tese é que o sistema de saúde deve considerar a qualidade do serviço prestado ao paciente e o resultado de melhora de saúde, de modo a melhorar a eficácia do uso dos recursos.
Isso significa que tanto a rede de parceiros como hospitais e clínicas e médicos especialistas são remunerados com base em indicadores que mostrem a evolução da saúde e do bem-estar do paciente, e não em número de procedimentos.
São indicadores como taxa de complicação, taxa de infecção da cirurgia, tempo da cirurgia e até a melhora do Índice de Massa Corporal, entre outros. Ou seja, o objetivo é fazer uso de incentivos que reflitam a melhora na saúde.
O modelo da Alice tem foco na atenção primária, como é chamado o contato inicial com o paciente. Um time de saúde formado por médico, enfermeiro, preparador físico e nutricionista responde pelo acompanhamento de cada membro da healthtech ao longo de sua jornada. Indicadores qualitativos atestam a eficácia do modelo.