Ex-bancário transforma rescisão em um negócio de R$ 18 milhões
Raniery Queiroz foi demitido do banco em que trabalhava. Então, uniu seu conhecimento no ramo com suas reservas para abrir um negócio próprio.
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Mariana Fonseca
Publicado em 13 de janeiro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 20 de abril de 2017 às 19h21.
São Paulo - Um investimento polpudo não garante um negócio de sucesso . Da mesma forma que grandes investimentos podem evaporar diante de uma má gestão, empreendimentos com pouco capital inicial podem acabar dando muito certo.
Esse segundo caso resume bem a trajetória do empreendedor Raniery Queiroz: ele começou seu negócio com 20 mil reais - o dinheiro de sua rescisão, logo após ter sido demitido do seu cargo de gerente de banco. Com um bom conhecimento da concorrência e de quais diferenciais poderia trazer, seu pequeno escritório deslanchou.
Assim nasceu a MTCred: uma rede de pequenos escritórios de crédito consignado (empréstimo descontado diretamente da folha de pagamentos da pessoa física).
Só no ano passado, o negócio faturou 18 milhões de reais - e, para o ano que vem, quer dobrar o faturamento e chegar a 100 unidades.
Demissão, mudança de vida e diferenciais
Queiroz trabalhou durante dez anos no setor bancário, em agências de Cuiabá (Mato Grosso). Porém, em 2008, a filial onde trabalhava fechou - e ele perdeu o emprego de gerente. “Tinha de buscar algo para fazer, e não queria mais voltar para as grandes redes de bancos. Acabei virando empreendedor por essa pressão mesmo”, conta.
O ex-bancário pensou nas habilidades que havia adquirido na carreira, e optou abrir um empreendimento na área de crédito consignado - com a qual havia trabalhado por um ano. O investimento inicial de 20 mil reais, vindo da rescisão do seu último emprego.
“Usei o dinheiro para montar a estrutura do meu escritório, em julho de 2008. Em seis meses, éramos o principal agente pequeno de crédito consignado do estado”, diz Queiroz.
Segundo o empreendedor, sua experiência em grandes bancos foi fundamental para fazer o empreendimento, chamado de MTCred, destacar-se no meio da concorrência.
“No lado das pequenas empresas, havia um mercado amador, formado por gente não profissionalizada e sem estrutura para expandir, por exemplo. Viemos com a proposta de realmente ter uma empresa organizada, com fluxo de caixa, processos e setores bem definidos”, defende Queiroz.
Ao mesmo tempo, o negócio tem um custo menor do que os grandes bancos e, assim, pode oferecer taxas mais atrativas - e um melhor atendimento, segundo o empreendedor
“A gente consegue oferecer os mesmos serviços dos bancos, só que com mais personalização. Eu atendo o cliente em casa, de forma remota e fora do expediente, por exemplo. No começo tínhamos uma jornada de 14 a 15 horas por dia, para realmente fazer acontecer.”
A taxa cobrada pela MTCred para o crédito consignado começa em 1,70% ao mês. Segundo a empresa, a média praticada pelo mercado é de 2,34%.
Reestruturação e expansão
Com isso, a MTCred chegou a ter 35 unidades próprias em 15 estados, por meio de parcerias concentradas em alguns sócios regionais. Porém, os planos não foram como esperado e algumas lojas não tinham uma boa operação.
“Percebemos que o nosso negócio depende muito do cuidado do dono: é preciso prospectar ativamente os clientes e mostrar segurança, já que lidamos com crédito e dinheiro. Com os sócios, a gestão se perde um pouco: eles têm várias unidades e não podem estar todos os dias em todas”, explica Queiroz.
Por isso, em 2011 a empresa adotou um outro modelo de expansão, focado em ter donos mais presentes: o franqueamento. Hoje, a MTCred possui 6 lojas próprias e 24 unidades franqueadas. “A intenção, em longo prazo, é ficar só com a loja-matriz e transformar o resto em franquias."
A reestruturação do negócio, aliada à busca de brasileiros pelo crédito em anos de crise econômica, trouxe frutos ao negócio. No ano passado, a MTCred faturou 18 milhões de reais, e vendeu 156 milhões em crédito.
Unidade da MTCred, escritório de atendimento (MTCred)
Planos para 2017
Falando em crise, o negócio também resolveu aproveitar não só a procura dos consumidores finais, mas também a de potenciais franquados. Por isso, lançará neste ano o modelo de franquias Smart, que operam em “home office” (trabalho de casa).
“É um modelo feito para esse momento de crise, visando profissionais que não conseguem recolocação no mercado e não podem investir em um ponto comercial. Não é preciso ter experiência em crédito, pois fonecemos os materiais de treinamento e o suporte ao longo da operação; mas uma qualidade desejável é ser comercial, saber como vender”, diz Queiroz.
Com isso, a MTCred espera chegar a 100 franquias até o fim de 2017. Isso geraria um faturamento anual de 36 milhões de reais e cerca de 300 milhões de vendas em crédito.
Loja
Investimento inicial: 60 mil reais
Prazo de retorno: 8 a 10 meses
Smart
Investimento: 15 mil reais
Prazo de retorno: 6 meses