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Ele investiu em um setor em crise — e já faturou R$ 45 milhões em 3 meses

Empresário catarinense comprou a ticketeira Ingresso Nacional, que tinha milhões em dívidas. Com retomada do setor, já faturou R$ 45 milhões em 3 meses

O empreendedor Robson Ravache, presidente da Ingresso Nacional, ticketeira que deve faturar R$ 300 milhões em 2022 (Ingresso Nacional/Divulgação)

O empreendedor Robson Ravache, presidente da Ingresso Nacional, ticketeira que deve faturar R$ 300 milhões em 2022 (Ingresso Nacional/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 4 de janeiro de 2022 às 08h00.

Última atualização em 5 de janeiro de 2022 às 10h07.

No início de 2021, auge da segunda onda da covid-19, o empresário catarinense Robson Ravache, viu uma oportunidade em um dos segmentos mais impactados pela pandemia: o de eventos. O setor ficou praticamente parado por mais de um ano e muitas empresas entraram em dificuldades. Uma delas foi a ticketeira Ingresso Nacional, que atua principalmente no Sul do país.

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Ravache se interessou pelo setor e assumiu o negócio, que tinha 6 milhões em dívidas. De lá para cá investiu mais 22 milhões na empresa. Enquanto o setor lidava com as dificuldades financeiras causadas pela falta de eventos, o empresário investiu dinheiro “novo” na empresa, colocando a Ingresso Nacional no eixo para quando a retomada chegasse. “Minha visão era de que uma hora esse mercado voltaria à normalidade e viria uma demanda reprimida. Comprei em março de 2021 e vim estruturando o  negócio”, diz.

O segmento era totalmente novo para Ravache. Mas o empresário tem um histórico de entrar em negócios de setores diferentes. Natural de Barra Velha (SC), ele começou a vida de empresário no setor imobiliário, com loteamentos. Em 2016, abriu uma empresa de importação de scooters, patinetes e bicicletas elétricos. Algum tempo depois, passou a atuar também na venda de dermocosméticos.

Para prosperar no setor de eventos, o empresário se baseia em uma equipe experiente. “Criei um comitê de aprovações e consulto essas pessoas antes de tomar minhas decisões. Tenho que aprender com quem é mais experiente do que eu”, diz o empresário de 32 anos.

400 problemas por dia

Em pouco mais que nove meses à frente do negócio, Ravache precisou enfrentar um desafio e tanto: a remarcação de eventos que haviam sido cancelados. “Tínhamos 300, 400 demandas por dia, era um público de cerca de 150 mil pessoas com eventos adiados. Muitas vezes eu mesmo fui fazer o atendimento para entender como podíamos melhorar. Em minhas outras empresas eu tenho, um, dois problemas por dia. Ter que lidar com 300 problemas no dia foi um grande desafio”, diz.

Para dar conta da demanda, a Ingresso Nacional precisou montar uma equipe e investir em tecnologia. Desenvolveu um chatbot e investiu em um sistema próprio para garantir atendimento ágil e humanizado. Uma das funcionalidades criadas no sistema da ticketeira foi a possibilidade de transferir o ingresso de um evento cancelado para outro evento, sem necessidade de cancelar aquela compra e fazer uma nova.

Passado o sufoco das remarcações, a Ingresso Nacional começou a retomar as vendas. O primeiro grande evento vendido na retomada foi a feira de agronegócio Expointer, que ocorreu em setembro de 2021 e vendeu mais de 2 milhões de reais em bilheteria. Hoje a Ingresso Nacional tem cerca de 550 eventos ativos no site simultaneamente, com uma média de 80 por final de semana. As vendas já estão em cerca de 1 milhão de reais em ingressos por dia.

Dentre os eventos mais procurados, segundo o empresário, estão shows de artistas voltados para um público mais velho, justamente o que ficou mais isolado por conta da covid. “As pessoas de mais idade estão querendo sair de casa e têm um poder aquisitivo maior”, afirma.

O resultado é que só no terceiro trimestre de 2021, a Ingresso Nacional faturou cerca de 45 milhões de reais. Para 2022, a expectativa é de receita acima de 300 milhões de reais. A meta é chegar a 1 bilhão de reais de faturamento até 2025. A Ingresso Nacional é hoje uma das cinco maiores ticketeiras do país, com força no Sul do país, além de estados como Mato Grosso do Sul e Paraíba.

De ticketeira a fintech

A meta do empresário agora é levar a Ingresso Nacional para o universo das fintechs. “A ideia é ter uma operação financeira para facilitar a vida do produtor, para que ele possa abrir uma conta com a gente e ter o dinheiro dele de forma mais imediata”, afirma.

A avaliação do empresário é que, passado auge da pandemia, o mercado de ticketeiras deve passar por um processo de consolidação, uma vez que muitas empresas ficaram em dificuldades financeiras após tanto tempo sem eventos. A boa notícia para quem ficar é que as mudanças de comportamento promovidas pela pandemia devem beneficiar o setor. Antes da covid, 50% dos ingressos eram vendidos pela internet e 50% em pontos físicos. Agora, a venda da Ingresso Nacional já é 80% online.

Outra boa notícia está na expectativa de demanda do setor. A Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) tem feito pesquisas que indicam a disposição do público para voltar a frequentar eventos. Em um levantamento realizado em outubro de 2021, 79% dos entrevistados disseram ter intenção de ir a eventos, sendo que 39% iriam “sem receio”.

“Há uma demanda reprimida grande, as pessoas querem aumentar o consumo de lazer. De outro lado, há o desafio da retomada de um setor que ficou 18 meses completamente parado e está desestruturado. O desafio é enfrentar uma demanda positiva com um setor debilitado”, afirma Doreni Caramori Junior, presidente da Abrape. O setor de eventos movimenta mais de 200 bilhões de reais anualmente, e realiza mais de 500 mil eventos ao ano.

 

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