Eles sobreviveram ao declínio das paletas e hoje faturam R$ 2 mi
Empreendedores conseguiram manter sua paleteria viva e agora apostam em negócio focado na moda dos doces na taça.
Mariana Desidério
Publicado em 28 de novembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 28 de novembro de 2017 às 06h00.
São Paulo – Investir em um negócio da moda é vantajoso enquanto o empreendedor consegue faturar com a novidade. Mas, e quando a moda acaba?
Os sócios Werickson Costa, de 29 anos, e Lucas Paixão,de 25 anos, se depararam com esse dilema alguns anos atrás, quando viram despencar o faturamento de sua paleteria (sorveteria focada em picolés feitos de frutas frescas), instalada em Santo André (SP).
“Pegamos a moda das paletas quando o mercado estava saturado. Depois, quando o verão acabou tivemos um baque. O movimento caiu 70%, de 100 mil por mês, chegamos a faturar 30 mil”, lembra Costa , que além de sócio é cunhado de Paixão.
O jeito foi se mexer. Eles decidiram levar outros tipos de sobremesas para a loja, dentre elas as chamadas “taças extravagantes” – doces servidos em taças lambusadas e decoradas.
Novo negócio
A solução levantou o faturamento da paleteria e gerou uma ideia para outro negócio: uma doceria que vendesse as tais taças, mas também oferecesse salgados e bebidas quentes. Nascia assim a cafeteria Mansion XV, instalada no Tatuapé, zona leste de São Paulo.
Com um ano de funcionamento, a nova loja chegou a R$ 2 milhões em faturamento e começou recentemente sua expansão via franchising.
No entanto, o início não foi tão simples. Com cerca de R$ 200 mil do próprio bolso para investir, os sócios perceberam que o negócio exigiria muito mais dinheiro para ficar de pé, e tiveram que pegar um empréstimo de mais R$ 200 mil.
Na hora e abrir as portas, não tinham recursos para o capital de giro. “Abrimos com 22 reais na conta, meio na loucura. Pegamos o cartão da minha mãe e da minha irmã e fizemos a compra do primeiro estoque”, conta.
A sorte da dupla foi que a casa fez sucesso logo na primeira semana e conseguiu levantar caixa.
Febre passageira?
Esse resultado, porém, leva a uma pergunta: a febre das taças não estaria fadada a morrer, assim como aconteceu com as paletas?
Costa acredita que não. “Elas estão no mercado há mais tempo, desde 2012. E têm mais durabilidade porque permitem usar mais a criatividade. Mas temos algumas cartas na manga, caso essa tendência passe”, afirma.
A experiência com a paleteria em Santo André – que continua aberta e dando lucro, inclusive – fez com que os sócios se mantivessem atentos às movimentações do mercado. “Estamos sempre pensando em novos produtos. No inverno decidimos oferecer foundue e foi um sucesso”.
Outra experiência que está ajudando a dupla a gerenciar a Mansion XV foi no setor de franquias. Costa lembra que já teve uma franquia de serviços e não recebeu o suporte necessário da franqueadora. “Por um lado foi ótimo ter tido essa experiência, porque sabemos melhor as necessidades de um franqueado”, afirma.
“Lembro que quando eu estava nessa franquia, fizemos uma reunião e um franqueado falou: ‘Me venderam o sonho de comprar um Sonata por mês e eu estou devendo um Fusquinha’. Eu não quero que isso aconteça com os nossos franqueados”, afirma o empreendedor.
Números
Uma das formas que a marca encontrou para facilitar a vida do franqueado está nas bases de sabor usadas nos doces. A marca usa oito bases de sabor para fazer até 40 doces diferentes. “Com isso, temos um lucro líquido maior que a média, e nosso desperdício é quase zero”, garante o franqueador.
Atualmente, a marca tem apenas uma loja própria, e está abrindo uma segunda unidade em Moema (zona sul de São Paulo). Há negociações em curso para a abertura de duas unidades franqueadas.
Quem tiver interesse em abrir uma loja da Mansion XV precisa estar preparado para desembolsar 350 mil reais. O faturamento médio mensal esperado é de 90 mil a 100 mil reais e o lucro fica entre 17% e 22% desse valor.
Vale lembrar que antes de investir em qualquer franquia é importante que o empreendedor estude o modelo de negócio e os números apresentados pelo franqueador, além de entrar em contato com outros franqueados da marca. Em caso de franquias que ainda não têm franqueados, vale buscar ajuda em entidades como a ABF (Associação Brasileira de Franchising).