Conheça a empresa que nem Elon Musk consegue salvar - segundo ele mesmo
O dono das gigantes Tesla e SpaceX poderia consertar o serviço de cinema por assinatura MoviePass? Sua resposta: "Não."
Mariana Fonseca
Publicado em 4 de agosto de 2018 às 12h33.
São Paulo - O bilionário Elon Musk desafiou o possível diversas vezes. Além de criar empresas que prometem desde um carro elétrico para as massas (a Tesla) até a colonização do planeta Marte (a SpaceX), ele já lançou produtos como lança-chamas, pranchas de surfe e até tentou ajudar as crianças presas em uma caverna na Tailândia. Suas atitudes desbocadas dos últimos tempos levaram a um pedido de desculpas - e as ações da Tesla voltaram a colar nos 350 dólares por ação nos últimos dois dias, valor que só havia sido visto há mais de um mês.
Mas, aparentemente, o bilionário reconhece que alguns desafios estão acima de sua capacidade. No Twitter, o repórter do BuzzFeed Samir Mezrahi perguntou se o bilionário poderia consertar uma startup que vive uma montanha-russa há bons meses: o serviço de cinema por assinatura MoviePass, que inclusive planeja sua expansão para o Brasil em 2019. A resposta de Musk foi contundente: "Não."
Os altos e baixos da MoviePass
Com mais de 2 milhões de assinantes nos Estados Unidos, a MoviePass é um serviço que se autointitula a próxima “ Netflix dos cinemas”. Hoje, custa 14,95 dólares por mês e permite aos seus usuários verem um filme por dia. A mudança de preço aconteceu nesta semana: antigamente, o serviço era ainda mais barato, por uma mensalidade de 9,95 dólares.
Mesmo assim, o valor atual é pouco mais do que o de um único ingresso para o cinema americano. A MoviePass pratica uma assinatura que parece boa demais para ser verdade – uma tática comum em negócios nascentes. A ideia é usar os recursos captados com investidores para diminuir a barreira de entrada dos clientes. Com mensalidades baratas, o volume de usuários cresce vertiginosamente (e a concorrência quebra).
A startup pode, então, usar o grande volume de receitas para cobrir lentamente seus custos, negociando parcerias com menor custo por cliente e aumentando gradualmente a mensalidade. Com o tempo, a margem de lucro se expande – e a startup se torna um negócio saudável.
O custo-benefício atraiu tantos interessados que a MoviePass quer expandir para a Europa e para a América Latina (incluindo o Brasil). “Em cinco anos, representaremos 30% de toda bilheteria nos Estados Unidos", afirmou o CEO Mitch Lowe a EXAME em maio deste ano. Porém, a MoviePass já enfrentou poucas e boas aplicando a estratégia, como é possível conferir na matéria abaixo:
Mais especificamente, as últimas duas semanas tem sido um inferno para a startup - o que motivou o comentário contundente de Elon Musk. O negócio teve de pedir cinco milhões de dólares emprestados para colocar seu aplicativo de volta ao ar - derrubado por, possivelmente, falta de dinheiro para sustentar as idas de seus usuários aos cinemas. Mesmo com a volta, clientes reclamaram que o hit "Missão Impossível: Efeito Fallout" não estava disponível no app.
Após mais uma interrupção nos serviços da MoviePass no sábado e domingo da semana passada, a MoviePass ressurgiu na segunda-feira com um novo modelo de negócio: a assinatura mais cara e a proibição de blockbusters na plataforma. Na última quinta, postou o comunicado " Nós ainda estamos de pé. ". A sexta-feira, porém, seria de mais decepções.
Ontem, as ações da empresa-mãe da MoviePass, a Helios and Matheson Analytics, eram comercializadas a 7 centavos de dólar, um recorde negativo para a companhia. A Helios corre o risco de sair das listadas pela bolsa americana Nasdaq, enquanto sua filha MoviePass sofre com a concorrência cada vez maior de outros serviços de cinema por assinatura, como MoviePass e Sinemia. Em um drama digno de Oscar, nem mesmo Musk quer um papel na trama.