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Como o tabu do “cheiro de banheiro” virou um negócio de R$ 22 milhões

FreeCô lançou novas versões de aromas, formatos voltados a escritórios e lenços umedecidos, que já venderam milhões de unidades

 (FreeCô/Divulgação)

(FreeCô/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 27 de junho de 2020 às 08h00.

Última atualização em 27 de junho de 2020 às 11h57.

Um produto criado para resolver cheiros desagradáveis virou um negócio milionário. A FreeCô foi criada pelos sócios-fundadores Rafael Nasser e Renato Radomysler e é o primeiro bloqueador de odores do mercado brasileiro, voltado para eliminar o cheiro do “número 2”. A promessa é que cinco borrifadas no vaso sanitário são o suficiente para eliminar esse problema.

A companhia lançou novas versões de aromas, formatos voltados a escritórios e lenços umedecidos. Com faturamento de 22 milhões de reais no ano passado, a perspectiva é chegar a 30 milhões este ano -- mesmo com a pandemia, todos seguimos indo ao banheiro, afinal de contas. 

Rafael Nasser e Renato Radomysler trabalhavam em uma empresa de marketing olfativo. Ou seja, desenvolviam aromas personalizados para lojas, hospitais e empresas. Enquanto desenvolviam esses perfumes, os empreendedores entenderam que os brasileiros são muito preocupados com odores corporais. Enxágue bucal, perfumes, sabonetes íntimos e desodorantes, até para os pés, são produtos muito mais consumidos por aqui. Mas havia um cheiro que ainda não tinha solução: o do banheiro.

"É um cheiro que incomoda tanto ao ponto de ninguém nem querer falar sobre isso. Essa vergonha de ir ao banheiro pode causar problemas físicos, como prisão de ventre, e até problemas psicológicos", diz Nasser. O investimento inicial na FreeCô foi de 2 milhões de reais.

Ao contrário de outros aromatizantes de banheiro, que apenas espalham um cheiro mais agradável, o FreeCô usa óleos essenciais naturais para criar uma camada bloqueadora e matar as bactérias causadoras do mau cheiro. O produto original, que representa cerca de 60% das vendas, é totalmente natural, sem outros insumos químicos adicionados, com óleos de cravo, canela e capim cidreira. Há ainda outros lançamentos, como os aromas Tutti Frutti e Lavanda, que têm perfumes adicionados.

Se com a empresa de marketing digital os empreendedores têm um negócio B2C, ou seja, com venda para empresas, com o FreeCô eles cuidam de toda a cadeia, do desenvolvimento do produto, fabricação, por uma indústria terceirizada, e distribuição no varejo, ao consumidor final.  As duas empresas, de marketing olfativo e a FreeCô, estão sob o guarda chuva do grupo Higya.

Um dos maiores desafios da empresa foi justamente falar sobre ela. O assunto é um grande tabu e, por isso, a comunicação precisava ser leve e divertida. A FreeCô contratou influenciadores para iniciar a conversa, como a jornalista JoutJout.

Inicialmente apenas como uma venda online, a empresa está presente em lojas do grupo Pão de Açúcar e Carrefour, farmácias como RD e DPSP e em lojas de materiais de escritório - essas últimas, com uma demanda surpreendente. 

Empresas começaram a comprar o produto para deixar nos banheiros dos escritórios, para oferecer mais conforto aos funcionários. Pensando nisso, a FreeCô criou uma versão de dispenser ativada pelo pé, própria para banheiros corporativos, já que não é necessário nem segurar no frasco. 

O produto mais recente são os lenços Free Wipes, lançados em setembro do ano passado. Os lenços servem para limpar as mãos e superfícies, como o assento do vaso. Além das essências presentes no FreeCô, também tem álcool para limpeza e ação hidratante, para não prejudicar as mãos.

O Free Wipes tinha cerca de 10 mil unidades vendidas por mês até fevereiro de 2020. Após o primeiro caso confirmado do coronavírus no Brasil, as vendas dispararam. Entre março e maio, a demanda foi de 3 milhões de unidades. Pelo e-commerce próprio da marca a contagem subiu de 665 unidades em fevereiro para 11.872 por mês até o momento. 

Com o boom do Free Wipes, o FreeCô, bloqueador de odores, também manteve seu crescimento em março desse ano, início da pandemia, somando um aumento de 12%. Em abril, houve uma queda devido ao estoque de produtos que as pessoas fizeram no mês anterior, voltando ao patamar de crescimento em maio, chegando a 13% e com expectativa de crescer 25% em junho.

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