Caloi 10 restaurada: Rodrigo começou a restaurar como um serviço quando trabalhou com uma bike do mesmo modelo (Raquel Espírito Santo/Divulgação Studio Vila)
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2015 às 17h24.
São Paulo - A porta de entrada do então designer de revistas Rodrigo Villas, 31 anos, para o mundo do empreendedorismo surgiu quando ele jogava futebol com os amigos, em uma conversa informal. "Acabei falando sobre como abandonamos algumas das bicicletas urbanas mais incríveis que já foram fabricadas no Brasil por estilos como mountain bikes", conta. Um amigo de Villas, então, propôs um desafio: restaurar uma Caloi 10.
O empreendedor encontrou obstáculos após aceitar a proposta, em 2013, mesmo já cuidando da sua própria bicicleta. "Eu comecei a mexer com bicicletas em 2010, mas nunca tinha feito isso como serviço. Eu sempre ia de bicicleta para o trabalho, então mudava alguma coisa, pintava. Foi com o tempo que fui descobrindo o que dava pra fazer", conta Villas, que cita a Monaco como a bike que deu origem às suas pesquisas.
O desafio com a Caloi 10 abriu as portas para pedidos de outros conhecidos. Com o tempo, ele aprendeu, na tentativa e erro, como restaurar bicicletas e como encontrar fornecedores e parceiros. Há dois anos, ele decidiu largar seu emprego de vez para se dedicar à restauração e estilização de bikes: nasceu o Studio Vila, uma oficina no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
A ideia era dar vida nova a uma bicicleta com um preço que cabe no bolso de um ciclista. O cliente típico da empresa é o que tem uma magrela encostada na garagem e não quer se desfazer dela por razões emocionais e porque valoriza o investimento.
"As bicicletas antigas e restauradas, muitas vezes, têm qualidade melhor que uma opção que está à venda hoje. Sem falar na vantagem de escolher cores e acessórios em vez de pagar por um combo", avalia o empreendedor. "Restauro bicicletas antigas, mas com um samba para cada uma".
O estúdio já fez 40 bicicletas, sendo que 36 delas foram feitas sob demanda. As outras são magrelas que o empreendedor gostaria de ter, projetos que ele monta e vende. Villas faz atualmente de seis a sete bicicletas por mês, mas a meta é chegar a 10.
As bicicletas que estão à venda custam a partir de 2 mil reais. Já as sob demanda têm um preço muito variável. "É impossível falar em um preço médio ou um preço de tabela. Cada projeto é um e cada bike tem um ponto de partida. O importante é dizer que são projetos acessíveis", diz.
A restauração da bicicleta sempre está presente, mas alguns clientes pedem algo que faça a magrela ser única. Esse é o caso de empreendedores: pessoas que têm um negócio e precisam de uma bike para transporte, uma bike shop ou mesmo uma vitrine móvel. Villas desenvolveu um triciclo para a sorveteria Frida & Mina, por exemplo.
Os três tipos de bicicletas que mais fazem sucesso são as comerciais, as femininas (Caloi Ceci e Monark Brisa) e as "bicicletas dos nossos pais" (Caloi 10 e Monark 10).
Com as pessoas cada vez mais se acostumando a usar bikes, o negócio de Villas tem espaço para crescer. Aumenta o número de ciclistas nas ruas e as pessoas vão descobrindo alguma jóia em casa ou querem ter uma bicicleta que combine com sua personalidade, conta o empreendedor.
Para ele, no fim das contas, "não importa muito se você vai pedalar só no fim de semana ou todos os dias: mais cedo ou mais tarde sua relação com a cidade e até sua percepção do mundo muda quando você anda de bicicleta. As pessoas têm que ir pra rua e saber que a gente tem um tesouro escondido no porão de casa".